O assassinato do Ciclismo Feminino pelo covarde Lappartient

UCI.

Sigla que, ao contrário da ultimamente ouvista pelos noticiários, significa União Ciclista Internacional.

Na sua essência, esta UCI mais não é que o corpo governativo regulador de toda a actividade velocipédica profissional, semi-profissional, amadora e amadora de fim de semana neste Terceiro Calhau a contar do Sol, uma espécie de F.I.F.A. só que dedicada a um desporto nobre e evoluído, aplicando-se uma metáfora de mais fácil compreensão para o mui querido leitor civil.

Corria a semana sabe-se-lá-quantas do Isolamento Social velopatóide quando um email chegou a sua caixa de correio – seu cónécte na UCI confirmava o adiamento do Giro, as novas datas do Tour, a presumível data da Vuelta e ainda a não alteração das datas destinadas aos Mundiais.

Informação privilegiada, portantos.

Para os mui queridos leitores confirmarem que o Velopata não anda para aqui simplesmente publicando baboseiras provenientes de fontes pouco fidedignas.

É isso e telefonemas pela madrugada, apenas para o Velopata ouvistar uma sôfrega respiração do outro lado da linha mas, teorias de conspiração à parte, pode também dar-se o caso de ser apenas uma qualquer vizinha, fã das sessões de auto-mutilação nos rolos mas envergonhada para questionar porque razão ele (o Velopata), não treinou neste ou naquele dia, ávida que estava da bela visão daquele somali a súar os bofes numa Bicicleta que não sai do sítio.

Lendo aquele email que, qual Missão Impossível, se auto-destruiria 5 segundos finda a sua leitura, o Velopata não pode deixar de reparar – onde estavam as alterações ao calendário de Ciclismo… Feminino?

Quando se poderá voltar a regalar a vista com uma corrida de Bicicletas onde fêmeas ressabiam como quem ressabia mesmo, envergando multicoloridas e apertadas licras pejadas de publicidade a enchidos?

puckmoonen1
Puck Moonen, Ciclista profissional holandesa da Chevalmeire Cycling Team.
liz hatch
A já reformada Ciclista profissional amaricana, Liz Hatch, certamente não mais pedalando pela Lotto Ladies Team por outros motivos que não falta de saúde.

O que têm Puck Moonen e Liz Hatch em comum?

Para além de uma excelente saúde, é claro.

O Velopata preferiria assistir a degustação carocheira entre elas a qualquer dia, qualquer hora, qualquer etapa, qualquer altimetria… Que ter de assistir a machos escanzelados e enxaropados até ao limite da overdose pedalar nas mesmas multicoloridas e apertadas licras.

Mais; maior destaque dado ao Ciclismo feminino profissional e está cientificamente provado que os números de fêmeas civis dedicadas à nobre arte velocipédica também aumentariam. Tal traduzir-se-ia num ganho comunitário relevante pois a probabilidade do Velopata sair para uma pedalada e encontrar uma beldade enlicrada pedalando por aí seguiria a mesma curva tendêncial de aumento – em vez de encontrar constantemente presuntos de macho, por vezes, nem depilados.

Por exemplo, se no decurso de uma pedalada, o Velopata fosse forçado a optar pelo encontro com 1 dos 2 espécimes de Ciclista abaixo;

O Velopata não teria qualquer dúvida e preferiria sempre partilhar alguma quilometragem com o Ciclista da direita.

Adiante.

O ficheiro que o Velopata ouvistava não podia estar finalizado. Impossível. Onde estariam as novas datas das provas femininas?

E sem demoras, o Velopata tratou de esclarecer esta(s) dúvida(s), contactando directamente nada mais, nada menos que o próprio Chauviniste Lappartient, Presidente da UCI.

Que é a União Ciclista Internacional.

Não atendendo no telefone pessoal fixo localizado no seu próprio lar (facto que deixou Velopata e certamente mui querido leitor preocupados, dado o Isolamento Social decretado por toda a Europa, França e Suíça incluídas), apenas no contacto de telefone esperto foi possível estabelecer ligação com Le Chauviniste.

Mais estranha ainda foi a cacofonia com que o Velopata foi brindado quando alguém atendeu – dir-se-ia que do outro lado da linha, Le Chauviniste participava numa qualquer festarola com música a decibéis pouco recomendados pela OMS, uma sanfona meio Britney Spears meio Stripper, só que tudo cantado em avec.

(Nota velopatóide: como já vem sendo habitual, sendo o Velopata um moçe muita forte na Poliglotofilia, a conversa será aqui traduzida do avec para português.)

 

VeloPata: Bonsoir, Monsieur Chauviniste?

Lappartient: Qui? Quoi?

VP: Bonsoir, está a ouvi-lo?

L: Mais quoi?

VP: Está sim? Senhor Chauviniste? Está a ouvi-lo?

L: Sacré bleu! Qui?

VP: Senhor Chauviniste?

L: Ma qui est le chauviniste?

VP: Ah, boa tarde! Já o está a ouvir.

L: Qui est a ouvir? Hã?

VP: Quem lhe liga é o Velopata. Multifacetado filantropo velocipedista, não conhece?

L: Veloquoi?

VP: Velopa… Atentai… Poupemos esta sequência absurda aos mui queridos leitores enquanto ele ridicularizaria o facto de você desconhecer esse reputado blog. Ou blogue, como preferir.

 

(há uns instantes de silêncio onde apenas o matraquear da Edith Piaf versão stripper enche a linha)

 

L: Ah! Espera! Tu est telefonez parce que les strippers?

VP: Hã?

L: Les strippers! Estão avec toi?

VP: Desculpe mas… De que strippers está a falar?

L: Por causa que isto do confinamento social… On a organizé un escapadela higiénica con uns mais amies des plus grand cargos des mois grand instâncias e nos estames ici àrrete des strippers que non chegarem por causa que la quarentene et un bloqueio policial ou lá o que est. Toi non sabes rien?

O Velopata hesita, o matraquear pimba-avec do outro lado da linha teimando em obstipar o raciocínio velopático.

VP: Erh… Uhm… Atentai, o Velopata deu uma vista de olhos ao vosso novo calendário World Tour e… Bem, isto são grandes alterações, não?

L: Oui, oui, Beaucoup grandes.

VP: Explique lá mais um pouco para os mui queridos leitores entenderem, por favor.

L: On a mudado o Tour pour Agosto. A-g-o-s-t-o. I-n-c-r-o-y-a-b-l-e.

VP: I-n-c-r-í-v-e-l mesmo para dizer o mínimo… Ele reparou ainda que as corridas femininas parecem estar ausentes do calendário. Pode esclarecer?

L: Comment?

VP: Hã?

L: Quando arranquez le show des strippers?

VP: Uai, ma´ que strippers? O Calendário! As Corridas de Bicicletas com Mulheres!

L: Mais quoi?

VP: Atentai… Erh… Por exemplo, La Course, aquele versão mixuruca do Tour que vocês permitem as fêmeas fazer para as silenciar.

L: Ah, oui, sacré-bleu, les femmes!

VP: Sim, as corridas das femmes!

L: Descansa mes amie, les femmes estão ici. Si tu na pas des strippers…

VP: Ai o… As CORRIDAS DAS MULHERES EM BICICLETA PÁ!

L: Ah, oui! Les punani courses?

VP: Sim!

L: Je ne sais pas.

VP: Uai, como assim? Se vós não sabeis, que sois a UCI, quem sabe?

L: Les punani vão correr cher amie, descansa. Je estar a ver que tu est um daqueles rebarbées…

VP: Hã?

L: Tu não aimes des femmes? De punani?

VP: Desculpe mas o Velopata não o está a entender.

L: Nós temos beaucoup des femmes ici. Voilá! Les strippers arrive!

Por momentos, o Velopata acarditou-se que a comoção sentida através da linha se deveria ao facto de Le Chauviniste perder o controlo, excitadamente perdendo a chamada no telefone esperto. Só que não. A cacofonia muda. A Edith Piaf stripper é substituída por um slow de um qualquer aspirante a Joe Dassin só que em versão ressaca numa roulote às cinco da manhã.

VP: Então mas… Mas… Mas como podem arruinar assim todas as expectativas e ambições das atletas? Não vos preocupa o que pode suceder ao Ciclismo profissional feminino? Justamente agora que parecia pronto a desabrochar?

L: Ah, oui? Tu vouler un broche?

VP: Erh… Uhm… Não é bem isso. O verbo era desabrochar e…

L: Oh lá lá!

VP: Bem, a ausência de datas para as corridas femininas parecem indicar que se estão literalmente nas tintas para o ciclismo feminino…

L: Ah, oui, oh lá lá est… Oh mes amie Velopa… Velopate? Velopato?

VP: Velopata.

L: Velopate, tu non preocupez. Les punani terão lá les corrides delas parce que se non il será muito barulhento.

VP: Então não o preocupa o facto desta ausência de corridas poder levar ao término de muitas equipas, desintegrando sonhos e carreiras das atletas?

L: Oh lá lá mes amie, non est exagero, non?

VP: Uai, exagero?!?! O que vão todas aquelas mulheres que toda uma vida treinaram para ser atletas de topo fazer?

L: Oh… Je ne sais pas mais… Ici estão sempre a contratar.

VP: Aí onde, Senhor Chau… Senhor Lappartient?

L: Dans la maison de strip et… Oh lá lá!

 

PS velopatóide: texto fraquinho, muito fraquinho… Estarão os efeitos da Isolamentofilia a finalmente manifestar-se neste vosso companheiro, palhaço e amigo do duro circo que é a vida do pedal? Ou será que está em falta uma espécie de 25 de Abril (SEMPRE!), só que em menos chauvinista, menos machista e finalmente atribuíndo a merecida importância a esse animal tão bonito que a Mãe Natureza nos deu, a Fêmea?

 

Abraços (à segura distância higiénica) velocipédicos,

Velopata

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