O impensável, o inimaginável, a tragédia, o drama, o horror, ocorreram.
Uma infindável consternação abateu-se sobre este vosso companheiro, palhaço e amigo do duro circo que é a vida do pedal.
Durante este transacto mês de Junho do ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de 2020, o Velopata contabilizava 216 membros no maior clube strávico que há memória, a Divisão Velopata. Mas enquanto labutava como quem labuta mesmo nos complicados cálculos físico-químico-quânticos desse mesmo mês, algo mexia com as entranhas velopatóides.
Algo não estava, de todo, correto.
E só então o Velopata ouvistou.
215.
Duzentos e quinze membros.
Alguém desistiu.
Alguém jogou a toal… Colocou o sapato de encaixe no chão.
Averiguando como quem averigua mesmo, foi possível descobrir que (pausa para o Velopata engolir em seco), uma das mais rijas fêmeas que o clube já ouvistou havia abandonado este nosso pequeno mas glorioso recanto strávico.
Que razões teriam despoletado tal acto?
Teria a rebarba velopática, que só Santo Anquetil sabe o quanto o Velopata refreia e filtra, levado ao abandono desta mui nobre membra?
Com o cérebro acometido destas (e inúmeras outras), importantes questões metafísicas, o Velopata matutou como quem matuta mesmo noutras possíveis razões que não a pura rebarba – teria o Velopata escrito algo profundamente ofensivo?
É certo que a fêmea em questão foi recentemente coroada com a mui cobiçada jersey Lanterna Vermelha, prestigiado prémio que o Velopata já diversas vezes explicou como quem explica mesmo, não é sinónimo de miseráveis performances velocipédicas. É sim, coiso.
Até porque o Velopata não tem a menor sombra de dúvida que a fêmea em questão era moça para nos seus piores dias, enxovalhar e encarochar e achincalhar e desancar e empenar o Velopata no seu pico de forma.
Tudo isto alevanta ainda uma outra questão; se haveis levado a sério algo dito ou escrito pelo Velopata… Então o problema aqui é outro, nunca esquecendo a descrição que está na página strávica de nosso mui adorado clube;

Portantos, para além de desapontado, toda a situação levou um Velopata a sentir-se… Irritado.
Como o mui querido leitor estará farto de ler, o Velopata é moçe que aprecia bastante a contribuição pro bono, como tal, hoje ele aproveita para enumerar uma série de comportamentos que os milhares de milhões de leitores adeptos da Velocipedia e membros dessa grande elite desportista de fim de semana deve evitar, assim garantindo a salutar convivência e sobrevivência de vosso perfil strávico.
- Aquela nomenclatura de “Morning Ride”
Ou “Afternoon Ride”. Ou mesmo “Evening Ride”. “Lunch Ride” é só terminologia técnico-táctica absurda, a não ser que o exercício em questão tenha incidido sobre séries de dilatação estomacal providenciadas por uma sessão gastronómica.
A sério… haveis pedalado tão monótonamente que a única coisa que tendes a partilhar com o mundo da tua volta é… Morning Ride?
É que até já existem Aplicações de Terceira Festa ou lá o que é (Third-Party Apps, em anglosaxocamónico), que inventam terminologia técnico-táctica para vos mitigar as apoquentações cerebrais que são nomear uma volta.
- O Caçador-Recolector de Clubes
Exemplo; o Manél reside em Xabregas de Baixo e é dono de duas Bicicletas; uma Canyoncoisa de Estrada e uma Bêtêtê tuénináinér daquelas da Cannondale à qual falta meia forqueta.
Porque raios se vai juntar ao clube “Specialized Lovers Bogotá”?
Ou ao clube “Sidney Fixed Gear Girls”?
“Transexual Canyon MTBikers”?
(Nota do autor: para os leitores gármicamente menos apetrechados, o Velopata refere-se a Bogotá e Sidney, regiões geográficamente localizadas na Colômbia e Austrália respectivamente.)
Tendes aí algum problema ao nível do Garmin quiçá até do armário?
Lá porque tens um perfil na mais importante rede social criada pela bicharada humana e precisas de chamar a atenção para as tuas proezas velocipédicas (que, desde já o Velopata informa, nem aos teus amigos interessam), é razão para te juntares a todos os clubes e mais algum?
Que desesperado défice de atenção é esse? Teus progenitores não te deram mimos e beijinhos suficientes enquanto petiz?
- O Slf/km
Slf/km (grandeza do Sistema Internacional que indica “Selfies por Quilómetro”), é aquele mafarrico que para um passeio domingueiro de 50 Km, consegue acompanhar o registo strávico aí com umas 60 selfies diferentes.
E nem sequer são fotos com destaque para sua gloriosa Bicicleta encostada a coisas… Não, aquilo são única e exclusivamente fotos de primeiros planos de sua fronha.
Moçe, o mundo já sabe que sois uma estampa de macho (este comportamento aparenta incidir maioritariamente sobre os espécimes machos), não precisais de o continuar a esfregar em nossas faces, correcto?
Deveis no entanto notar, não é que a irritação experienciada pelo Velopata seja diferente quando também uma fêmea denota este comportamento de registar cada revolução do pedal com uma selfie.
Elas até podem, contando é que abram ligeiramente o fecho éclair do jersey para que possa avaliar corretamente seu desempenho aerodinâmico peitoral.
Agora em machos, este comportamento é só… Vá, grotesco.
- O Kcal/km
Aparentado com o Slf/km, o Kcal/km também se baseia numa grandeza de medição de pedalada adoptada pelo Sistema Internacional, correspondendo à quantidade de calorias que o atleta de fim de semana ingere por quilómetro.
Nunca deixará de surpreender o Velopata; como consegue alguém pedalar 60 km e partilhar 70 fotografias de diversos acepipes de bolaria?
Como consegue alguém pedalar 60 km e emborcar 6 ou 7 barrinhas energéticas?
A idéia não era regressar ao conforto do lar com défice calórico?
- O Campeão
Ele é o maior da tua aldeia e todos o sabem.
O perfil do moçe é o equivalente ao Muro das Lamentações strávico. Todos lá vão chorar enquanto tentam beber um pouco de inspiração velocipédica. Soltam espantos e kudos pelas proezas a médias e FTPmax registados no perfil strávico do Campeão.
Não há volta dada pelo Campeão onde não registe estrelinhas strávicas em monte; contabilizando KOM´s e PR´s por onde quer que passe.
Strávicamente ou no mundo real, todos conhecemos o verdadeiro Ressabiado de fim de semana – traz consigo cartuchos de carochas que dispara e volta a disparar em todas as direcções.
E é justamente isso que irrita o Velopata.
Porque ninguém gosta de vencedores.
- O Alma Penada
Já todos ouviram falar dele, todos conhecem seu perfil strávico, respeitando-o pelas capacidades ao nível do mesociclo do VO2max na cadência anaeróbia das sessões de Rolos de Treino que partilha.
Só que nunca o ouvistaram.
O Alma Penada é isso mesmo, nunca foi ouvisto ao comando de uma gloriosa Bicicleta no meio natural, estrada, trilhos ou gravel e coiso. É aquele que nunca aparece para a volta de grupo. E um Velopata não pode deixar de matutar – será aquele moçe real ou não será isto mais que uma distorção no contínuo espaço-tempo, uma espécie de Inception strávico-sexual de um… Pedal Bot?
O Alma Penada tem ainda uma outra particularidade – é o maior nos rolos, conquistando KOM´s por onde passa… Só que apenas o faz nos rolos e ainda assim acardita-se que é o maior de sua aldeia.
Porque todos sabemos a não-influência que as condições ambientais e atmosféricas têm no Ciclismo.
- O Pêtê
O Pêtê, anglosaxocamónico pomposo para Personal Trainer, é aquele que deu umas pedaladas na sua Esmaltina Chopper lá no refundido bairro enquanto petiz, tirou o equivalente a um Bacharelato onde aprendeu terminologia complicada como FTPmax ou lactato aeróbio e pronto. Seus Padawans e Aprendizes, os moçes que têm o privilégio de o poder chamar de Treinador, só não vencem o Tour porque não têm patrocínios para a inscrição.
- O Caçador-Recolector de Kudos
O mui querido leitor termina seu longo treino, repousa por instantes o fustigado corpo no sofá, efectua o connecting do dente azul do telefone esperto com o Garmin, uploada sua dura volta e… O mui querido leitor ainda nem tempo teve de alterar aquele pré-definido “Morning Ride” e já a notificação de Kudos dispara.
Mas esta gente tem vida?
Não podíeis dedicar algum tempo lendo artigos de índole científica em outros sítios que não strávicos, na perspectiva de te tornares melhor e mais informado bicho humano?
- A Ermesindense
Não é que seja uma Ciclista excepcional, longe disso.
Só que tem boa prateleira, bum-bum empinado e jeito para posar em cima de Bicicletas.
Uma volta partilhada por ela (apesar da última conhecida já ter para mais de 3 anos), saca mais Kudos que o mui querido leitor consegue amealhar em 3 anos.
- O Desnorteado/a
Conheceis aqueles moçes e moças cujo perfil strávico não apresenta uma ínfima actividade física que seja?
O que faz esta gente aqui? Alguém sabe?
Ou tudo não passou de mais uma por entre tantas outras resoluções abortadas de fim de ano?
E prontos.
O Velopata certamente já ofendeu uma série de leitores – prova superada!
Sem mais demoras, siga para as tão almejadas classificações referentes ao mês de Junho do ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de 2020.
E se quiserem abandonar a Divisão Velopata, já sabem – mandai mensagem privada que nada é impossível para este vosso companheiro, palhaço e amigo do duro circo que é a vida do pedal.
Jersey Papa-Quilómetros
1º Professor Carochas – 3409,7 km
2º Sérgio Coelho – 2199,4 km
3º Placas – 2199,4 km
Nada de novo aqui, mais uma repetição dos Cavaleiros do Apócalipse Carocheiro.
Jersey Carapau de Corrida
1º Pro Ressabiado – 32,3 Km/h
2º Paulo Rodrigues – 32 Km/h=32
3º Anjinho – 31,2 Km/h
O Velopata até podia vasculhar nos anais históricos dos complicados cálculos físico-químico-quânticos da Divisão Velopata, pela última presença no acelerado pódio de Anjinho, outrora conhecido pelos milhares de milhões de leitores como Moçe do Treco.


No restante pódio, Pro Ressabiado e Paulo Rodrigues continuam… Bem, continuam a ressabiar.
Jersey Cabra da Montanha
1º Professor Carochas – 44986 m
2º Hélder Lourenço – 24291 m
3º M.M.A. – 19708 m

História foi feita nos anais históricos da Divisão Velopata.
Pela primeira vez que não num pódio batráquio, uma Fêmea se infiltra nos pódios sempre dominados pelos machos e logo para mais na em mais altimétrica das jerseys – Malévola Máquina Anfíbia.
Quanto às razões para épico feito histórico, o Velopata deve tentar fazer render o seitan (como se ele auferisse algum tipo de retorno financeiro à palavra), e o mui querido leitor terá de continuar a ler como quem lê mesmo para entender como tudo isto aconteceu.
Os mais sentidos parabéns velopáticos a Hélder Lourenço, moçe que aparenta estar num momento de frenesim velocipédico – de Crazy Rider (transacto mês), a um pódio altimétrico, veremos se sua poliglotofilia strávica se manterá nos próximos meses.
Jersey Alucinado Diário
1º Gonçalo Rocha – 44 R.S.
2º Sérgio Coelho – 37 R.S.
3º Paulo Almeida – 32 R.S.
A agradável surpresa do mês surge pelo feito de 44 Registos Strávicos de Gonçalo Rocha, moçe que tem no seu perfil strávico a indicação que seu quintal predilecto para distribuição carocheira é Faro.
Que até é a mesma região onde habita o Velopata.
Curiosamente, analisan… Coscuvilhando o perfil strávico de Gonçalo Rocha, o Velopata não o reconheceu como qualquer habitante deste Terceiro Calhau a contar do Sol seu conhecido. E muito menos reconheceu a marca de sua Bicicleta.

Isto é claro indicador de uma coisa – chinesice.
Ou então é uma Canyoncoisa que vai dar mais ou menos no mesmo.
Parece que têm vergonha.
Bem, certa vez o Velopata ouvistou mesmo um anúncio facebookiano onde um moçe tentava vender uma Bicicleta da B´Twin que é da Decathlon que é da B´Twin, tendo-lhe colocado pintura e autocolantes da… Specialicoisa.
Santo Anquetil, dai-nos força…
No restantes lugares do pódio, alternando-se apenas o Coelho do transacto mês (agora surge o Sérgio), acompanhado do já quase mobília da casa, o omnipresente e potente e coiso, Paulo Almeida.
Jersey Melhor Batráquio
1º O Senhor Triatlo – 2252,4 km
2º M.M.A. – 1732,3 km
3º Comandante Batráquio – 1232,5 km
Nos pantanosos meandros do nosso mui acarinhado clube, a seu tempo serão indicados os comos e porquês da ascensão à glória strávica de M.M.A..
Até porque na luta pelos restantes nenúfares, o ressabiado coaxar continua mais ou menos na mesma, no entanto, o Velopata começa já a notar o decréscimo quilométrico amplamente distribuido pela comunidade batráquia, fruto das ambientes temperaturas dessecantes de brânquias que se sentem nesta época do ano.
Jersey Lanterna Vermelha
Mad Fontinhas
A Divisão Velopata não é impunemente abandonada.
Quando muito uma mensagem privada, gratuitamente vilipendiando o Velopata e todas as anteriores e futuras gerações.
O resto, logo se via.
Jersey Melhor Macho Ressabiado
1º Professor Carochas
2º O Coelho (o Sérgio)
3º Crazy Riders
Quem serão os “Crazy Riders?”, indaga o mui abismado leitor.
Sempre a render como quem rende mesmo, tereis de continuar a ler como quem lê mesmo mas o Velopata pode adiantar que são bravos e bravas que resolveram aproveitar o Desconfinamento com toda a pedalada.
Como habitual, dúvidas de qualquer espécie para com este pódio, podem e devem ser resolvidas na estrada, trilhos ou gravel e coiso.
Jersey Melhor Fêmea Ressabiada
1ª M.M.A.
2ª Benedita Martins
3ª A Senhora das Águas
No pódio dedicado às mui acarinhadas fêmeas do nosso mui estimado clube, a classificação permanece semelhante ao transacto mês, alterando-se apenas a ordem das intervenientes.
Jersey Crazy Ride
1º O Senhor Triatlo + M.M.A. – Faro-Chaves-Faro pela Mítica Estrada Nacional 2
2º Zé Obelix – Porto-Faro
3º Professor Carochas – Crazy Ride da Fé
Estes são os Crazy Riders do nosso mui glorioso clube que aproveitaram para desconfinar como quem desconfina mesmo.



E assim se chega ao final de mais uma edição dedicada ao maior clube strávico.
Como habitual; dúvidas, sugestões ou reclamações que o Velopata nunca lerá, podem e devem ser enviadas para;
eletambemquerdesconfinarcomoquemdesconfinamesmo@velopataafritar.mail.com
Abraços (à segura distância higiénica) velocipédicos,
Velopata
Ufa consegui ler tudo….e até ao fim… também admito que não percebi tudo 😝🙃
Uma admiradora do velopata.
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