Reza a lenda que cerca de 3 milhões e 200 mil anos antes de Joaquim Agostinho, Lucy, uma fêmea de Australopithecus afarensis, terá dado aqueles que foram os primeiros passos erectos de um hominídeo, assim despoletando toda uma nova ordem evolutiva neste Terceiro Calhau a contar do Sol.
Com as manápulas agora livres da locomoção, a coisa evoluíu; agora a primatada podia masturbar-se melhor e mais eficazmente, a visualização de uma prateleira de uma fêmea primata (certamente nativa da região equivalente a Ermesinde no continente africano), terá servido de inspiração para que um macho de primata inventasse as rodas (ao contrário de outros macacos que rebarbam nos comboios da CP quando ouvistam prateleiras – a sério, se quereis rebarbar à grande como o Velopata, guardai isso para vós, não importunai as moças), outro ainda terá tido a fenomenal idéia de juntar dois triângulos e voilá – estava inventada a Bicicleta e o resto da história ou estória ou lá como se escreve agora já sabemos.
O problema, desconfia o Velopata, é que Lucy devia ser uma australopiteca já dada a laivos de ressabio.
– Ó para mim aqui no topo desta árvore mais alta de toda a savana! Aposto que consigo obter o KOM a descer desta, correr e subir até ao topo daquela! – terá proferido Lucy para os restantes hominídeos, cada um em seu galho e claramente menos ressabiados.
E foi assim que no ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de 1974, algures na Etiópia, investigadores descobriram o cadáver fossilizado de Lucy, aparentemente vítima de um monumental esbardalhanço de uma altitude considerável.
Se isto não foi um prenúncio do que aquele aspecto evolutivo de aprender a utilizar o xispalhame para andar erecto ia dar…
Muita evolução depois; genocídios, guerras, guerras mundiais, invenção de bombas atómicas, mais genocídios e uma desigualdade tremenda que leva a que bichos humanos de um lado deste calhau tenham de fazer dietas e colocar bandas gástricas enquanto do outro lado outros morrem à fome, chega-se à actualidade.
O Velopata adora Natureza.
Excepto, tal como referido na apresentação deste espaço de referência velointernético, tudo o que tenha exoesqueletos quitinosos e um número de apêndices locomotores superior a 4, para além de bichos humanos, particularmente machos, nunca esquecendo que de fêmeas ele é grande apreciador, especialmente se nativas de Ermesinde.
Certamente os mui queridos leitores alembram-se; corria o ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de 2016 e o Velopata equacionava a aquisição de uma roda tuénináiner, ávido de se lançar à aventura por caminhos de cabras e trilhos e singuel traques.
Descobrindo que a Srª Velopata carregava o futuro vencedor de Grandes Voltas, Velopatazinho, no seu ventre e o sonho de aquisição de uma Bêtêtê roda tuénináiner foi… Vá, por Trompas de Falópio abaixo.
Agora que o Velopata olha como quem olha mesmo para trás, a génese de todo este conceito das Velopatadas terá sido algures durante estas férias do Verão-Covid, naqueles belos (mas afastados da Velocipedia) dias em que a família velopática se dedicou à prática do Campismo. Ou Camping, se sois daqueles que preferem tudo em anglosaxocamónico para dar aquela pinta mais técnico-táctico-pró.
Longe da Estrela Vermelha, Brownie ou Cappuccino, o Velopata deu por si passeando com Velopatazinho e Srª Velopata por caminhos de terra batida ou greivel ou lá como se chamam agora, visitando um dos monumentos que era seu desejo há muito visitar.
Os calhaus em pé dos Salamaleques do Alpendre, como baptizaria a Srª Velopata.

Dificilmente qualquer registo fotográfico, dos inúmeros que ele obteve, fará juz à beleza e magia que os Salamaleques do Alpendre ainda apresentam, mais de 4 mil anos decorridos da sua construção pelos bichos humanos do Neolítico, um tempo onde as maravilhas da mortandade das religiões organizadas ainda não faziam sentir seu tirânico jugo opressor.
E foi ali, diante daqueles mágicos calhaus em pé e surpreendido com o facto do Velopatazinho não pedir colinho por uma única vez, que o Velopata sentiu a epifania ecoar na maionese – e se, não podendo experienciar a Natureza através de uma pedalada numa roda tuénináiner, ele (o Velopata), também se dedicasse à Caminhada? Percorrer caminhos e trilhos a penantes, aproveitando para comungar com a Natureza sem forçosamente expelir bofes?
(Nota velopatóide: dedicar-se à Caminhada é, para os mais distraídos adeptos de anglosaxocámonices, o mesmo que Walking ou Trekking ou lá o que é.)
E porque não levar o Velopatazinho?
Ensinar-lhe que a Natureza devia sim ser nossa maior religião.
Que as vacas, galinhas, porcos e peixes não são uma “coisa” criada em caixas de plástico no hipermercado.
E assim, para os mais atentos ao perfil strávico velopático (que podeis consultar clicando aqui), foi iniciada toda uma nova série de registos strávicos – as Velopatadas.

Dias depois de deixarem os Salamaleques do Alpendre para trás, seguiu-se um novo teste às capacidades velopatazínhicas de calcorrear trilhos a penantes – desta vez seria uma pequena caminhada pela idílica paisagem natural do Pulo do Lobo onde, infelizmente, apesar de maravilhados com aquela paisagem e o ensurdecedor som das cascatas, nenhum dos membros da família velopática conseguiu ver um Canis lupus a saltar coisa nenhuma. Vá-se lá entender quem dá os nomes a estes sítios…
Já com as férias finalizadas, com um misto de alegria (o Velopata podia regressar às pedaladas), e tristeza (regresso à labuta e à vida na urbe, rodeado de uma quantidade excessiva de bicharada humana), faltava ainda um último teste ao Velopatazinho – a caminhada por locais com animais perigosos.
E foi assim que ambos os dois, Velopata e Velopatazinho, partiram para uma caminhada no Parque Natural da Ria Formosa ou Ludo ou lá como raios se chama a zona, o Velopata apreensivo pelo comportamento do Velopatazinho perante o encontro com esse pérfido animal em liberdade que é… O flamingo.
– Epá, ó Velopata… Flamingos?!?! – questionará o mui querido e desinformado leitor.
Sim.
Flamingos.
Que abundam pelas salinas da Ria Formosa.
E se pensais que o Phoenicopterus roseus é só mais uma fofinha ave côr de rosa… Então claramente desconheceis o trabalho de Marc Rebillet e que, sempre contribuindo como quem contribui mesmo, o Velopata permita que vos elucideis clicando aqui.

Por sorte, talvez porque Velopata e Velopatazinho não se fizeram acompanhar de nenhuma das respectivas Avós, ambos os dois sobreviveram com ambos os dois olhos são e salvos, salvo a redundância mas a verdade é que o Velopata é grande apreciador deste pontapé na língua de Camões.
Que vai na volta e a história de sua zarolhice foi deturpada pelos Ornito… Ornitof… Ornitofílicos ou lá como se chama essa malta que muito aprecia o Ouvistar da Passarada (que o mui querido leitor reconhecerá como Bird Watching em anglosaxocámónico).
Comportando-se como um bicho humano crescido e educado em todas as caminhadas feitas, faltava um último baptismo ao Velopatazinho para oficializar esta coisa das Velopatadas – um trilho com uma boa dose de subida e respectivo acumulado.
E lá foram ambos os dois a caminho do Cerro do Guilhim, um monte cujo cume se localiza 293 metros acima do nível do mar (por enquanto…).

Ultrapassada a escalada, estava mais que na hora de oficializar a coisa – assim nascem as Velopatadas no feed strávico do Velopata.
Nunca esquecendo sua formação de Biólogo, é importante o Velopata deixar aqui uma última nota no que aparenta ser o nascimento de uma nova espécie (se animal ou vegetal, só posteriores analises por cientistas creditados poderão clarificar), existente em todos os caminhos e trilhos que Velopata e Velopatazinho percorreram.
É que não falhou em nenhuma das Velopatadas.
Onde quer que fossem, lá estavam elas, perseguindo-os.

E depois ainda questionam o Velopata porque razão ele não tem assim tanta esperança na bicharada humana…
Mas é fácil entender a quem apontar o dedo.
A culpa é toda da Lucy.
Abraços (à segura distância higiénica) velocipédicos,
Velopata