O meu querido mês de Agosto.
O uso do pronominal possessivo “meu” é que o Velopata não entende.
Primeiro é a invasão dos estrangeiros lá de fora; cámones, bifes, ze germans e avecs, seguindo-se em catadupa a versão genéticamente alterada que são os nossos imigrantes.
Por último invadem os estrangeiros do norte do país; alfacinhas, tripeiros e restante saloiada geral.
É então que o reino alcatroado algarvio se vê inundado de enlatados de todas as formas e feitios, transformando certas estradas que já de si eram perigosas de pedalar, em autênticos desafios de sobrevivência que até aquele alucinado do Bear Grylls hesitaria antes de realizar lá um daqueles seus programas no extremo das condições de vida e coiso.
Com Agosto lançado, dá-se a entrada em cena do flagelo climatérico-eucaliptal que todos os anos surpreende bichos humanos portugueses, a sua chegada coincidindo com os picos de calor nos veraneantes meses.
Os incêndios.
Merda mais os incêndios.
Como é que um país pode estar pronto para tal?
Ainda se os incêndios fossem de inverno e as inundações de verão… Assim os sistemas poderiam organizar-se.
Agora quem é que adivinha que zonas de vasto eucaliptal podem arder assim em meia dúzia de dias, no verão?
E assim fecundaram Monchique como quem fecunda mesmo e sem intenção de pagar Pensão de Alimentos.




Por entre tanta cinza, Agosto traz consigo uma lufada de ar fresco, A Volta.
A Octagésima Volta A Portugal Em Bicicleta.
Ou Volta A Portugal Em Biciclete, como se diz nos cerros algarvios.
“Pois o problema da nossa volta é que não tem piada nenhuma, não vem cá nenhuma equipa de jeito.”
Com aquele frase, o colega de métier velopático, que é semelhante ao Velopata pois também partilha uma simpatia pela prática velocipédica, difere na medida em que o moçe é maioritariamente Futebólopata e pior… Benficópata.
“Como assim não tem equipas de jeito?” – retorquiu o Velopata por entre garfadas no tofu fumado, salteado com cogumelos e salsa, sobre uma cama de noodles com molho de caril.
“Não tem equipas nenhumas de jeito… Lá de fora, quem é que vem este ano?” – continuou.
“A Caja Rural.”
“Sim, diz-me lá mais.”
“A Israel Cycling Academy.”
“Quem?”
“A Israel Cycling Academy. Até foram ao Giro este ano.”
“E mais?”
“Uai, mas para que quer a gente os estrangeiros? Isto é tipo os nossos ressabiados da elite nacional a ressabiar a sério para ver quem é o maior!” – tentou um Velopata justificar.
“Bah, isso assim ninguém vê. Eu quero é ver Skys e Treks…”
“Então diz-lhe lá uma coisa.” – interrompeu o Velopata; “Isso das Skys e Treks é tipo os Barcelonas e os Manchester Uniteds da bola, certo?”
“Sim pode dizer-se que sim.” – retorquiu.
“Tu vês jogos do campeonato nacional da bola, certo?” – o Velopata já engrenava a mudança para o ataque em FTP máximo.
“Hã? Que pergunta é essa? Claro que vejo todos os jogos do Glorioso.”
“Uai, mas onde estão o Barcelona e o Manchester United no campeonato nacional?”
“Hã?”
Pois.
Isso e os constantes civis questionando se o Velopata vai participar nA Volta este ano.
Quando confrontado com essa questão, neste ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de 2018, o Velopata decidiu começar a experimentar com várias respostas;
“Sim, se ele sobreviver ao prólogo em Setúbal, ele vai arrancar com o pelotão para a etapa que liga a Albufeira e a partir daí dependerá muito dos médicos do Hospital com Unidade de Cuidados Intensivos que o examinem no final da etapa e decidam quando poderá ele ter alta.”
Sobre esta 80ª Volta A Portugal Em Bicicleta, muito pouco há a escrever.
O Velopata só deseja contribuír como quem contribui mesmo, com uma ideia que pode beneficiar o espectáculo carocheiro que só A Volta proporciona.
Dividirem A Volta em duas.
Uma só para os corredores da W52-FCPorto.
Dá a ideia que uma corrida só entre aqueles moçes já seria espectáculo per se, qualquer enlicrado de coração com uma só cor; azul e branco, parece pronto a vencer.
E organizarem uma outra Volta para o resto do pelotão.
Mas o Velopata saúda e deseja votos de parabéns a Raúl Alarcón que voltou a levar o caneco para o estrangeiro do norte e dos galegos, não podendo ainda passar sem destaque a prestação do seu Auxiliar Carocheiro algarvio; Ricardo Mestre, que em muitas subidas mostrou como os algarvios também conseguem amandar discurso carocheiro quando o alcatrão empina a sério.
Mas nem era tanto isso que o Velopata almejava ver nA Volta.

Este é um pódio fraco, na humilde opinião velopática.
Assim não se convencem mais e mais moçes e moças a juntarem-se à causa velocipédica.
Todos sabem que as girls band como as Spice Girls, as Pussycat Dolls ou os D´ZRT, tendem a obedecer à regra que cada uma das moças deve representar diferentes padrões de estereótipos femininos.
Na foto daquele pódio…
Onde está a gorda?
Onde está a modelo escanzelada mais somali que os ciclistas?
Onde está a Caixa de Óculos? A sorriso de Linha Ferroviária?
Onde está a Badalhoca, por muitos também cognominada de Bicicleta da Volta?
Onde está aquela que veste mini-saias de cabedal, calçando daquelas botas de cabedal que com enormes saltos agulha e que ultrapassam a altura do joelho, com a bela da chibata na mão?
Parecem todas iguais e isso deixa um Velopata triste.
E pior, algumas até parecem aquelas que se podem procurar na internet como Barely Legal Teen. Cruzes Canhoto!
Para finalizar, o Velopata deixa ainda os mais sentidos parabéns a todo o pelotão que conseguiu sobreviver à semana e meia da nossa Volta, particularmente depois de atravessar o interior do nosso país com temperaturas ambientes a rondar as da fissão nuclear dos átomos. Excepção feita à Israel Cycling Academy que muito provavelmente achou o nosso verão lisonjeiro e ameno.
Pena mesmo é que a organização dA Volta tenha ficado convencida que estes eram atletas como os desse desporto menor da bola… Cancelando a subida à Mítica Torre.
E assim, A Volta nem aqueceu muito.
Onde este Agosto aqueceu e bem, foi em Pedrógão Grande mas, pelo menos, desta vez aqueceu por motivos diferentes.
Pediram a cabeça de Valdemar Alves, Presidente da Câmara de Pedrogão Grande.
Isto foi algo que deixou um Velopata sentido.
A sério que os portugueses estavam chocados por algum político meter ao bolso no meio daquela irreparável tragédia?
O Velopata até aposta que sabe como isto vai acabar.
Não vai.
Perdido por vazios corredores das Comarcas e Tribunais, o processo vai andar por ali engonhado até cair na olvidão pública.
Mas o visionamento da fora-de-série reportagem da TVI, Compadrio, deixou um Velopata com sabor a fel na boca e desta vez não era do horrendo vício tabagista.
Do que foi revelado na história televisiva, a única acusação que podem fazer a Valdemar Alves é a de ter recebido uma denúncia e nada feito. Zero. Bola. Nicles de averiguar népias.
Foram necessárias várias forças para um Velopata não chorar, afinal de contas ele acabava de descobrir como tudo aquilo fora conseguido; Vizinhos haviam passado a perna a Vizinhos.
O bicho humano sempre a mostrar o seu melhor.
VIZINHOS que cresceram, viram nascer e viver e morrer, provavelmente assistiram ao casamento de um e outro filho, aqui e ali aquela relação consanguínea, trapacearam os acessos aos subsídios para ter os seus barracos e palheiros construídos em antes das casas e vidas queimadas dOS SEUS VIZINHOS de gerações e gerações, mesmo depois de muito provavelmente terem assistido ao flagelo juntos e prestado até algum auxílio enquanto impotentes… OS SEUS VIZINHOS perdiam tudo.
Não deixa muita margem de manobra para pensar, certo?
A palavra a reter é… Vizinhos.
Daí o dilema velopático.
Meu querido mês de Agosto, não.
Nem querido mês de Agosto dele.
Talvez o tenha sido para os restantes membros da elite strávica do grandioso clube que é a Divisão Velopata, um mês de Agosto deste ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de 2018 que se revelou com agradáveis novidades.
Jersey Papa-Quilómetros
1º Professor Carochas – 4163,6 Km
2º Placas – 2460,4 Km
3º Nuno Rosado – 2257 Km
Com dados e observações in situ realizadas por montes e montanhas por esse mundo fora, não será desconhecido para nenhum dos mui queridos leitores, o facto de a altitude acarretar consigo problemas à sobrevivência humana, devendo-se esta principalmente à escassez do precioso gás que os bichos humanos tanto necessitam para a sua sobrevivência – o oxigénio.
Também conhecida como Hipobaropatia, esta maleita provocada pela baixa pressão parcial de oxigénio atmosférico que se regista à medida que a distância ao nível médio do mar aumenta, apresenta sintomas em tudo semelhantes à gripe, envenenamento por monóxido de carbono ou até uma valente ressaca que infelizmente não pode ser contornada recorrendo a uma refeição do McDonald´s, podendo evoluír sim para fadiga extrema, cefaleias e distúrbios do soninho recuperador bom.
“Mas Ó Velopata, porque nos estais pregando uma valente seca com essa história da maleita da montanha?” – questionará e com razão, o mui assertivo leitor.
Porque parece ser este o mal que acometeu Professor Carochas.
Findo o mês de Julho, onde o mais grande distribuidor de carochas de Biseu completou o granfondue da Serra da Estrela num bravo bravíssimo terceiro lugar do escalão Master C (Masters Cotas), a óbvia falta de oxigénio aliada às duras rampas que antecedem a chegada à mítica Torre, parecem ter feito sentir os seus efeitos ao nível da cadência do mesociclo do lactato cerebral de Professor Carochas, optando deliberadamente e no que indicava ser o pleno de suas funções psico-motoras, lançar-se num frenesim velocipédico tal que entre alcatrão e trilhos, conseguiu a proeza de cavalgar semanalmente quantias na ordem dos mil quilómetros.
Que não restem dúvidas ao mui querido leitor que Professor Carochas regressou da mítica Torre na Serra da Estrela com o FTP cerebral afectado; no passado mês de Julho, o Velopata escreveu que as classificações do mais grande clube strávico que é a Divisão Velopata não batiam certo, fruto do esquecimento velopático dos vossos registos na primeira semana desse mês por questões de vacances, no entanto, Professor Carochas reclamou como quem reclama mesmo, exigindo que as suas quilometragens fossem corrigidas e a verdade strávica reposta.
Se isto não é um claro sintoma de deficit oxigenado cerebral… Como poderia um Velopata praticar o nocturno soninho recuperador bom sabendo que apenas a prestação de Professor Carochas durante o mês de Julho estaria corrigida e a dos restantes ilustres membros do clube não?
Até porque mesmo que o Velopata fizesse esse apelo, que enviassem os vossos dados referentes às prestações daquela primeira semana de Julho, o Velopata já sabe o que ocorreria – ninguém lhe iria ligar patavina.

Alheios a todas estas questões de hipobaropatia, maleitas cerebrais e uma visão que lembra um Stevie Wonder velocipédico (toma e vai buscar!, Professor Carochas, afinal quem é que vê mal mesmo? vá ler como quem lê mesmo!), continuam a sua contenda Placas e Nuno Rosado, ocupando respectivamente os segundo e terceiro lugar da classificação dos que mais quilómetros embutem nas suas pernas.
Com o valor de quilometragem de ambos os dois somado, Placas e Nuno Rosado por pouco batem a alarvidade quilométrica de Professor Carochas.
“Ó Velopata, que factores poderão contribuir para essa diferença?” – é a óbvia pergunta seguinte do mui estimado leitor e que também o Velopata se colocou.
A resposta é, todavia, simples.
Os óculos de ciclismo.
E o seu posicionamento.
Professor Carochas é um exímio conhecedor do Código Deontológico Velominati, já Placas e Nuno Rosado…


Será necessário o Velopata lembrar aquele estudo da internet promovido por uma magazine velocipédica e patrocinado por uma marca de Óculos de Ciclismo, que provava que não saber colocar os óculos quando em repouso, implicava perdas na ordem dos 0,00005% no logaritmo do coeficiente termodinâmico do aero?
Jersey Carapau de Corrida
1º O Tiko – 31,2 km/h
2º Mini Pro Ressabiado – 30,6 Km/h
3º O Gajo Que Já Foi Prof – 30 Km/h
Na mais ressabiada das jerseys deste nosso mui estimado recanto strávico surgem as três primeiras grandes surpresas deste mês de Agosto do ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de 2018.
A primeira é a óbvia ausência de Comandante Batráquio, assim terminando um ciclo de cinco meses seguidos a espalhar carochas pelos membros do nosso mui querido clube mais activos na procura do nirvana ressabiado.
A segunda é óbviamente, a entrada assim de chofre, rompante e coiso, de um estreante por estas andanças ressabiadas que é o Tiko.
Ou Hélder Tiko Filipe.
Ou Helder Tiko Filipe.
Ou Helder Tiko Felipe.
Ou Hélder Tiko Felipe.
Que por via das dúvidas o Velopata abster-se-à de continuar a comentar; não vá o moçe pertencer à religião dos Helders ou Elders ou Ehlders e avaliando a foto abaixo, onde se pode rapidamente confirmar que aquela envergadura corporal aparenta ser bem maior que a velopática, o Velopata sabe que já foram muitas as amizades travadas pelas redes sociais que terminaram com alguém nas Urgências.

No decurso das suas longas pedaladas, o Velopata já muitas vezes deu por si a matutar no facto de parecer existir uma tendência para não ver Batráquios a pedalar pelos trilhos, mais não fosse apenas para desfrutar de um treino diferente.
São raros os que se aventuram fora do reino alcatroado e foi necessária a foto partilhada pelo Tiko, para se dar a epifania no cérebro velopático.
Imagine o mui criativo leitor que um Batráquio dá por si na mesma situação em que o Tiko se encontrava acima. Chegando a uma pequena ponte de madeira que aparenta ter passado tão bem ou melhor nos mesmos testes de segurança das pontes italianas, ladeada por água até onde o anfíbio olhar alcança.
O Batráquio era moçe e moça para deslargar ali mesmo a tuénináiner e se lançar à água para um treino de piscinas.
Ou então é apenas do pó que as provas de Bêtêtê alevantam e faz-lhes confusão nas brânquias e mucosas da pele.
Vê-se pouco batraquiame a sofrer no Bêtêtê.
Agora onde não falta gente a sofrer é na roda de Mini Pro Ressabiado, que começa a denotar uma tendência para eterno segundo e terceiro lugar do pelotão ressabiado do nosso mui amado clube, particularmente quando se atenta ao facto que os nossos queridos Pro Ressabiado e Chora-Meninas regressaram do estaleiro com vontade de querer, já diria o filósofo da bola Mantorras.

Que ambos os dois, Tiko e Mini Pro Ressabiado, o Velopata já suspeitava que se escrevia sobre moçes rápidos, não será certamente surpresa para ninguém.
O que dizer então do terceiro lugar deste mês de Agosto?
Outrora forte candidato na jersey Alucinado Diário, O Gajo Que Já Foi Prof muniu-se de uma Cannondale SuperSexy Evil e lançou-se no que terá sido um glorioso encarochamento de comparsas de pedalada amaricanos.
Mas teria de existir mais qualquer coisa, um externo factor qualquer, que de algum modo tenha contribuído para este claro evoluír ressabiado, e o Velopata lá foi á coscuvilhice.
A foto abaixo partilhada por O Gajo Que Já Foi Prof é bem esclarecedora;

Porque já dizia o ancestral ditado popular nepalês em alguns dias tu encontras a motivação, outros é a motivação que te encontra e vem faminta.
Jersey Cabra da Montanha
1º Professor Carochas – 55067 m
2º Placas – 28652 m
3º Calhau Rolante – 26885 m
Professor Carochas domina com uma novamente arrebatadora margem, restando aos restantes comuns mortais como Placas e um regressado às montanhosas lides Calhau Rolante, aguardar que os ares de Biseu contribuam para que as melhoras de Professor Carochas se processem rapidamente e os efeitos da deprivação de oxigénio em altitude cessem o seu nefasto efeito.
Placas tem sido um dos mais constantes nesta classificação dos que mais quilómetros de agonia e tortura auto-infligida e activamente procurada embutem, no que os comuns mortais denominam de Subidas.
E depois, Calhau Rolante partilhou isto.

E por momentos até não pareceu de todo uma má ideia, dotar os enlatados civis de desfibrilhadores e quiçá até estender a obrigatoriedade a Bicicletas de Ciclistas que vivam nas imediações de tão vil estrada como a encontrada por Calhau Rolante nas suas pedaladas pelas terras do estrangeiro lá de fora onde fabricam belos queijos com buracos.
Jersey Alucinado Diário
1º O Velopata – 89 voltas
2º Paulo Almeida – 63 voltas
3º David Matos – 49 voltas
ALELUIA MEUS IRMÃOS!
Finalmente o Velopata consegue um mais alto pódio neste querido clube por ele curado, pódio com um sabor ainda mais melódico que o recém-descoberto Salame de Alfarroba na Pastelaria Coelho, por ser a jersey pertencente aos que como ele dão o exemplo e sabem que a Bicicleta não mais é que só o melhor meio de transporte que o Bicho Humano inventará.
Com muito esforço strávico, o Velopata conseguiu registar as suas mais ínfimas pedaladas, permitindo-lhe destronar o incontestável campeão que marca a sua presença na mais commuter das jerseys desde Fevereiro, David Matos.
Estaria o moçe de vacances?
Novamente aquela sagaz capacidade de coscuvilhice velopatóide foi chamada ao trabalho, tendo o Velopata conseguido descortinar que há uma forte razão pela qual David Matos perdeu a liderança – quando não está a pedalar, David Matos vive desaustinado com a sua péssima opção para ascensores.

Não brinquem com isto.
Certa vez, o Velopata também ficou preso no ascensor.
Pelas 07:00 horas da madrugada.
Um sepulcral silêncio percorria a caixa de fósforos de seis andares onde o Velopata habita. Saído para um treino intenso e curto, o ascensor seguia a sua viagem para baixo quando…
BADUM!
Acometido de um fanico, o ascensor simplesmente ficou ali, suspenso na sua vida de electrodoméstico público e deixando Velopata e a Estrela Vermelha em posições pouco naturais, presos algures entre o segundo e o primeiro andar.
O tempo passou e o cérebro velopático, aprisionado em lugar tão inóspito para repousar a Estrela Vermelha, começou a trabalhar na sua sobrevivência, qual Bear Grylls urbano.
Um bidon com água e um outro com bebida isotónófílica deviam chegar para uns dias.
O pior seriam as barras energéticas, o chop-chop.
Como o treino se previa curto e intenso, seguiam apenas duas ou três nos bolsos traseiros da jersey.
E o Velopata começava já a equacionar o que fazer quando a comida se acabasse.
Como os grandes aventureiros de outrora, o Velopata teria de se contentar com o desmembramento de uma qualquer parte corporal que sacrificaria para servir de manjar.
A questão seria qual escolher; dedos, mãos ou pés, braços ou pernas?
Um moçe necessita destas coisas para pedalar.
Lá teria de marchar um outro naco, preferencialmente não essencial à prática do Ciclismo.
Porque não…
Um…
Testículo?
Com alguma sorte, o Velopata até sobreviveria e deixaria aquele ascensor do demo para trás, pedalando mais forte que nunca, como Aquele-Cujo-Nome-Não-Se-Diz.
A máscula voz de um Vizinho gritou do que aparentava ser o rés-do-chão;
“Está aí alguém preso?”
“Sim! Aleluia! Ele está preso sim!”
“Ele quem?”
“O Vel… Olhe, pode chamar o ascensor?”
“Chamar quem?”
“O elevador. Pode chamar o elevador? A ver se ele dá de si.” – explicou o Velopata.
O simpático Vizinho chamou o elevador que após dois ou três desengonçados soluços arrancou, salvando assim a vida deste vosso companheiro, palhaço e amigo do duro circo que é a vida do pedal, mas mais importante, salvando um dos seus testículos.
E salvando também o treino; o relógio digital do Garmin indicava que eram 07:03 da madrugada e afinal o Velopata poderia manter o itinerário velocipédico do dia.
Alheio a todos estes problemas de karma ascensorial, Paulo Almeida continua a amealhar pontos com presenças constantes no pódio e também a brindar-nos com formosas fotos das paisagens tripeiras (Alerta de Spoiler Velopático: esperem só até ver o que ele aprontou para Setembro!), o que leva o Velopata a pensar que montado numa Bicicleta tudo fica realmente mais bonito.
É que em ainda imberbe larva velocipédica de bicho humano na companhia dos progenitores enlatados, o Velopata visitou a Inbicta e sinceramente achou-a tão ou mais feia que Lisboa.
Cidades serão Cidades.
Aquilo é tudo igual.
Caixas de fósforos em monte, fragâncias indesejáveis na atmosfera, enlatados em monte e uma elevada concentração de bichos humanos por metro quadrado… Sinceramente não dá para um Velopata sequer tentar apreciar.
Mune-se Paulo Almeida de uma Bicicleta e uma máquina fotográfica e voilá.
As cidades até parecem… Vá, bonitos aglomerados humanos.

Podem deleitar-se com mais fotos, para além de textos bem esgalhados das aventuras deste moçe no alcatrão, disponíveis no seu blogue que se localiza aqui.
Jersey Melhor Batráquio
1º O Senhor Triatlo – 1282,4 Km
2º João Pedro Oliveira – 1235 Km
3ª Mad Fontinhas – 1139,1 Km
Nem é preciso o Velopata voltar a cascar mais – Comandante Batráquio esteve em modo offline durante este vosso querido mês de Agosto, enquanto O Senhor Triatlo consolidou a sua posição pelo segundo mês consecutivo com o coaxar mais alto para vençer o nenúfar mais fofinho.
“ÓÓÓÓÓ VELOPATA! Quem é o Senhor Triatlo?” – questionarão uns mui estupefactos leitores.
Calma mui almaridados seguidores, o Velopata permite-se-lhe a explicação.
O Senhor Triatlo é esta máquina.

“Porquê a mudança de nomenclatura?” – uns já mui descansados seguidores questionam.
Porque o Velopata descobriu e corroborou que é assim que o moçe é reconhecido nos pantanosos meandros do batraquiame.
Além de que em que estado de graça pode um Velopata pensar que se encontra, para vir para a praça pública internética chamar nomes a alguém… Fica a esperança que um dia, pelo menos é o que reza a lenda, que um outro Batráquio se alevantará e ocupará esse mito e posição que uma entidade como O Grande Batráquio carrega.
No que à classificação anfíbia do nosso clube respeita, Agosto ainda foi o mês que permitiu comprovar uma outra tendência que o Velopata já registou; sempre que um do dueto O Senhor Triatlo e Comandante Batráquio estão fora, um terceiro anfíbio sempre surge para ocupar o lugar vago – é a lei da selva no nenúfar.
Em segundo lugar deu-se um regresso de João Pedro Oliveira, batráquio aqui ouvisto pela última vez nas classificações de Abril, acompanhado sempre de perto pela nossa residente e habitué Mad Fontinhas.
Que é a Madalena Fontinhas, só que em mais cool.
Seguiam-se agora mais uns parágrafos com umas larachas sobre batráquios e o Velopata partilharia as respectivas fotos de João Pedro Oliveira e Mad Fontinhas, deslargando mais umas larachas.
O problema é que os resultados das coscuvilhices velopáticas, pouco ou nada retornaram.
Ambos os dois perfis é só fotos de praias, monumentos, comida, praia, mais comida, mais praia, algum running (correr, em português), mais praias e mais monumentos e mais ócio e coiso.
E um Velopata todo invejoso, certamente não vai aqui partilhar fotos dos que se afastam da incessante busca do nirvana velocipédico.
Jersey Lanterna Vermelha
O Bombeiro


Aqui e ali, O Bombeiro vai marcando uns pontinhos, umas quilometragens modestas, mas a pedalada está lá.
Por ser o vosso querido mês de Agosto, o Velopata decidiu abençoar aquele que ele reconhece como O Bombeiro do nosso adorado clube; sempre de sorriso simpática nas pedaladas, conhecido por sofrer gigantescas carochas atrás de carochas mas nunca virar a manete à palmatória, O Bombeiro é alguém de uma rigidez lateral inigualável nem pelo carbono de alto módulo.
Imaginem-se 5 dias seguidos sem dormir.
Só a comer barrinhas de energia, pacotitos de leite e bolachas maria, arriscando couro e pêlo.
Pode parecer um sonho, no caso do mui querido leitor equacionar a vida de um ganzado ou até um ultraciclista.
Para O Bombeiro foi apenas o pesadelo do incêndio de Monchique.
Jersey Melhor Macho Ressabiado
1º Rui Rodrigues
2º Rui Rodrigues
3º Rui Rodrigues
Ao início, o mui assertivo leitor pensará que o Velopata se enganou. Que carregou no CONTROL + C seguido do CONTROL + V vezes demais.
Para já, o Velopata partilha apenas uma foto de Rui Rodrigues, não querendo spoilar o a análise da jersey Crazy Ride, mas ficam com uma ideia de quem é este rijo moçe que parece uma versão velocipédica de um qualquer capanga de um qualquer vilão do Miami Vice.

SRMR significa Silk Road Mountain Race.
Mas já lá iremos.
Até porque certamente tudo o que é macho adepto de licra entre os 35 e os 45 anos já se encontra a salivar pela categoria que se segue e lembrem-se que quem diz isto é o Google.
Jersey Melhor Fêmea Ressabiada
1ª Ally Martins
2ª A Aprendiz de Ressabiada
3ª Lioness of Porches
Quando Ally Martins não venceu, provou o pódio num infindável número de provas de Bêtêtê; foi na Rota da Sardinha, na Maratona do Presunto, no Raid do Caracol, no XCO da Batata Doce, ela foi um abuso de distribuição carocheira em monte pelos trilhos algarvios e provas de nome dignas de um qualquer calendário World Tour.

Ao que o Velopata conseguiu apurar à hora de término desta publicação, Ally Martins prepara uma surpresa no seio da comunidade velocipédica amadora de fim de semana feminina, com uma participação no seu primeiro granfondue, já no próximo Setembro.
O grandfondue de Silves.
Imagine-se só, até organizado por um ilustre membro do nosso mais-que-tudo recanto strávico, Miguel Matias, outrora presença assídua aquando da Inception do nosso mui estimado clube mas que nos entretantos ganhou juízo, decidiu ir estudar, ver como são as estrangeiras lá do norte do país, estudar mais e terminar um curso superior.
Sempre é uma mais valia para Emp… Trabal… Colaborador de caixa registadora de um qualquer hipermercado.
Quem não terá achado piada nenhuma ao saber que Ally Martins prepara a sua incursão nos granfondues terá certamente sido a nossa campeona A Aprendiz de Ressabiada, que continua a ressabiar por trilhos e alcatrão algarvio enquanto se prepara para o frenesim de degustação carocheira que só o Granfondue de Tavira poderá proporcionar.

Talvez ambas as duas não consigam competir nas mesmas categorias; à semelhança dos pódios batráquios também as organizações dos granfondues dividem a maralha por categorias de idades e nunca se sabe a quais poderão pertencer as moças – Master B (Masters Boas), ou Master CB (Masters Cotas Boas).
E por muito que um Velopata tente, lá vem a rebarba à tona.
A Maldição Incinerária da Fóia.
5 noites assim baptizadas devido ao flagelo que tudo transforma em cinzas e escombros.
Um Burro.
Um amor incompreendido.
Ela foge para a Tailândia.
Ele sofre em silêncio, abandonado na Fóia.
Ela regressa e quando finalmente o visita, o que vêm os olhos dele?

Quem é que são os moçes?
Lioness of Porches finalmente regressa à Fóia, para visitar o amor que deixou para trás, sozinho sob o frio luar nas gélidas pedras que indicam que finalmente terminou aquele suplício de atingir o topo, acompanhada de moçes que o burro não conhece de lado nenhum?
Acometido da mais profunda desilusão, o Burro foi afogar as mágoas.
E não tem culpa de ter fumado um cigarrito numa bonita zona de eucaliptal, justamente ao lado de um esquecido por alguém jericã de gasolina com acendalhas cobrindo a tampa e deitado sobre uma cama de granadas e balas daquelas de Tancos.
E cinco dias depois, qualquer coração estava inconsolável.
A Natureza lá arranja maneira de se safar, os vizinhos dos que perderam tudo também se safarão e Lioness of Porches regressou ao reino algarvio tendo feito as pazes com o Burro pelo sacrifício de muitos e tudo está bem quando acaba bem.
Um querido mês de Agosto nada mau para as mui formosas fêmeas do nosso clube.
Jersey Crazy Ride
Rui Rodrigues – SRMR
A sigla significa Silk Road Mountain Race.
Em português soaria a algo como A Corrida Montanhosa da Rota da Seda.
Mil e quatrocentos quilómetros em autonomia de BTT ou Gravel.
1400 Km, OK?
Em autonomia, só podendo aceder ao que está disponível de igual modo para os cerca de 250 suicidas que responderam ao chamamento.
No Kirgistão.
Aquele simpático local do globo que até há bem pouco tempo desconhecíamos a existência até que um grupo de retardados mentais do Estado Islâmico assassinou a sangue-frio um casal de cicloturistas ocidentais.
A cereja no topo do bolo – parece que no Quirigistão certos locais são tão remotos que nem sinal de GPS existe ou rede móvel que o valha.
Nada.
O desterro total.

Rui Rodrigues já a todos havia surpreendido com a participação na Transcontinental Race, o que dizer agora que se lançava a caminho do QuiriQuirigistão para a que se previa uma das mais duras corridas velocipédicas do mundo?
(Nota velopatóide: se dúvidas tendes que esta foi unânimemente considerada a mais dura prova off-road velocipédica do mundo, vaiam até ao site da prova, clicando aqui.)


O nosso Marcelfie nunca vai tirar uma selfie com Rui Rodrigues.
Os jornais desportivos nunca farão uma capa com Rui Rodrigues.
A Cristina Ferreira, o Goucha ou o Quintino Aires não o vão entrevistar.
S-É-T-I-M-O L-U-G-A-R.
Fazer SÉTIMO LUGAR numa prova onde só na primeira noite, 80 a 90 dos inscritos desistiram perante uma subida até aos três-mil-e-tal metros de altitude, é mais que á homem, é à material do qual nascem as lendas da velocipedia.
Parabéns pela brilhante provação em tu próprio te inscreveste.
Mete sadismo e masoquismo e mais ismos nisso…
Mas quem melhor que este rijo moçe cujas fundações parecem erigidas em carbono de alto módulo, para vos contar as suas aventuras e tribulações na primeira pessoa, que podem ler clicando aqui.
E é com um Campeão que a crónica mensal do grandioso recanto strávico chega ao fim.
Como habitual, sugestões e reclamações podem ser enviadas para:
quandoforgrandequerosercomooruirodrigues@semosunsmeninos.mail.com
Abraços velocipédicos,
Velopata
Divisão Velopata no Strava: https://www.strava.com/clubs/divisaovelopata
O Facebook do Velopata: https://www.facebook.com/velopata/
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Pois aqui o estrangeiro do norte só tem a dizer uma coisa, #todasasboltasdebiclacontam e o Porto é uma naçom, carago 🙂
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