Divisão Velopata – Se a Carocha não erra caminho, tê-la-ei pelo São Martinho

“Difícil” será um adjectivo que nem consegue sequer aproximar-se do quão complicado é encontrar uma palavra que consiga descrever sucintamente o que foi este décimo primeiro mês do ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove que é Novembro.

Primeiros, foi o encontro com um Guerreiro tombado na berma da estrada, horrenda situação que o Velopata jamais esquecerá e não deseja agora relembrar pois a memória ainda dói e desde esse fatídico dia, uma pedalada não houve em dolorosas imagens atrás de dolorosas imagens não lhe atormentem e fustiguem o cérebro.

Segundos, um acontecimento que deixou Portugal boquiaberto e indignado e ofendido e marafado – uma progenitora que deslargou seu bebé recém-nascido no caixote do lixo.

Independentemente de quaisquer considerações sobre que motivos levam uma progenitora a cometer tal repudiante acto, o Velopata reparou que ninguém atentou como quem atenta mesmo a outros sórdidos pormenores desta história;

  • aquela progenitora nem se deu ao cuidado de acondicionar devidamente o bebé, deixando o saco de lixo… Aberto. Isto é uma vergonha da qual ninguém fala e que em muito alembra o Velopata de um seu vizinho que passeia o saco do lixo aberto pelo prédio e é cá uma mistura de aromas e fragâncias que se entranha pelo elevador e escadas…
  • isto para não falar das manchas. É que já se sabe como são estes sacos de plástico contemporâneos Greta-friendly – não aguentam líquido nenhum lá dentro, começando logo a pingar. E o Velopata até aposta que nem uma fraldinha a energúmena foi capaz de colocar no bebé, assim manchando o piso todo até o deslargar no contentor, como o já referido vizinho velopático por vezes faz. O que é um perigo pois para além de um moçe poder escorregar, ainda tem de andar para ali no hall do prédio a fazer rally às manchas de sabe-se-lá-o-quê para evitar conspurcar os pneus da Bicicleta…
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Uma vergonha. Sé é verdade que deixar um bebé no Ecoponto é menos mau pois sempre dará para reciclar, infelizmente no Amarelo, aquele destinado a plásticos e metais, é uma falta de respeito para com os trabalh… Funcion… Colaboradores de recolha de resíduos. Pôrra, se até o chimpanzé Gervásio conseguia acertar no Ecoponto certo…

Enquanto a Sociedade clamava pelo sangue e cabeça da progenitora, também uma  horrorizada Srª Velopata assistia ao desenrolar da novela mediática em torno do caso.

Já o Velopata, não.

Mais que habituado a lidar com alguns dos piores comportamentos que os bichos humanos podem mostrar no interior de um enlatado de uma tonelada e quando cinco míseros segundos de sua vida podem ser perdidos em prol da segurança de outrém, estas são manchetes que em nada surpreendem o Velopata.

Surpresa e horror, não.

Ironia, sim.

Não deixa de ser caricato que dos inúmeros que se queixam do abandono protagonizado por aquela progenitora, muitos são os que deixaram seus velhos avós e pais ao abandono em suas casas, passando o resto de seus dias apenas na companhia histérica de Cristinas & Cias, até ao dia em que os vizinhos sentem um odor estranho no vão da escada, as Autoridades arrombam portas e são descobertos os restos mortais há muito já canibalizados pelo cão, gato ou piriquito esfomeado que, por acaso, até eram a única fonte de contacto mais ou menos humano que os abandonados pelas famílias tinham.

Um nação de gente que abandona velhos como trapos sujos e gastos… Tem cá uma moral…

Ou será… Será que isto é tudo apenas e só porque a progenitora abandonou o bebé num rasco contentor do lixo e não em recipiente apropriado, numa espécie de alucinada metáfora para a casa onde se deixam idosos ao abandono?

Como é que PAN & Cia. ainda não se lembraram disto – a criação de um contentor próprio para podermos descartar nossos velhos e agora-já-não-tão-queridos entes familiares e afins?

Velopata, sempre a contribuir como quem contribui mesmo e a troco de nada.

Mas não é apenas a marafada progenitora que ficou mal em todo este retrato social.

Na humilde opinião velopática, também os Sem Abrigo que encontraram o bebé meteram o pedal na poça.

Um bebé vale bué guito.

Seja no mercado de orgãos e transplantes, ou para casais que não conseguem fecundar a coisa, mesmo praticando o amor bom com fartura, um bebé apresentará sempre um elevado valor de mercado.

Conseguem explicar ao Velopata como aqueles dois Sem Abrigo não foram logo trocar o puto por eirios suficientes para vários pacotes de vinho do Lidl? Quiçá até avantajadas doses de dróga para suportar suas tóxicóindependências?

Já não se fazem Sem Abrigo como dantes, essa é que é essa.

Adiante.

Novembro continou e a Comunicação Social lá nos deu um breve descanso de tragédias, pelo menos até à desgraça seguinte.

Com oitenta e três primaveras de idade, Pou-Pou, o Eterno Segundo, partia para a sua última grande pedalada.

Raymond Poulidor.

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Pou-Pou nos tempos da glória velocipédica onde os Ciclistas não sofriam de asma ou necessitavam de Viagra para ser Homens. Assim mesmo, com H maiúsculo.

Não deixa de ser caricato que até na chegada em alto ao Além Velocipédico, Pou-Pou foi suplantado pelo seu rival que inúmeras vezes lhe roubou o Tour, Jacques Anquetil.

Karma is a bitch, dizem os cámones.

Que o Velopata acardita ser apenas preconceito.

Lá porque a moça deve ser natural de Ermesinde e protagoniza belas películas daquelas de acção boa, também não é necessário achincalhar desse brejeiro jeito, apelidando-a de rameira.

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“Os alongamentos são vitais para manter a saúde.”, afirma a talentosa actriz Karma RX.

Desculpai este pequeno à parte de pura rebarba velopática.

Ele (o Velopata), acarditou-se ser melhor deixar aqui um alívio cómico (e rebarbado), que de algum modo permitisse um ligeiro escape a tanta desgraça e miséria.

Até porque já no final do transacto mês de Novembro do ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove, uma última alarvidade social ainda acometeria este nosso pequeno recanto à beira mar mal plantado com eucaliptos em monte – a manif dos Agentes da Autoridade.

Vamos lá ver uma coisa; a profissão de Agente da Autoridade encontra-se entre os mais importantes métiers das sociedades contemporâneas,  árduamente labutando e tentando manter alguma espécie de ordem neste grande Zoo de bicharada humana, impedindo-o de descambar para o que seria uma autêntica Selva.

Como tal, é só ligeiramente preocupante quando assistimos enquanto aqueles que tomaram para si juramentos de Respeito, Integridade e Ordem Pública, mostram-se inclinados a apoiar Venturas e respectivo exército de súbditos Chegófilos.

Se as Forças da Autoridade são polarizadas com ideologias no mínimo, duvidosas, para não recorrer a outros adjectivos como nazistóides, fachóides ou mesmo mongolóides, então estamos muito mal parados.

É que pelo andar da carroça, um dia destes, ainda damos por nós numa Sociedade com um Sistema Judicial onde um moçe que rouba umas maçãs num qualquer hipermercado, apenas porque é última esgotada opção que tem para colocar algum chop-chop na mesa da família, vai de cana e um banqueiro, pobre coitado que de outro legal modo não conseguiria adquirir aquele (outro) luxuoso iate, fica à solta quiçá até sendo abraçado e condecorado pelo nosso Presidente Marselfie.

Ah, não… Espera…

Mas polarização como quem polariza mesmo ocorreu com a incendiada discussão que alastrou pelo reino facebookiano, envolvendo o gesto técnico-táctico manual protagonizado pelos Agentes da Autoridade Chegófilos e membros do Movimento Zero – aquela mão fechada em forma de orifício fecal e dedos mínimo, anelar e médio bem esticadinhos que dir-se-iam prontos a manobras de auto-sodomia.

No reino internético, uns bradavam que tal era claramente um gesto de facharia nazi, outros ripostavam publicando inúmeras imagens onde se podia confirmar que muitos outros bichos humanos, alguns até de etnias constantemente visadas pela facharia, também recorriam ao mesmo gesto.

Nunca esquecendo os postulados de um perito em facharia como só Rui Zink o sabe escrever em “Manual do Bom Fascista” – “um bom facho nunca admitirá que é facho” – é uma importante ressalva velopática destacar que tudo aponta para que os bichos humanos tenham perdido totalmente a noção da palavra “contexto”.

scuba diver having fun
Um mergulhador sinaliza que está OK.

Se um mergulhador como o da fotografia acima, mesmo pertencente à etnia caucasiana, protagonizar o tal gesto técnico-táctico, podemos inferir sobre a sua sanidade mental, afirmando que é um nazi mentecapto?

Só assim de repente, parece ao Velopata que não.

racista
O Velopata vai abster-se de legendar esta fotografia pois um dos pilares da educação de seus progenitores foi não troçar de bichos humanos com deficiências.

Já se um mongolóide com recalcamentos étnico-homosexuais realizar o mesmo gesto técnico-táctico enquanto segura livros de ficção científica que hipócritamente regem sua vida… Pois o Velopata acardita-se que para bom entendedor, meia pedalada basta.

E qual é a conclusão de tudo isto?

Cada vez mais o Velopata acardita-se que a humanidade não passa de um acelerado comboio em direcção a uma parede de betão com vários quilómetros de espessura e todos os passageiros correm para a carruagem da frente, ávidos de ver o comboio adquirir maior velocidade.

 

Resta pois esperar que Dezembro seja melhor.

Até porque qualquer coisinha menos deprimente será melhor que este mês de Novembro do ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove.

Ainda para mais quando se atenta que, para além da visita da Greta a Portugal (ui! O que isto promete!), aproxima-se a época do ano onde o amor, laços familiares, paz, empatia e harmonia e coiso são celebrados.

Que ouvisto por um extraterrestre, deve parecer é que neste Terceiro Calhau a contar do Sol se está efectivamente a celebrar… A Hipocrisia.

prontos.

Agora que o Velopata já deu largas à maionese cerebral ocupada com os acontecimentos que mais marcaram este mês de Novembro do ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove, vejamos que surpresas reservaram os já cerca de duzentos e oito membros do mais grande clube strávico que é a Divisão Velopata.

Jersey Papa-Quilómetros

1º Sérgio Coelho – 1789,7 Km

2º Professor Carochas – 1697,5 Km

3º O Velopata – 1156,1 Km

Pelo terceiro mês consecutivo, Professor Carochas falha o lugar cimeiro da contenda quilométrica do nosso mui estimado clube strávico, o que é só estranho – regra geral, quando um Ciclista adquire uma nova montada, os seus níveis de excitação urinária sobem até um nível tal que os quilómetros são devorados em monte, contudo, este não parece ser o caso de Professor Carochas que continua com humildes e modestas presenças nos pódios.

Deste modo, o Velopata não consegue senão questionar-se – residirá a culpa de tão parca distribuição carocheira no sofá do lar biseuense de Professor Carochas, não sendo este dos mais confortáveis?

novembro2019-professorcarochas
Mesmo dotado de uma nova máquina de distribuição carocheira, Professor Carochas não conseguiu encarochar um dos mais prolíficos Coelhos da Divisão Velopata.

Óbviamente que o Velopata não podia aqui deixar de se parabenizar a ele próprio e vice-versa e coiso pela sua espectacular presença no terceiro lugar do pódio. É uma presença merecida e deveras sofrida pois só ele (o Velopata), sabe o quão duras as noites solitárias no sofá (que é confortável mas o soninho recuperador bom a solo custa sempre), do lar velopático são, quando alcançado um lugar neste almejado pódio.

Jersey Carapau de Corrida

1º Fernando Coelho – 39 Km/h

2º Paulo Rodrigues – 36,8 Km/h

3º Pro Ressabiado – 33,2 Km/h

O ressabio continua bem aceso entre estas três aceleradas máquinas – com o final do ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove mesmo ao virar da curva, veremos a quem sai a mais grande ressabiada carocha.

Jersey Cabra da Montanha

1º Professor Carochas – 19832 m

2º Stôr Talega – 14720 m

3º Giuseppe Anconelli – 12547 m

Se nos quilómetros ele tem pedalado mais sumidito, no que às carochas altimétricas respeita, Professor Carochas continua a distribuir carochedo como quem distribui mesmo.

Este mês o destaque surge pela rompante entrada de Stôr Talega, moçe que provavelmente conseguiu registar esta encarochante altimetria, fruto de um qualquer alucinado sentido de auto-punição – Stôr Talega era um dos bravos Ciclistas que marcariam presença nesse grande evento solidário-empenante que foi o Everesting, no entanto, à última da hora, cortou-se como quem se corta mesmo e talvez acometido de algum alucinado sentido de vergonha strávica e pública, se encontre a justificação de posteriormente se ter lançado na degustação de tão elevadas altimetrias.

novembro2019-stortalega
Stôr Talega fustiga seus pistons velocipédicos, certamente de talega engatada.

Jersey Alucinado Diário

1º O Velopata – 56 voltas

2º Paulo Almeida – 44 voltas

3º David Matos – 29 voltas

Por entre os que mais enchem os feeds strávicos dos que os seguem, a salutar competição pelo mais grande Commuter continua acesa. Entre trocas e baldrocas nas posições ocupadas, a discussão para a carocha urbana continua acesa – é esperar para ver quem sairá vencedor e derrotado, nunca esquecendo que, os três nomes de guerra velocipédicos a  perdurar neste almejado pódio, serão sempre tudo menos perdedores.

Jersey Melhor Batráquio

1º O Senhor Triatlo – 841 Km

2º Comandante Batráquio – 613,7 Km

3º O Holandês Voador – 446,7 Km

Por entre os meandros anfíbios do nosso mui estimado clube, o pódio mensal não surpreenderá nenhum dos mui atentos leitores, repetindo-se nomes de guerra batráquios e posições ocupadas no pódio, no entanto, o Velopata é forçado a uma pequena nota que se prende com o que parece ser uma mudança no paradigma batráquio dO Senhor Triatlo.

Já não chegava o chavão “muito mais que pedalar, nadar e correr”, agora também é necessário “trailar”?

novembro2019-osenhortriatlo
Estará O Senhor Triatlo na iminência de alterar seu nome de guerra anfíbio para O Senhor Trailatlo?

Isto só vem corroborar aquilo que o Velopata está farto de dizer e escrever – ao batraquiame não chega ser mau em um ou mesmo três desportos – sua busca por desportos que permitam experienciar O Grande Empeno parece nunca cessar.

Jersey Lanterna Vermelha

AAA

(Agente da Autoridade Anónimo)

Aquando do grandioso evento encarochante-solidário Everesting, Agente da Autoridade Anónimo (AAA), confidenciou ao Velopata que o principal motivo da sua ausência strávica se prendia com a tentativa de conseguir figurar neste prestigiado pódio.

Meses volvidos desde esse dia, muito esforço por parte de AAA para manter a quilometragem reduzida a zero quilómetros e o mui querido leitor já sabe como é o Velopata – há que reconhecer Ciclistas pelo seu mérito.

Jersey Melhor Macho Ressabiado

1º Professor Carochas

2º Os Coelhos (Sérgio e Fernando)

3º O Velopata

Como é habitual, o mui querido leitor sabe que pode sempre contestar este cobiçado pódio através de muita labuta velocipédica no alcatrão, trilhos ou gravel.

Jersey Melhor Fêmea Ressabiada

1ª Ally Martins

2ª Mad Fontinhas

3ª Pro Ressabiada

Por entre a classificação das poucas fêmeas presente no nosso mui acarinhado clube, também os nomes se repetem, excepção para o regresso de Pro Ressabiada que, deduz o Velopata, iniciou a sua preparação para os eventos anfíbios e velocipédicos do próximo ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e vinte um je ne sais quois cedo demais.

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Pro Ressabiada carrega durante um evento batráquio.

É que todos sabem estar aí ao virar da curva, ainda para mais daquelas a noventa graus e bem cega, a época natalícia.

Sinónimo velocipédico de Época de Engorda.

Jersey Crazy Ride

n.d.

– Ó Velopata, quem é esse tal de n.d., moço ou moça que não encontro por entre os membros do nosso grandioso clube? – questionarão os mui queridos leitores.

Não Disponível.

Este foi um mês de Novembro do ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove bem fraquinho no que à aventura respeita, não encontrando por entre os membros do nosso mui acarinhado clube, uma pedalada strávica digna de ser honrada com esta desejada jersey.

Talvez Dezembro traga novidades nesta classificação, nunca esquecendo que alguns tentarão combater a Época de Engorda, pedalando até que suas mitocôndrias destruam completamente filhozes, rabanadas, bolo-rei e chocolates de todas as formas e feitios, para além de mundialmente celebrado evento strávico Rapha500.

Será este ano, atentando às palavras da ancestral sabedoria popular “à terceira é de vez”, que o Velopata completa mais um parvo desafio internético de uma só pedalada?

 

Como habitual, sugestões e reclamações podem e devem ser enviadas para;

nãosejaschegófilo@velopata.mail.com

 

Abraços velocipédicos,

Velopata

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