As Leis de Murphy velocipédicas

Lei de Murphy.

Se existe a mais ínfima probabilidade de alguma coisa correr mal… Então correrá pior.

Este é um enunciado tão certo como o Ciclismo Profissional ser finalmente um desporto “limpo”.

Sobre o que Murphy não escreveu (ninguém é perfeito), foram suas desastrosas Leis aplicadas ao contexto velocipédico, como tal, nunca esquecendo que o Velopata é moçe que gosta de contribuir como quem contribui mesmo, hoje ele chega até vós, queridos milhares de milhões de leitores e seguidores e fãs e coiso, com os postulados das Leis de Murphy aplicados a este mui nobre desporto que é a Velocipedia.

Não tendes de quê.

E quem avisa teu amigo é.

As Leis de Murphy Velocipédicas

  1. Aquele pedalada onde finalmente consegues o KOM quiçá o PR, é a mesma onde o Garmin pifa e nada grava.
  2. Finalmente consegues juntar os eirios para adquirir aquela tão desejada Bicicleta com que tanto sonhavas e que é toda em carbono, daquele que é mesmo só carbono, totalmente carbono, 100% carbono, full aero carbono, apenas para perceber que no dia seguinte à tua compra, o preço entra em saldos aí com descontos de 60%.
  3. Não existem registos de fracturas ou quebras nos quadros da marca que haveis comprado. Excepto o teu quadro que se partirá em dois ao primeiro contacto com o alcatrão.
  4. O tipo de raio que se partiu e necessitas a substituição na roda é aquele que não está disponível na loja da especialidade velocipédica. Quando encomendado, não há maneira de saber quando chegará à loja, no entanto, 6 meses de tempo de espera é um mínimo.
  5. Apesar de trazeres sempre contigo uma série de ferramentas necessárias a uma reparação rápida na berma da estrada/trilho, nunca tens aquela que é efectivamente necessária.
  6. A única chave sextavada (seja lá o que isso fôr… Afinal, o Velopata encontra-se na categoria Abaixo De Nabo no que à Mecânica Velocipédica respeita mas ele já ouvistou muitos Ciclistas falarem de chaves sextavadas…), que precisas é justamente aquela que não existe na tua ferramenta multifunções.
  7. A Moça de Ermesinde, que te fez juntar a determinado clube velocipédico, deixa de aparecer para as pedaladas enquanto rumores confirmam que depois de te juntares a esse mesmo clube… Ela pendurou os sapatos de encaixe para todo o sempre.
  8. Após uma penosa subida, sabes que vem uma maravilhosa descida. Justamente quando atinges o cume, um enlatado ultrapassa-te apenas para fazer toda a descida a passo de caracol na tua frente – não te dá uma única abébia para ultrapassar e terminas a descida com mais dores nas mãos que um adolescente que acabou de descobrir a nobre arte de contagem de telhas.
  9. No mês seguinte a pagares a inscrição e primeira mensalidade do Ginásio onde desejavas melhorar teu Core… O Ginásio abre falência e encerra suas portas para todo o sempre.
  10. És apanhado por um temporal daqueles, uma carga de água que dir-se-ia pedalares em plena monção indiana, enquanto num segmento de imunda estrada de terra batida (ou Greivel ou lá o que é). Isto coincidirá precisamente com a primeira pedalada após teres levado tua Bicicleta a um SPA de onde saiu mais pristina que nova.
  11. Sempre que levares aquele pesado casaco impermeável… Não choverá.
  12. Sempre que não levares aquele pesado casaco impermeável… Choverá.
  13. A única poça onde, por distração, passas com uma roda… É a única que está pejada de vidros.
  14. Todos os picos presentes numa determinada secção de pinhal ou floresta mover-se-ão para teu caminho, dotados de uma estranha motivação espiritual que é… Arrancar pedaçinhos de licra e bife.
  15. Aquele retesar de bexiga/tripa que sabes indicar uma descarga fisiológica susceptível de pagamento de imposto devido aos danos provocados ao meio ambiente, nunca ocorrerá enquanto descansado na esplanada do tasco. Ela ocorrerá sempre enquanto pedalas a quilómetros de nenhures.
  16. Haveis combinado umas épicas férias velocipédicas. Tu e teus comparsas vão pedalar nos Picos da Europa, Alpe D´Huez ou qualquer outro sítio icónico da Velocipedia. Nesse mesmo fim de semana, localidade e estradas, há um encontro de motos antigas. Ou pior, enlatados antigos.
  17. Os sapatos de Ciclismo que há tanto te babas para cima e agora finalmente haveis juntado os eirios para os adquirir… Não se fabricam no teu tamanho.
  18. Os sapatos de Ciclismo que haveis adquirido estão preparados única e exclusivamente para encaixes diferentes dos que utilizas.
  19. Sempre que encontrares um felino na berma da estrada, este fugirá na direcção da Bicicleta, assim arriscando a colisão e teu consequente esbardalho.
  20. Se um quintal tem seu portão aberto, então serás perseguido por uma matilha de canídeos ofendidos. Não importa se Chihuahuas ou Grand Danois.
  21. Gladias (inutilmente) contra o vento na primeira parte da tua pedalada sempre reconfortado por saber que no regresso, o vendaval soprará pelas costas. Só que o vento muda sua direcção, a intensidade aumenta e o regresso ainda é pior.
  22. A bateria da luz esvai-se segundos antes do anoitecer.
  23. Em caso de queda, esta será sempre para o mesmo lado da última.
  24. Em caso de queda no trilho, o quadro ou rodas conseguirão sempre acertar na única pedra afiada visível em quilómetros.
  25. sumáfro muda para verde no momento em que desengatas o sapato de encaixe do pedal.
  26. Aquando de uma escaldante pedalada e no caso de ficares sem preciosa água, o primeiro tasco que encontrares está fechado ou pior… Só vendem “cerveja” Tagus.
  27. Estás no pico de forma. És capaz de deixar todo o grupo encarochando para trás. Até que aparece um rapazola extra-grupo que nem barba ou pêlos púbicos tem e te espeta A Mãe De Todas As Carochas.
  28. Estás no pico de forma. Pedalas com toda a confiança do mundo. Aparecerá um cidadão em idade geriátrica (e que podias até jurar que se notava a algália por baixo das licras), que te espetará A Mãe De Todas As Carochas.
  29. Aliás, sempre que te sentires no pico de forma, alguém aparecerá para te espetar A Mãe De Todas As Carochas.

Nenhuma análise das Leis de Murphy velocipédicas ficaria completa sem aquele último postulado que as pernas velopatóides experienciaram em primeira mão, aquando destas últimas semanas de interregno velocipédico, dedicação exclusiva à família.

Enquanto acampado no Parque de Campismo Municipal de Castro Verde (finalmente o Velopata já pode revelar onde foram, não fosse acordar a meio da noite com a tenda rasgada por fêmeas fanzocas, acometidas  daquele desejo incontrolável de poder ver e tocar o lindo corpo somali-anoréctico), o Velopata perdeu a conta ao infindável número de Ciclistas que aí aproveitavam para pernoitar durante sua travessia da Mítica Estrada Nacional 2. Ele era moçes com pinta de prós ressabiados, cicloturistas, moças de Ermesinde e até progenitores e crias! Todos pedalavam… Todos!

Menos ele.

Mas há mais.

E pior, claro está.

Não passou um dia em que a família velopática não se cruzasse com Ciclistas nos seus treinos e… E…

Até uma loja!

Em Castro Verde, o Velopata era obrigado a passar todos os dias em frente da montra da BikeZone, pelo amor de Suas Altas Eminências Velocipédicas.

Como tal, é conselho velopatóide que não deveis fazer como ele – acendei umas velinhas de tofu e uns incensos de seitan para rezar a Nosso Senhor Joaquim Agostinho que tudo o acima descrito não tenha a mais ínfima probabilidade de vos ocorrer. Caso contrário já sabeis.

Será sempre pior.

Abraços (à segura distância higiénica) velocipédicos,

Velopata

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