As tribos do Binapócalipse

Talvez seja apenas o Velopata mas à hora desta publicação, é sua forte convicção que finalmente ele pode orgulhosamente dizer à boca-cheia que esteve lá, in situ velopaticum est, neste que é certamente um marcante momento na história da passagem da bicharada humana por este Terceiro Calhau a contar do Sol.

Para uma geração que s´acarditava desprovida de qualquer futuro registo histórico… Nada mau mas… Podia ser melhor?

Podia.

Refere a ancestral sabedoria popular que para um bicho humano se sentir pleno e concretizado deve plantar uma árvore. Escrever um livro. Ter filhos.

Fazer um filho é daquelas que nem argumentação tem; a reprodução sexuada é algo que o Velopata sempre agradecerá a dádiva da Mãe Natureza. Ou vá, a simulação de fazer filhos.

Plantar uma árvore parece-lhe um pouco descambido, até porque plantar eucaliptos é perigoso e nunca esquecendo que mais cedo ou mais tarde, neste rectângulo à beira mar mal plantado, esse eucalipto arderá num incêndio e a história ainda termina com o Velopata a ser processado ou pior, linchado por uma furiosa multidão de donos de habitações ardidas.

Já escrever um livro até é tarefa que se encontra nos planos velopáticos mas lá está… A avaliar pela recepção dos milhares de milhões de fãs aos equipamentos que ele desenhou bem como à entrega das medalhas anuais da Divisão Velopata, o romance velopatóide seria certamente um campeão de vendas, atingindo a espectacular fasquia de… 1 cópia vendida. E provavelmente adquirida pela Srª Velopata (apenas para o Velopata não equacionar o suicídio).

Simular a produção de filhos. Escrever um livro. Sobreviver a uma pandemia.

Assim é que devia ser.

Mas para uma maior satisfação e concretização pessoal, o Velopata preferia poder dizer, por exemplo, que ele e família sobreviveram a um apócalipse zombie, uma catástrofe natural como um meteorito ou terramoto, uma catástrofe natural como o Ventura ser eleito Primeiro-Ministro quiçá mesmo uma Pandemia sim, mas o Velopata preferiria sempre uma Pandemia sob o jugo opressor de um vírus mais nefasto… Como um daqueles capazes de transformar as tripas em merda, falecendo-se aí ao fim de 2 ou 3 dias de infecção por asfixia na própria merda que brota de todos os orifícios corporais.

Abundantemente simular a produção de filhos. Escrever um livro. Sobreviver a uma Pandemia daquelas que leva tudo à frente e o consequente Binapócalipse.

Assim sim, um Velopata pleno e realizado.

À macho.

Por entre os milhares de milhões de mui queridos leitores, muitos optaram por expressar e partilhar com o Velopata a sua preocupação com os negros tempos abstémios velocipédicos que atravessamos, discordando da idéia que rapidamente nos encontramos a pedalar a todo o FTPmax na direcção do Binapócalipse.

O que só leva o Velopata a s´acarditar que ainda não haveis compreendido bem a natureza do bicho humano.

Com a saída do Estado de Emergência, lentamente as sociedades regressarão a seus marasmos quotidianos da era pré-Covid-19. Só que em menores concentrações por metro quadrado de bicho humano, estabelecendo-se regras limitantes para aglomerações em espaços públicos e semelhantes decretos-lei, assegurando que mais e mais e mais e mais e mais e mais e mais e mais liberdades nos são retiradas sem muita indignação digital.

E porquê?

Porque, já dizia Sartre, todos conhecemos de cor e ginjeira as bestas que os outros são.

Com a cacetada (sendo esta uma onde nos afinfaram com os cacetetes virados ao contrário), que o Sistema Capitalista levará com toda esta inesperada paragem de movimentação do capital… Muitos esquecem que a vasta maioria do bicho humano comum civil português terá de sobreviver aí entre 1 a 2 meses auferindo apenas o suficiente para as despesas mínimas como alimentação, vinho e cerveja. E isto se os prognósticos de final do jogo estiverem correctos e coiso…

Assim, não será de todo descambido o Velopata afirmar que rapidamente, muitos vaiam perceber que a esquecida e ostracizada Bicicleta será a única opção viável para suas deslocações quotidianas – se o ordenado mal chegará para as despesas básicas…

E é precisamente neste ponto de Crash e Reset que as elites governativas podiam aproveitar para tentar de algum modo influenciar a mudança do paradigma, retirando boa parte do poder ao vil jugo opressor tirânico do enlatado, mas como a história já nos mostrou, tudo indica que aprender com os erros do passado não é coisa que assista assim tanto ao bicho humano.

Adiante.

À medida que o tráfego velocipédico (ou será tráfico?; nunca esquecendo que se escreve sobre Ciclistas e no Binapócalipse, os inspectores da Autoridade Anti-Doping continuam em teletrabalho), aumenta nas nossas urbes, é apenas natural que os Encontros Imediatos de Velocipédico Grau entre as mais variadas estripes de utilizadores de Bicicleta ocorram, sendo importante por demais que nos encontremos todos preparados para lidar com as diferenças uns dos outros.

Tendo já explicado aqui aos mui queridos leitores tudo o que necessitarão adquirir para sobreviver ao Binapócalipse, o Velopata muito matutou como quem matura mesmo apenas para chegar a uma conclusão – um guia prático para identificação das vários tribos urbanas de utilizadores de Bicicleta que nascerão na era pós-Covid-19 revela-se importante de modo a salvaguardar o prolongamento e sobrevivência do Homo sapiens velocipedicus.

Deste modo, podeis regozijar com a identificação e extensiva descrição dos variados tipos de utilizadores de Bicicleta que encontrareis brevemente pela estrada, bem como umas dicas de como lidar corretamente com estes, salvaguardando assim vossa segurança e idoneidade.

Não têm de quê.

Os ET´S

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Os ETs (sigla que carinhosamente significa Enlatado Transformado), serão a tribo velocipédica mais numerosa do Binapócalipse, compreendendo todos aqueles que antes únicamente se deslocavam enlatados, vendo-se agora forçados a recorrer à Bicicleta.

É importante notar que por entre os Enlatados Transformados podemos encontrar várias categorias; definidas não só através da análise das diferentes Bicicletas que utilizam (variam desde Bicicletas Team ou EMT adquiridas num qualquer hipermercado até Bicicletas de vários milhares de milhões de eirios, todas full carbon aero carbon e provavelmente compradas na candonga a um qualquer desprezível ladrão de Bicicletas), mas também através de seu modus operandi.

E porquê?

Porque dois postulados se revelarão imutáveis no quotidiano pós-Covid-19;

a) lá porque agora pedala, nem todo o bicho humano deixa de ser uma Besta.

b) mesmo de Bicicleta – a minha pressa é e será sempre maior que a tua.

Como identificar: geralmente com excesso de peso, a identificação do ET é essencialmente conseguida através da leitura de seus comentários nas redes sociais – o ET é aquele que na era pré-Covid-19 bradava a full Caps Lock que todos os que utilizam uma Bicicleta devem ser obrigados a usar capacete, ser detentores de seguro e pedalar apenas nas ciclovias, no entanto, chegada a sua hora de se fazer à estrada, o ET não usa capacete, não tem seguro, não pára no sumáfro vermelho (mantendo aquela sua tendência da era pré-Covid-19 que o sumáfro amarelo significa passar mais depressa), e pedala por onde bem lhe aprouver, passeios incluídos. É que para o ET a Bicicleta é e sempre será um temporário mal necessário e não um veículo.

Como lidar: não há muito a fazer senão manter uma distância de segurança desta desculpa de hominídeo aí de 1 ou mais quilómetros. E nunca, nunca ler os comentários por eles escritos no reino internético sob pena de sofrer uma violenta expulsão involuntária de conteúdo estomacal. Por sorte, encontros com ETs rapidamente cessarão – assim que a capacidade financeira destes seja restabelecida, suas Bicicletas voltarão ao apodrecimento nas sacadas e regressará seu uso exclusivo do enlatado bem como a partilha de comentários absurdos e desprovidos de qualquer sinal de inteligência pelo reino internético.

O CAÇADOR-RECOLECTOR

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A segunda tribo velocipédica mais numerosa do Binapócalipse, englobando a totalidade dos bichos humanos anteriormente na bitola da classe média (e restantes classes abaixo), para além de um ou outro classe alta que não soube lidar corretamente com a Pandemia, estourando o que tinha e não tinha em convívios com fêmeas de profissão duvidosa, bebidas espirituosas e drogas.

Como identificar: partilhando muitas semelhanças com os ET´s no que à opção de Bicicleta respeita, são duas as principais diferenças morfológicas que permitem a fácil distinção entre Enlatados Transformados e Caçadores-Recolectores;

  • tendo passado muita larica como quem passa muita larica mesmo, os Caçadores-Recolectores apresentam uma compleição notóriamente mais próxima do etíope;
  • os Caçadores-Recolectores encontram-se sempre munidos de uma arma.

Este é o mais importante adereço, essencial à sobrevivência do Caçador-Recolector no Binapócalipse – a arma.

É que com os motins e consequente depleção de bens de primeira e outras necessidades, a arma torna-se ferramenta central no cumprir da luta quotidiana do Caçador-Recolector – roubar, pilhar e matar outros bichos humanos na eterna demanda por víveres.

Como lidar: todas as cautelas serão poucas quando lidando pessoalmente com Caçadores-Recolectores, suas mentes obstipadas (ou lá o que é), com um só pensamento; obter mais álcool e álcool-gel, açambarcar mais e mais rolos de papel higiénico pelo que, o ideal será evitá-los ao máximo. Em última instância, no caso de perseguição por uma enfurecida e esfomeada horda de Caçadores-Recolectores, o mui querido leitor pode sempre tentar jogar para o chão uma barrinha de energia, esperando assim distraí-los. E nem precisa ser da Prozis.

IDOSOS

Podiam facilmente ser a terceira tribo velocipédica mais numerosa, no entanto, tendo em conta que durante os tempos da Pandemia, a vasta maioria não soube ficar socialmente isolada no lar, saíndo constantemente por dá cá aquela palha de desculpa esfarrapada, os idosos são uma espécie de O.V.N.I. no Binapócalipse – supostamente estão extintos mas aqui e ali surgem relatos de avistamentos, alguns excrementos são encontrados em descampados e uma ou outra algália usada é encontrada ao abandono.

OS DISTRIBUIDORES

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A tribo velocipédica que nunca cessou a pedalada, verdadeiros heróis sociais durante a Pandemia de Covid-19 e agora no Binapócalipse.

Após muita pressão civil, a Assembleia da República reverá os estatutos deste nobre métier de distribuição alimentar Greta-Friendly, passando todos os indivíduos que declarem esta actividade nas Finanças a poder candidatar-se a um Subsídio de Risco, nunca esquecendo que a esperança média de vida de um moçe nesta profissão é aí 1 a 2 semanas até aparecer estropiado e “suicidado” numa valeta qualquer, sem sinal dos produtos semelhantes a alimentos que carregava às costas – é que o Distribuidor é a presa de eleição do Caçador-Recolector.

Como identificar: o Distribuidor carrega sempre às costas uma pesada mochila identificativa da empresa onde labuta.

Como lidar: se derem por vós a passar larica daquela, só uma opção existe para lidar com os Distribuidores – persegui-los (daí a importância de se manterem activos e fit e coiso através dos rolos de treino durante o Isolamento Social), e roubar-lhes tudo à catanada.

O HOOLIGAN

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O campeonato desse desporto menor da bola está parado.

Sem acesso à sua dose diária do ciclo Jogo-Flash Interview-Comentários à Flash Interview-Comentários aos Comentários da Flash Interview-Conferência de Imprensa-Comentários ao Jogo-Comentários à Arbitragem-Comentários aos Comentários do Jogo-Comentários aos Comentários da Arbitragem-Comentários aos Comentários da Conferência de Imprensa-Comentários-Comentários aos Comentários-Comentários à Notícia no Jornal Desportivo-Comentários aos Comentários dos Comentários à Notícia no Jornal Desportivo-Antevisão do Jogo-Comentários à Antevisão do Jogo-Comentários aos Comentários à Antevisão do Jogo-Conferência de Imprensa Pré-Jogo-Comentários à Conferência de Imprensa Pré-Jogo-Comentários aos Comentários à Conferência de Imprensa Pré-Jogo-Divulgação do Onze Inicial-Comentários à Divulgação do Onze Inicial-Comentários aos Comentários da Divulgação do Onze Inicial-Jogo, o que vaiam tantos jovens adultos saudáveis e fartos de tanta inércia fazer?

Eles não desejam roubar teus víveres ou dignidade esfíncteriana – já dizia o Mordomo Alfred; “há homens que só querem ver o mundo a arder”.

Como identificar: a Bicicleta do Hooligan é facilmente reconhecível a vários quilómetros de distância, chiando a cada revolução do pedal, dado ser construída com quadro e componentes provenientes aglomerados em muitos outros furtos. Deste modo, optar sempre pela atempada fuga em vez de aguardar o contacto com membros (regra geral, não andam a solo e sempre em pequenos grupos), desta tribo.

O CHEGÓFILO

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Cientes de que o retardado discurso de seu líder Ventura não mais é suficiente para fazer frente à bandalheira e desgoverno que o país atravessa, os Chegófilos vaiam sair do reino internético para as ruas, numa espécie de distópica milícia disposta a fazer justiça pelas próprias mãos – acabar com o Covid-19 (para tal erradicando as lojas dos chinocas), melhorar a qualidade de vida dos portugueses (terminando com os subsídios aos ciganos), e expulsar para fora da pátria todos aqueles cuja árvore genealógica não seja 100% nascida em Portugal aí até à quinta geração (promovendo a proliferação da sua tribo através da consanguinidade).

Mesmo nas situações que aparentam ser mais desequilibradas, a Mãe Natureza aparenta evoluir para encontrar seu equilíbrio – o Chegófilo encontra seu némesis na tribo do Predador Sexual (ver abaixo). É nesta fase do ciclo de vida que o Chegófilo pode ser confundido com o Caçador-Recolector, no entanto, a diferença reside na função da arma que ambos os dois carregam – se no caso do Caçador-Recolector serve para ameaçar, roubar e matar por víveres, no caso do Chegófilo, regra geral são escolhidas armas com lâminas com um único fim – proceder à castração do Predador Sexual.

Alguns antropólogos da era pós-Covid-19 apontam ainda a teoria que este acto de Caça & Castra de um Predador Sexual parece ser encarado pelos párias chegófilos como uma cerimónia de entrada na idade adulta ou cinturão seguinte ou lá o que é, no entanto, mais estudos in situ serão necessários.

Como identificar: aquando de uma pedalada na companhia de um Chegófilo, sua identificação é simples – basta ouvistá-lo a falar um pouco para entendermos que, na sua patética opinião, todo o descalabro da sociedade pré-Covid-19 se deve às minorias étnicas.

Como lidar: explicar a um Chegófilo que a culpa do Covid-19 não é das lojas dos chineses que em conluio com os extraterrestres o espalharam através do 5G, as vacinas não fazem mal, o Planeta Terra não é plano e a culpa dos desfalques financeiros de BES & Cia. não é dos ciganos pode parecer tarefa impossível, no entanto, alguns investigadores apontam para uma metodologia que aparenta surtir alguns efeitos nas suas mentes – tudo indica que, durante uns dias, enclausurar o Chegófilo numa cela apenas com a companhia de um saudável jovem africano nativo da Cova da Moura cuja alcunha é Tripé, parece resultar numa chamada à razão, lógica e bom senso.

A ESTUDANTE DE ERASMUS

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Muitas procuraram Portugal pelas espectaculares condições de ensino na companhia de machos de quente sangue latino mas, infelizmente e para muita penas dos Camarinhas & Cia. deste rectângulo à beira mar mal plantado com eucaliptos em monte, o Estado de Emergência e Isolamento Social ditado pelo (des)governo fez com que muitas não pudessem realizar seus “trabalhos práticos”.

Felizmente, findo o Isolamento Social, muitas regressarão às estradas, tornando-as assim muito mais bonitas e aptas para a rebarba gratuita.

Como identificar: dotadas de uma pedalada fresca e airosa, podem ser confundidas com portuguesas nativas de Ermesinde, no entanto, sua atitude perante as rebarbadas investidas de um macho latino é bastante diferente – todos sabemos que as portuguesas são uma carga de trabalhos para convencer à prática do amor bom, já as Estudantes de Erasmus aparentam nunca estar cansadas para “trabalhos práticos”.

Como lidar: nunca ultrapassar e aproveitar aquela magnânime visão que é proporcionada ao pedalar na sua roda.

O PREDADOR SEXUAL

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Aquela tribo onde uma imagem vale mais que mil palavras.

Como identificar: regra geral, não pedalam com licra ou roupa civil preferindo sempre um hábito. Podem ou não carregar ao peito cruzes de ouro cuja venda facilmente pagaria a dívida de um qualquer país africano, no entanto, é convicção do Predador Sexual que a obrigação de ajudar o próximo é e será sempre dos outros.

Como lidar: chamar um Chegófilo, comprar um pacote de pipocas e desfrutar o espectáculo.

O PRÓ

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Outrora trazendo alegria às estradas por onde passava, o multicolorido pelotão dos Profissionais de Ciclismo desaparecerá.

Na era pós-Covid-19, seria de esperar que bichos humanos que deliberadamente e na posse de todas suas funções psicomotoroas optaram por uma glamorosa vida de dor e sofrimento e miséria e fome e vento e frio e chuva e calor abrasador e drogas e salários miseráveis, continuassem sua influenciante labuta.

Mas não.

Com o advento de plataformas como Zwift, lentamente os Prós deixaram estradas e trilhos apenas para se concentrar nesta espécie de corridas internéticas.

O que não surpreende se atentarmos à situação social; relatos correm que por entre os Caçadores-Recolectores, as barras de energia dos Prós eram o melhor vívere que se podia roubar, chegando mesmo uma barrinha de recuperação com 20% de proteína da Prozis a atingir o valor de cinco mil eirios no mercado negro.

Abandonando as estradas e trilhos, o Ciclismo como conhecemos extingue-se.

Giro, Tour e Vuelta são substituídos por entusiasmantes horas e horas de Zwift num ecrã de computador.

A Eurosport vai à falência.

As boas notícias são que Olivier Bonamici finalmente tem direito a um programa televisivo em horário nobre sobre culinária e gastronomia portuguesa que apresenta todo nú e Paulo Martins vence a Geral Individual da Volta a Portugal 2021, após uma muito concorrida edição disputada no Zwift com seu grande rival Marco Chagas.

Como identificar: a identificação do Pró é simples – são os únicos Ciclistas que rigorosamente utilizam a indumentária completa de suas equipas, por oposição ao Atleta de Fim de Semana (ver abaixo), com o qual pode ser confundido, não obstante a diferença no que ao pandã respeita; uma vez que estes Atletas de Fim de Semana não mostram um pingo de vergonha ao pedalar com uma Bicicleta Specialicoisa, capacete da Lotto-Soudal, jersey da Ineos, bib shorts da Tinkoff, peúgos da Movistar, luvas da Sky, um bidon da Jumbo-Visma e outro da UAE Team Emirates.

Como lidar: tentar acompanhar a roda do Pró será tarefa impossível para o mais versado dos mortais ressabiados pelo que, a única opção viável será tentar pedir-lhe uma selfie, assim garantindo um maior número de Likes e Kudos e coiso pelas redes sociais. A não ser que estejam a atravessar uma complicada fase no orçamento familiar que se traduza em larica daquela – nesse caso, se apanharem um Pró na rua deveis tratá-lo como as Distribuidores, roubando à catanada todas as barrinhas de energia que consigam.

O ATLETA DE FIM DE SEMANA

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À semelhança dos heróis da distribuição alimentar já referidos acima, o Atleta de Fim de Semana também não cessou sua pedalada durante o Estado de Emergência, uma vez que, ao contrário dos Prós cuja vida depende do acto velocipédico,  palavras como “Isolamento Social”, “Quarentena”, “Responsabilidade” ou mesmo “Altruísmo” encontram-se completa e totalmente ausentes do seu léxico.

Como identificar: distinguir o Atleta de Fim de Semana de outras tribos é uma tarefa relativamente simples, bastando estar atento aos seguintes sinais que, regra geral, mais ou menos todos evidenciam;

– a já referida dismorfia no que à indumentária respeita;

– suas Bicicletas custam o equivalente ao déficit de um qualquer país africano mas se o mui querido leitor lhes pedir trinta eirios para participar numa prova, responderão que tal é um assalto à sua carteira;

– se a Bicicleta do mui querido leitor não fôr de valor monetário semelhante ou superior, o Atleta de Fim de Semana considera-lo-á sempre um espécime de bicho humano inferior;

– estudos apontam para uma elevada incidência de daltonismo ou uma espécie de dislexia visual entre os membros desta tribo, uma vez que raramente são ouvistos a parar no sumáfro vermelho (à semelhança dos ET´s, o Atleta de Fim de Semana sabe que o sinal luminoso amarelo significa acelerar e passar o mais rapidamente possível). Defensores dos direitos dos animais apontam ainda para o facto do sumáfro vermelho não passar de um atentado à liberdade individual do Atleta de Fim de Semana, castrando-o de conseguir aquele tão almejado KOM.

– sendo a nobre arte velocipédica uma onde todos os gramas contam, o Atleta de Fim de Semana pode ser identificado através do modo como se desfaz dos invólucros plastificados de suas barrinhas de energia – o Atleta de Fim de Semana joga-os para o chão, uma vez que aqueles gramas excessivos fazem toda a diferença entre o KOM e a miséria strávica.

– ao contrário das restantes tribos, suas pedaladas são medidas em Selfies por Quilómetro, acarditando-se o Atleta de Fim de Semana que naquela sua volta de 25 quilómetros, as 30 fotografias de um plano fechado de sua fronha dissimulada por entre capacete e óculos de sol pode interessar a alguém que não sua narcisa mente.

Como lidar: interacções com Atletas de Fim de Semana são praticamente impossíveis pois é certo e sabido que cumprimentar outros ou mesmo pedalar durante uns minutos em amena cavaqueira se traduz em tremendas perdas ao nível do aero e da média.

O CICLISTA

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A tribo velocipédica que já em antes do Binapócalipse recorria à Bicicleta, sendo irrelevante se o faziam para suas deslocações quotidianas, a prática de actividade desportiva ou simplesmente pelo prazer de pedalar.

A par dos Distribuidores, são das tribos mais corajosas, uma vez que mesmo na ausência de Ciclovias e sabendo que a cada saída para a estrada arriscam a vida, não desistem. Nem mesmo aquela idéia de estropiamento por 1 tonelada de enlatado os parece demover da sua convicção de melhorar a qualidade do ar que respiramos a cada revolução do pedal.

Como identificar: o mais eficaz método identificativo do Ciclista consiste na observação in situ do seu comportamento, sendo apontado por inúmeros prestigiados investigadores que os membros desta tribo, regra geral, não se comportam como asnos munidos de um pedaço de plástico esquisito (ou alumínio), com rodas.

Como lidar: pagar-lhe uma(s) min(s) ou média(s), acompanhadas de um pirezinho de tremoços, frutos secos ou outros tipos de marisco.

 

E vós, mui queridos milhares de milhões de leitores? A que tribo pertencem ou pensam juntar-se?

Comentem à vontade (podeis mesmo indicar uma ou outra tribo que o Velopata possa ter esquecido), e sem medo de represálias velopatóides, excepto se forem Predadores Sexuais. Nesse caso, o Velopata garante que não terá qualquer problema (ou dificuldade), em encontrar um Chegófilo a quem possa passar vosso contacto e morada para que ambos os dois usufruam de um simpático tête-à-tête.

 

Abraços (à segura distância higiénica) velocipédicos,

Velopata

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