O Passeio do Dia Europeu Sem Car… Ca… Enlatados

 

I started a joke, which started the whole world laughing cycling;

But I didn´t see that the joke was on me.

por The Bee Gees in I Started a Joke

 

Finalmente terminado o bloco de textos ligados à Cicloperegrinação, sempre alternando com as classificações mensais do mais grandioso clube strávico que é a Divisão Velopata, que melhor maneira de fazer uma espécie de rentrée bloguística com a afincada participação velopática no Passeio do Dia Europeu Sem Car… Car… Ca… Enlatados?

A data ficou engravada na mente velopática desde o dia em que ele a ouviu pela primeira vez, a convite do… Movimento, Comuna, Comuna Anarco-Sindicalista, Facção ou Seita ou lá o que se poderá chamar à troupe do Faro A Pedalar.

Faro A Pedalar.

FAP, portantos.

Uma sigla bem escolhida nos anacrónicos tempos da internet.

Quer-se dizer, talvez não tenha sido uma opção trissilábofílica tão despropositada assim; é certo e sabido que as sensações transmitidas por uma boa pedalada em muito se aproximam das experienciadas aquando do acto de praticar o fapping.

Promovida aquela celebrada entrevista do Faro a Pedalar a um Velopata, tendo a mesma registado um recorde qualquer com milhares de milhões de visualizações no You Tube, essencialmente provenientes de condutores de enlatados com o único objectivo de descobrir a identidade secreta e local de labuta desse tal gajo ciclista que acredita que o Parque de São Francisco deve ser a pagantes, o Velopata sentiu que ali, naquele núcleo duro que compunha o trio organizacional e coiso da malta do fapping farense, podia estar aquele auxílio que ele tanto necessitava para levar o seu cicloactivismo e a mensagem de esperança e fé da Boa Nova de Nosso Senhor Joaquim Agostinho mais além.

Cicloactivismo e coiso à parte, também ajudou que esta troupe do Faro a Pedalar tivesse nas suas fileiras uma fêmea com uma carinha laroca daquelas que tem o mesmo efeito no Velopata que um gelado de Salty Caramel Cheesecake da Häagen-Dazs, ou seja, ele e qualquer outro macho que se preze, derretem-se todos.

(Nota velopatóide: lembrar de evitar estes desbocanços. Com uma destas e a Srª Velopata fará questão que nem no sofá ele tenha o privilégio de dormir. Com alguma sorte, talvez o Velopata ainda se safe pelo vão da escada do próprio prédio apenas umas noites…)

Quatro dias em antes do evento que culminaria a Semana Europeia da Mobilidade Farense, o ingénuo Velopata lançou o apelo nas redes sociais; carbono, carbono de alto módulo, titânio, aço, alumínio (nem era condição sine qua non que fosse Cannondale), bicicletas de estrada, bêtêtê (sendo irrelevante o tamanho do aro), downhill, pasteleiras, dobráveis, desdobráveis, BMX, single speed, fixies e até (um Velopata engole em seco para poder escrever as palavras seguintes), até bicicletas eléctricas, e-bikescoiso e afins.

Todos.

A todos era necessária a presença in situ, de modo a transmitir uma mensagem ao mundo e quiçá às autoridades municipais de Faro que são farenses, que não mais o jugo opressor do tirânico enlatado poderá continuar como rei e senhor do alcatrão farense, impondo-se medidas urgentes que reduzam o número de enlatados circulando no âmago da nossa urbe, particularmente em locais como a baixa, onde o já parco espaço disponível deve ser reconquistado por peões, ciclistas e pombos.

(Nota velopatóide: o Velopata já assistiu enquanto pelo menos três pombos foram esborrachados pela roda de um enlatado. Como tal, certamente os pombos também terão dedos à apontar no que à sua segurança respeita bem como à difícil e nunca saudável convivência com enlatados.)

Incomodando e chateando, o Velopata enviou comunicações a todas as entidades do Centro do Universo Velopático Conhecido; lojas, clubes, grupos de amigos daqueles do Facebook que aglomeram uma série de ressabiados de fim de semana, grupos de labuta diária anti-enlatado (commuters, em cámone), com aquela fútil esperança que o bicho humano Ciclista adoptasse comportamento semelhante ao de seus conterrâneos bichos humanos taxistas, enfermeiros, professores, polícias e outras classe operárias que andam sempre em embróglios com o governo, aparecendo em massa para as suas manifestações – algo como as ruas de Faro que são farenses, jamais haviam ouvisto; um multicolorido turbilhão velocipédico a navegar alegremente, deixando todos os transeuntes boquiabertos enquanto as autoridades camarárias aplaudiam e choravam convulsivamente, pedindo sentidas desculpas pelos infindáveis anos de desprezo em relação ao mais belo transporte inventado pela humanidade – ei, a um Velopata também é permitido sonhar, não?

O relógio digital do smartphone indicava nove horas e quarenta e cinco minutos da manhã de sábado, dia vinte e dois deste mês de Setembro de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezoito, quando o Velopata se apresentava já no ponto de encontro junto à Sé de Faro, logo é uma Sé farense.

Um arrepio percorreu a espinha velopática; esta mau hábito que se lhe está a pegar de deixar de ser como Gandalf, O Cinzento, não parece estar a surtir o desejado efeito, o que leva um Velopata a chegar adiantado às coisas e depois… Estas não correm pelo melhor.

E ele nem é um moçe supersticiosofílico.

Faltavam apenas quinze minutos para o maior evento velocipédico que os que são de Faro são farenses contariam às vindouras gerações, perdurando nos anais da história velocipédica e…

Onde estavam todos os ressabiados a aquecer?

Uai, e os ressabiados a esfregar aquele creme de aquecimento do lactacto do mesociclo da cadência muscular, onde estariam?

Por entre os parcos grupos que se começavam a juntar, o Velopata conseguiu vislumbrar a abençoada presença de A Fotógrafa e uma réstia de esperança alumiou-se no Velopata pois isto é tipo Lei Fundamental da Velocipedia Algarvia – todos sabem que provas e eventos velocipédicos só o são se bafejados com a presença de A Fotógrafa, sempre a contribuir como quem contribui mesmo com fotos de qualidade World Tour do ressabio amador e à semelhança do Velopata, tudo pro bono.

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A Fotógrafa ainda trouxe consigo uma pequena troupe munida de tuénináiners, na qual se incluía uma Senhora que não pedalava há mais de quarenta anos. Q-U-A-R-E-N-T-A A-N-O-S! E o mui querido leitor, qual é a sua desculpa?

Onde estavam o pórtico? A linha de partida?

Lá escolta policial não faltava, não fossem os Ciclistas, esses prevaricadores do alcatrão, fazerem das suas.

(Nota velopatóide: não deixa de ser curioso que as entidades e autoridades considerem necessária a escolta policial para este tipo de eventos, mostrando bem a ideia de perigosidade que sabem ser a dura e triste realidade do alcatrão português para com a Bicicleta.)

Talvez a elite ressabiada andasse por outras paragens, certamente estariam na vizinhança standers de suplementos alimentares, marcas de indumentária e os habitué pregadores da Specialicoiso – algo que uma rápida busca às redondezas revelou ser errónea ideia velopática.

Muitas bêtêtês tuéninainers chegavam, aqui e ali algumas pasteleiras, uma ou outra dobrável mas… Onde estavam as estradeiras? Onde estava a malta das fixies? Seriam verdadeiros os rumores que já todos os fixies portugueses haviam finado, assassinados nas suas montadas sem travões por selvagens enlatados?

Uai, mas por alma de Santo Coppi, onde estavam os representantes da elite ressabiada de fim de semana?

Nos entretantos, uma Senhora da Junta de Freguesia da Comarca da Autarquia da Câmara Municipal da Faro que é farense, Vereadora de um tal de Pelouro da Mobilidade e coiso, falou muito mas o Velopata ouviu pouco, preocupado que estava com a fixação da sua GoPro asiática aos tubos da Cappuccino, recolhendo assim imagens que deliciarão aqueles que acomanham os vídeos deste espaço velocibernético.

Já esse tal de Pelouro, foi outro moçe que não apareceu.

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Não é falta de respeito que leva o Velopata a não ouvir as palavras da Vereadora (ao centro), o problema é que não são os cidadãos que têm de ouvir os políticos – os políticos é que devem ouvir o cidadão falar. Ponto final parágrafo.

53 cabeças.

Contadas pela organização do Faro a Pedalar.

E pelas dez horas e quinze minutos da manhã de vinte e dois deste mês de Setembro do ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de doiz mil e dezoito, o multicolorido pelotão de 53 Ciclistas lançou-se ao alcatrão para amostrar amandar uma mensagem aos habitantes de Faro que são farenses – Basta! Não mais a Bicicleta viverá sob o tirânico jugo opressor do enlatado!

E o Velopata não parava de pensar nos 32 membros da Divisão Velopata que não apareciam… Quando o inconfundível som do cubo traseiro de umas rodas estradeiras ribombou aos ouvidos velopáticos (muito provavelmente eco proveniente das bonitas orelhas dilatadas), destacando-se por entre o restolhar de muitos desviadores de baixa gama.

Marco Lima.

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Por entre o restolhar de muitas Bicicletas de Super, Mega ou Hipermercado, lá estava uma fininha, com a sua graciosidade abençoando o pelotão do passeio do Dia Europeu Sem Carr… Car… Enlatados. E o que dizer dos petizes que acompanharam seus progenitores? Mais uma vez se impõe a questão; qual a desculpa do não-assim-tão-mui querido leitor?

O único verdadeiro Estradista de Faro que é farense e que marcou presença com a sua fininha sexy, mesmo tratando-se de uma daquelas Scott com tubos anormalmente aero demais, neste dia, o mau gosto para velocípedes não importava.

Marco Lima, um sentido MUITO OBRIGADO velopático.

Só é mesmo uma pena que muito provavelmente Marco Lima ainda desconheça as virtudes e regalias de poder pertencer a um clube de moçes e moças criteriosamente seleccionado entre a créme de la créme ressabiada amadora como a Divisão Velopata o é, no entanto, não tardará que também ele se junte à horda velopática.

Porque foi mais homem e Ciclista que muitos.

Escrito numas folhas de papel que se transformaram em tese de doutoramento que posteriormente ainda se transformaram em livro, The Creation of Inequality aborda assuntos respeitantes às organizações sociais do bicho humano, temas importantes demais para se discutir neste que se quer um espaço de referência velocibernético, mas uma teoria avançada por estes brilhantes investigadores parece apontar que o salutar equilíbrio de uma tribo de bichos humanos foi assim mantido durante os primórdios da humanidade pré-religião organizada pois aqueles que eram apanhados a prevaricar como quem prevarica mesmo as leis vigentes à época, eram humilhados e vexados em praça pública.

Como tal, um Velopata mais não pode que ver-se na obrigação de partilhar os nomes dos membros da Divisão Velopata que, apesar dos seus perfis strávicos indicarem que são de Faro, logo são farenses, escolheram não marcar presença nesta que podia muito bem ser uma das mais importantes pedaladas de suas vidas e em antes que venham daí chuvadas e tormentas de críticas, lembrem-se… Aquando do convite facebookiano, o Velopata avisou das possíveis represálias e a forte punição a que poderíeis estar sujeitos.

 

Açoriano Ressabiado Especializado

Adskaya Mashina

Alexandre Rodrigues

André Lima Cabrita

António Emídio

Capitão Autoridade Celeste

Carla Teixeira

César Guedes

Duarte Afonso

Fabrício Lourenço

Hélder Rosa

O Chef Especializado

Isidro Roberto

João Penisga

João Forja

Luis Casimiro

Luis Fortio

Manuel Ponte

Miguel Cruz

Mike Mil Trilhos

Papa-Figos

Paulo Revez

Pedro Marques

PP

Paulo Branquinho

Raposa Sortuda

Rogério Santos

Ruben Martins

Ruben Ventura

Samuel Lourenço

Zuca Paraná

 

Tendo o Velopata feito o obséquio de notificar possíveis represálias ao nível dos pseudo-Ciclistas farenses da Divisão Velopata, ele ponderou como quem pondera mesmo; consultou especialistas em advocacia das mais prestigiadas e conceituadas universidades no estrangeiro lá de fora, reuniu com mestres e doutorados em Direito Internacional e comungou com os escritores do The Creation of Inequality, tendo por fim elaborado um artigo decreto-lei a incluír nas fundações e códigos de conduta do nosso mui estimado clube strávico;

A não comparência perante o Passeio do Dia Europeu Sem Car… Ca… Enlatados pune o pseudo-atleta em 1 ano de suspensão dos registos strávicos velopáticos.

A suspensão é aplicada sobre o presente ano e todos os registos desse ano já obtidos serão eliminados.

Que é para aprenderem.

Sendo um ser benevolente, o Velopata óbviamente aceita justificações para a vossa falta de comparência, no entanto, notem que ele será exigente com as mesmas. Alguns exemplos são;

a) estive internado em coma;

b) estive envolvido num acidente (por exemplo, caír de umas escadas), e fiquei em coma.

Só tão bizarros acontecimentos vos poderão valer o mínimo de complacência e empatia e jurisprudência e absolvição e coiso velopático.

Que a elite ressabiada de fim de semana não tenha aparecido, por muito que tal deixe um Velopata abatido e cabisbaixo, talvez tenha as suas razões; afinal este era um passeio mas não tinha as palavras não competitivo pódio como os granfondues a que esta nata da velocipedia está habituada, não existindo também por parte da organização nenhuma menção a cadáver suíno no espeto findo o passeio, a não presença de standers e nunca esquecendo a tecnicidade do percurso que lembrava um Paris-Roubaix só que em Faro, portantos, farense.

Agora o que um Velopata não entende mesmo, é a notória ausência das lojas da especialidade velocipédica bem como outras empresas que assumem o uso da Bicicleta.

Sim, Refood e Cycle Courier, estas cruéis palavras velopáticas são dirigidas a vós.

Que justificação acreditais poder ter para tão vil acto?

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Foram necessárias muitas forças velopáticas para sorrir enquanto tentava não se esbardalhar com uma roda 20″ que de tudo fazia menos deslizar suavemente sobre o pavê farense.

Como muitos portugueses também possuem características de Gandalf, O Cinzento, o passeio lançou-se ao alcatrão com aproximadamente quinze minutos de atraso.

O problema é que não se lançou ao alcatrão.

O pelotão lançou-se ao pavê.

Pavê em monte.

Quem foi o jerico que desenhou este percurso?

E o Velopata entendeu que a ele e à sua Cappuccino, montada criteriosamente seleccionada, limpa e oleada, uma vez que nestes eventos é regra deontológica velocipédica não aparecer com Bicicletas emporcalhadas, esperavam uns 6,5 quilómetros de tortura pavimentada.

(Nota velopatóide: o passeio eram efectivamente 6,5 quilómetros mas não totalmente realizados sobre famigerado pavê. Ele (o Velopata), é que é um exagerado.)

Calcorreando pavimentadas ruas nas quais o Velopata havia jurado jamais meter lá qualquer-que-fosse das suas nobres montadas; não apenas por receio da integridade carbónica ou alumínica mas também porque apesar das intenções de aumento de progenia do casal velopático terem cessado com a chegada do Velopatazinho, ele (o Velopata), ainda assim gosta demais das suas viris partes para as ver castigadas daquele grosseiro modo, o multicolorido e divertido pelotão deslizou pela urbe farense, recebendo um misto de olhares estupefactos com salvas de palmas e palavras de encorajamento, atravessando as zonas mais densamente populadas de walkers e o Velopata até ia jurar que viu um jumento que meia hora antes lhe tinha passado uma razia… A aplaudir.

Tudo corria bem e sobre duas rodas, ouviam-se muitos plim-plim de campainhas e descontraídos sorrisos por entre o pelotão quando… Tudo forçado a parar, ficando o Velopata com uma estranha sensação nas entranhas ao ser-lhe dado a entender que estes Ciclistas de passeio e commuters e coiso de fim de semana, vai na volta e até sabem recorrer mais eficazmente ao poder do Santo Travão, ao contrário de muita elite ressabiada.

Com a estrada empachada bem na frente do pelotão, o Velopata tomou a única sensata atitude que os restantes bichos humanos portugueses podem tomar nestas situações – coscuvilhar.

Foi a cereja no topo do bolo do passeio.

Uma menina entre as onze e as treze primaveras de idade, perante o afunilar do alcatrão consequência de um enlatado mal estancionado, havia varrido parte do espelho lateral esquerdo deste que se encontrava já escaqueirado no chão.

Menina e respectiva Bicicleta estavam bem, chapas e pinturas imaculadas, mas o dono do enlatado estancionado tapando a contínua linha amarela e a ocupar todo o passeio, forçando walkers a circular na estrada, vinha de lá todo almariado;

MAS QUE É ESTA MERDA? – vociferou.

A simples e educada menção a fezes levou a que o pelotão reagisse, retesando e contratacando;

Você também está mal estacionado! – foi a resposta que se fez ouvir de várias bocas.

Aquilo arrepiou o Velopata.

Era agora.

Onde estavam as gentes da Câmara Municipal da Junta de Freguesia da Comarca da Magistratura? Onde estava a Vereadora? Onde estava o Pelouro?

(Nota velopática: ao que o Velopata conseguiu apurar, quem também acusou falta de comparência foram alguns moçes e moças da Câmara Municipal de Faro, habitantes de Faro que são farenses, e conhecidos por recorrer à Bicicleta para as suas deslocações urbanas. Por favor, alguém explique isto a um já desconsolado Velopata…)

Saíndo em busca do trio organizacional do Faro a Pedalar (ou seja, procurando a fêmea gira do FAP pois certamente ela distinguir-se-ia no pelotão e com esta a Srª Velopata garantirá que um Velopata já nem no vão das escadas do próprio prédio poderá pernoitar…), o Velopata queria que a Vereadora e o Pelouro assistissem à cena que se desenrolava.

Que afinal mais não tinham sido senão os plásticos do espelho lateral esquerdo que haviam saltado quando a menina chocou com este.

É no que dá andar a comprar plásticos asiáticos na internet.

E é no que dá misturar selvajaria enlatada com civismo velocipédico.

De regresso para junto da ocorrência, o velopático coração seguia dividido; se por um lado a exposição mediática que adviria do descambar da situação, com o dono do enlatado a agredir a Menina e o pelotão de Ciclistas a saltar em sua defesa, perdendo amor aos eirios gastos em protecções cranianas e destruíndo seus capacetes à bordoada no dono do enlatado, seria bonito quiçá até justiça poética.

Por outro lado, perfeito seria que a situação se resolvesse pelo melhor; o dono do enlatado agredia a Menina e em antes que o pelotão soltasse no mafarrico toda a raiva contida de anos espezinhados pelo alcatrão, chegava a escola policial da PSP e prendia o dono do enlatado. Levariam-no para a esquadra onde seria um hóspede privilegiado, ao permitirem que participasse numa daquelas sessões que permitem averiguar se o mito das toalhas molhadas e listas telefónicas é ou não verdadeiro.

(In)felizmente a situação resolveu-se assim-assim; o bom senso imperou, o dono do enlatado montou o espelho à mínima visão no horizonte do enlatado patrulha feito escolta da PSP e a Menina, agora confortada por um macho adulto a seu lado, saiu ilesa e sua Bicicleta também.

Estiveste bem! – disse um Velopata sorridente e com aquele piscar de olho denotando cumplicidade na direção da Menina.

Hã – perguntou a Menina.

Hã? – questionou ainda o adulto ao lado da Menina. O Velopata reconheceu-o, era O Repórter de um canal de televisão que o P.D.I. não deixava lembrar.

Sim, aquilo que fizeste foi bem feito e merecido para ele aprender a estacionar como deve ser! – insistiu o Velopata.

Foi? – inquiriu a Menina.

HÃ??? – berrou o Repórter.

Nada, nada, deixem lá estar… É fixe ver-te aqui, estás bom? – o Velopata virava agora a sua atenção para o Repórter.

Epá, está tudo bem. Não te vi no arranque mas calculei que não faltasses a um evento destes. Tirando aqui esta situação stressante está tudo bem, podemos continuar que este passeio está a ser espectacular.

Vamos, senão vamos ficar para trás! – interrompeu a Menina.

Conhece-la? – questionou o Velopata.

Como assim, se conheço? É minha filha!

E fez-se luz no cérebro velopático.

O Velopata não sabia para que canal televisivo o Repórter trabalhava mas essa dúvida estava agora desfeita.

CMTV.

Com toda a certeza velopática aquilo não tinha passado de uma encenação préviamente combinada com a Menina que ainda se vem a descobrir que nem filha do Repórter é.

Pior ainda; descobre-se depois que a menina nem era filha e de nada sabia. Havia sido contratada por uma estranha voz telefónica a pedir-lhe que marcasse presença no passeio com a promessa de uns bilhetes para o espectáculo da Masha e o Urso, tal a alarvidade do preço dos bilhetes (ainda por cima em papel básico, por aquela quantia de eirios já se esperava algum carbono). Mal a pobrezinha sabia no que se tinha metido… Ela nem se apercebeu como naquele momento foi empurrada e atirada para cima do espelho do enlatado, simplesmente porque o Repórter procurava o seu momento de nirvana jornalístico – o Alerta CM.

Então e estás a trabalhar para a televisão, não é? – o vosso já habitual coscuvilheiro velopático em acção.

Sim, na TVI. – respondeu o Repórter.

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O Velopata a dar roda protectora ao Repórter e à Menina.

Muitos quilómetros de pavê percorridos, o divertido pelotão continou sem incidências até que… O primeiro sumáfro apareceu no horizotnte.

Ainda por cima em vermelho, ou encarnado.

E agora? – pensou o Velopata para com o fécho eclair da sua jersey G-Ride.

Um tenso Velopata assistiu enquanto a escola policial passou a sumáfro vermelho ou encarnado, sinalizando que os Ciclistas também o poderiam passar.

E isto mui queridos leitores, foi da mais pura e completa… Xenofobia.

Com que então, apenas porque somos Ciclistas, todos gostamos de passar o vermelho, ou encarnado, e vamos lá fazer-lhes a vontadinha no passeio? É isso?

Pois fiquem sabendo, autoridades, entidades, câmaras, juntas, autarquias, concelhos, freguesias, comarcas, Senhoras Vereadoras e Senhores Pelouros, que existem Ciclistas como o Velopata, que conhecem e cumprem o Código da Estrada!

Além de que teria surtido maior efeito sobre a comunidade de Faro que é farense, ter ali uma vasta multidão de 52 Ciclistas e um Velopata, a entupir tudo e a atrapalhar tudo como quem entope tudo e atrapalha tudo mesmo.

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Atrás do Velopata, já vem da lá uma Menina lançada em busca do próximo enlatado prevaricador, concentrada na sua santa missão de justiça divina.

Sem demais ocorrências o passeio chegou ao fim, para tristeza velopática e muito provavelmente também do Repórter. Faltaram as polémicas, os apupos e as vaias, a tensão iminente entre o Ciclista e o enlatado, quiçá uma ou outra cena mais quente em que a escola policial tivesse de intervir na iminência de saraus de porrada. Ah, o Velopata quase esquecia… Nem chegada ao sprint foi e porquê?

Porque o Velopata não sabe se já escreveu mas… A elite ressabiada de fim de semana não apareceu.

Aquele final deixou um estranho e amargo sabor na boca velopática – foi das primeiras pedaladas sociais em que findas as festividades, a coisa não terminou com todos em busca de sombra e da bujeca mais próxima para depois discutir quem sovou quem.

As pessoas simplesmente ficaram ali, conversando e trocando experiências.

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Um grande MUITO OBRIGADO velopático a todos!

Aquele sabor a fel na bonita boca velopática tinha de saír e o Velopata partiu em busca da troupe do FAP para os desafiar a auxiliarem-no nisso e como?

A bela bujeca.

Já sentados na esplanada, reinava o sentimento geral que 53 almas presentes havia sido um sucesso, até que questionaram um Velopata sobre isso.

Um Fiasco. Com F maiúsculo. – foi a resposta velopática.

Uma cidade com uma população estimada em sessenta e quatro mil e quinhentos e sessenta habitantes (64 560), e aparecem cinquenta e três alminhas (53), para um passeio de Bicicleta, isso perfaz um interesse da população de quantos por cento?

Zero vírgula zero oito por cento.

0,08%.

Depois queixem-se.

Um outro moçe na mesa sugeria que estes números podiam ser aumentados adoptando técnicas de condicionamento de bichos humanos que envolvam paus, mas se é para bater velocipédicamente batendo, então usem espigões de selim.

Porque parece ao Velopata que só existe uma última esperança.

Os petizes.

Pode ser que por entre a educação e consciencialização que façamos junto dos petizes resulte em que algum dia temos um filho de um primo de um sobrinho de um tio por entre esses petizes que de algum modo está relacionado com alguém da Câmara da Autarquia da Junta da Comarca do Município da Freguesia do Vereador do Pelouro Municipal, podendo mesmo ser filho de um primo de um sobrinho de um tio, e que consiga justificar o investimento velocipédico do erário público como fizeram em Vila Nova da Rabona onde o Presidente da Câmara mandou altafetar todo o município pois o seu filho era dono de uma loja de carpetes.

O truque é meter os miúdos a pedalar.

E eles farão a pressão do futuro.

 

Abraços velocipédicos,

Velopata

 

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2 comentários sobre “O Passeio do Dia Europeu Sem Car… Ca… Enlatados

  1. Pingback: Divisão Velopata – Para encarochar, deixa Setembro acabar – Blog do Velopata

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