Segurança.
Substantivo feminino.
Acção ou efeito de se tornar seguro. Estabilidade. Firmeza.
Estado, qualidade ou condição de quem ou do que está livre de perigos, incertezas, assegurado de danos e riscos eventuais, situação onde nada há a temer.
in Diccionário Priberam da Língua Portuguesa,
em conformidade com o Acordo Ortográfico e apto para glutenofílicos.
Com um elevado grau de confiança, o Velopata pode afirmar que no decurso da evolução humana, aqui e ali surge um ou outro bicho humano capaz de desenvolver raciocínios e lógicas que contestam o status quo, assim levando à evolução, seja através do desenvolvimento de novos modelos de pensamento ou invenção de tecnologias.
Foi assim com Copérnico, Einstein, Tesla, Érica Fontes e muitos outros.
Sendo facto conhecido que a mudança nem sempre é coisa que agrada à maioria dos bichos humanos, afinal, quem é que aprecia carregar máquinas de lavar para um quarto ou quinto andar sem elevador?; por vezes a bicharada humana apenas atribui o devido crédito a nomes como os acima escritos quando estes já se encontram em estado postmortem.
Que é o que aparenta estar a ocorrer com um dos grandes génios deste século XXI.
Carlos Barbosa.
Presidente do ACP.
Que é o Auto… Automó… Enlatado Clube de Portugal.

Corria o dia 25 de Abril Sempre!, aquele fatídico dia onde, segundo o Velopata conseguiu apurar pela quantidade de indignados comentários internéticos, a vida dos portugueses mudou para muito pior, quando uma notícia inundou o feed facebookiano do heterómónimócoiso velopático;
E mais depressa que a sífilis por entre os concorrentes da nova edição do Big Brother, a discussão alastrou a todos os quatro cantos deste pequeno rectângulo à beira mar mal plantado com eucaliptos em monte.
Se por um lado alguns concordariam em ver as medidas propostas implementadas, do outro lado da barricada muitos há que discordam veemente.
O que parece ao Velopata que todos falharam em ver é o seguinte;
Carlos Barbosa e sua equipa de génios do ACP podem muito bem ter descoberto uma lógica que resolverá os problemas da bicharada humana neste Terceiro Calhau a contar do Sol.
O mui querido leitor duvida?
Façamos então o exercício mental de esmiuçar as 4 básicas conclusões com que o ACP nos brinda;
a) para aumentar a segurança dos Ciclistas, o uso de Capacete deve ser obrigatório.
Este estudo aponta para o facto que o uso de um objecto construído numa espécie de esferovite esquisita e em forma de penico, quando colocado sobre a cabeça de um bicho humano, claramente aumenta a sua segurança aquando de sua deslocação na via pública ao comando de uma Bicicleta.
Só não vê isto quem não quer.
Aliás, é por este motivo que quando o Velopata sai para uma pedalada munido do seu Kask Mojito, o número de enlatados que respeita a distância de segurança de 1,5 metros dispara (99,99% respeitam), ao contrário de quando o Velopata não usa capacete (onde só 1 a 2% respeitam).
Mesmo aquando de cruzamentos e intersecções onde o Velopata se apresenta com prioridade sobre o enlatado, o uso de capacete aparenta acordar um qualquer espírito altruísta no enlatado, verificando-se que 99,99% dos enlatados respeitam a prioridade, no entanto, se o Velopata não utilizar capacete, apenas 1 a 2% dos enlatados respeitam o sinal de STOP ou o triângulo.
E se o mui querido leitor ainda tem dúvidas da eficácia da implementação desta medida… Uma das maiores causas de falecimento são as lesões e traumatismos craneoencefálicos que decorrem das escorregadelas nas banheiras – a obrigatoriedade do uso de capacete enquanto um bicho humano dá banho claramente aumentaria a segurança de todos.
Mas há mais.
Dizer que o capacete aumenta a segurança de um Ciclista é o mesmo que dizer que o uso de calças de ganga ou um cinto de castidade aumenta a segurança das fêmeas que frequentam estabelecimentos de diversão nocturna, assim evitando, por exemplo, violações.
Ainda na era pré-Coronavírus, o Velopata efectuou uma pedalada onde passou pela aldeia de Xabregas Atrás Do Sol Posto, cuja população ronda os 10 indivíduos e a média de idades os 90 anos), tendo ouvistado o Ti Manél a pedalar na sua Yé-Yé do século passado, numa pedalada de 500 metros até ao fundo da rua para ir comprar o pão matinal.
Sem colete reflector, capacete ou seguro e pedalando na estrada porque em Xabregas Atrás Do Sol Posto as ciclovias ainda não chegaram.
Será que o Ti Manél não vê o perigo que é para si próprio e para os outros?
b) para aumentar a segurança dos Ciclistas, estes deviam ser detentores de um Seguro Obrigatório.
Em relação ao Seguro Obrigatório, o comportamento dos utilizadores enlatados da via pública quando confrontados com uma Bicicleta aparenta ser bastante diferente daquele que se verifica com o uso do capacete.
Tomai o Velopata como exemplo; sempre que ele se aproxima de um cruzamento onde tem prioridade sobre um enlatado, naquela momentânea troca de olhares que existe, o enlatado topa logo pelo face velopática que ele (o Velopata), não tem qualquer tipo de seguro e claro, atira sua lata na frente do Velopata.
Já se o Velopata tivesse seguro, certamente o enlatado pensaria “epá, este Ciclista tem seguro logo vou respeitar o Código da Estrada e não o vou tentar matar”.
Só não vê isto quem não quer.
Dizer que um Seguro Obrigatório aumenta a Segurança dos Ciclistas é o mesmo que dizer que uma fêmea fazer um Seguro de Vida quando casa com um macho, aumentará sua Segurança no que à Violência Doméstica respeita.
Mas é que é lógico.
Mais engraçado ainda é ver a discussão que se alevantou por entre os muitos grupos facebookianos de Ciclistas – claramente parece existir uma cisão nestes grupos, acarditando-se uns que sim, esta seria uma medida excelente, já outros discordam totalmente.
É de realçar que a vasta maioria dos que s´acarditam que este Seguro aumentaria sua Segurança são daqueles atletas ressabiados que partilham pela internet as suas proezas de cento e tal quilómetros ao fim de semana mas, no quotidiano, pedalar 5 Km entre o lar e o local de trabalho não dá porque… Não há condições. O que é só estranho uma vez que todos usam capacete e muitos afirmam ter seguro…
Mas num ponto todos parecem concordar – um enlicrado de fim de semana que faz muitos quilómetros deve ser portador de seguro, já para uma moçinha de 5 anos de idade que gosta de pedalar no seu triciclo na rua em frente a sua casa não faz qualquer sentido – até ao momento em que ela, por acidente, embate num qualquer enlatado estancionado ilegalmente em cima do passeio e aí – quem é que paga os avultados danos na lata?
Resumindo, para todos parece que a existência de um Seguro Obrigatório dependeria da quantidade de quilómetros que o indivíduo faz ao comando de uma Bicicleta.
Sempre disposto a contribuir como quem contribui mesmo, o Velopata aproveita para propôr aquela que seria uma medida revolucionária no que à Segurança respeita – todas as Bicicletas, Trotinetes, Patins em Linha e Skates deviam ser obrigados a ter uma conta e perfil strávico, podendo as forças da Autoridade controlar a quantidade de quilómetros realizados, assim definindo se esse bicho humano necessitaria seguro ou não.
E se o mui querido leitor ainda tem dúvidas que esta lógica resolveria muitos dos problemas de segurança das estradas portuguesas, atente na situação que o Velopata ouvistou in situ.
O dia era de um atroz vendaval e o Velopata fumava um cigarrito na sua sacada enquanto rebarbadamente observava uma de suas vizinhas (que ele desconfia ser nativa de Ermesinde), estendendo uma máquina de roupa.
Acontece que, devido ao referido vendaval que se fazia sentir, uma t-shirt escapou-se das mãos da moça e saiu voando pela atmosfera até… Cair sobre o vidro frontal de um enlatado.
Claro que com o susto, o condutor do enlatado perdeu o controlo da viatura e acabou embatendo violentamente contra um poste de electricidade.
Assim, não podemos senão questionar-nos se as pessoas que estendem roupa em dias de vento não deveriam também ser portadoras de seguro.
E em antes que venham daí dizer que essa é uma situação pontual e descambida, alembrai-vos que apenas 1% DE TODOS OS ACIDENTES NA UNIÃO EUROPEIA ENTRE ENLATADOS E BICICLETAS OCORREM POR CULPA DO CICLISTA.
E se este 1% torna necessária a existência de um seguro, então o Velopata não entende porque razão não se deva aplicar esta mesma lógica a todas as restantes actividades humanas como… Estender roupa.
Ou como quando o Velopata foi atingido por um pombo enquanto pedalava na baixa farense, arriscando uma perigosa queda – porque razão não pagam as associações columbófilas da região um seguro obrigatório para cada pombo? Ou o Instituto de Conservação da Natureza pagar um seguro por cada javali à solta, nunca esquecendo o estrago que estes provocam nos enlatados quando decidem vir brincar para o alcatrão – claro que aqui há sempre quem afirme que a solução ideal seria a construção de Javaliovias mas quanto a isso já lá iremos.
c) para circular na via pública, os Ciclistas devem sujeitar-se a uma prova de conhecimentos.
Apesar de no Universo Velopático Conhecido, o Velopata desconhecer a existência de Ciclistas não detentores de Carta de Condução, nunca nos podemos esquecer que muitos bichos humanos desconhecem o que é um sinal de STOP, um triângulo de prioridade ou até mesmo uma passadeira, existindo mesmo muitos que confundem a direcção direita com a esquerda, assim resultando numa confusão total no que à cedência de prioridade respeita.
Deste modo, o Velopata não pode senão concordar com esta medida – assim que um bicho humano complete a idade na qual se encontre apto para utilizar um Triciclo, uma Trotinete ou uma Bicicleta na via pública, a realização de uma formação ou curso subordinado ao Código da Estrada (e respectivos exames teórico e prático), devia ser obrigatória. Só assim poderíamos ter a certeza, enquanto evoluída sociedade, que todos saberiam o que é um sinal de STOP, para que serve um sinal vertical luminoso amarelo ou mesmo quem detém a prioridade numa passadeira. Como aliás se vê com os enlatados, sempre respeitadores porque já têm este curso tirado mas, infelizmente, vítimas do desrespeito dos Ciclistas e peões na via pública a quem estes básicas regras nunca foram ensinadas.
d) são necessárias mais Ciclovias para que os portugueses ponderem recorrer à Bicicleta como meio de transporte.
Voltamos a bater na mesma tecla (que por sinal é a 3) – a única razão pela qual um enlicrado consegue percorrer cento e tal quilómetros por vales e montanhas durante o fim de semana mas não consegue recorrer à Bicicleta para se deslocar três ou quatro quilómetros entre seu lar e local de trabalho no quotidiano, prende-se com o facto de não existirem Ciclovias.
Lá está, só não vê isto quem não quer.
Ainda assim, o Velopata é forçado a dar a manete à palmatória – nunca esquecendo que se há coisa que os bichos humanos mais gostam de fazer é partilhar o seu quinhão, sem dúvida que a segregação dos veículos não-enlatados para vias destinadas a seu uso exclusivo promoveria sua segurança. Um pouco como na terra dos livres e lar dos bravos, onde os amaricanos aprovavam a existência de lugares reservados às diferentes etnias de bicho humano nos transportes públicos – assim conseguindo conviver salutarmente.
Assim, a construção de Ciclovias adquire uma importância fulcral no futuro da mobilidade sustentável da bicharada humana; promove-se uma maior acessibilidade de malta que gosta de passear os canídeos, fomenta-se a prática do running e footing e coiso e muitas outras actividades para as quais servem as Ciclovias.
Posto isto, só uma questão se coloca; terão Carlos Barbosa e Rafael Barbosa (nome que assina a reportagem do JN e que faz um Velopata acarditar-se que há aqui um je ne sais quois de Raríssimas em versão enlatada), sofrido algum tipo de lesão craneoencefálica?
Ou vamos continuar a não aproveitar estas iluminadas idéias de brilhantes mentes cuja única preocupação é claramente o bem estar comum? Isto é gente que, no mínimo, merecia ser já enviada para o Panteão Nacional…
E agora, com licença que o Velopata vai só ali lavar os bonitos olhos castanho-esverdeado com abundante lixívia, finda a leitura daquele pedaço de seborreia jornalística.
Abraços (à segura distância higiénica) velocipédicos,
Velopata