Horóscopo Chinês Velocipédico 2019

Naquela que se espera ser uma colaboração bombástica no seio da comunidade de milhares de milhões de seguidores deste já vosso sobejamente reconhecido espaço de inspiração e iluminação velocipédica, o Velopata chega hoje até vós com uma publicação que muitos promete encher de esperança e alegria, outros de medo e apreensão perante as árduamente escrevinhadas (e o Velopata relembra, pro bono), linhas seguintes.

Numa parceria jamais ouvista, o Velopata aliou a sua mestria a arranhar teclas aos dotes premonitórios e adivinhatórios e coiso de duas entidades mundialmente reconhecidas nessa ciência mais exacta que a Matemática que é a adivinhação do futuro; o Grande Professor Matumbino Mukanga e o Grande Mestre Tlintaetlês.

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O Grande Professor Matumbino Mukanga.
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O Grande Mestre Tlintaetlês.

Certamente ambos os dois dispensam apresentações; o Grande Professor Matumbino Mukanga tem as suas raízes nas divinatórias artes africanas, recorrendo a vários baralhos de tarot e sueca, para além das obrigatórias bolas de cristal e cigarros de liamba para as suas assertivas premonições, já o Grande Mestre Tlintaetlês, de origem chinesa, é exímio nas profecias com base no Ching (diz que é uma espécie de Oráculo), Tai Chi, Reiki, Mi fan, Feng Shui, pauzinhos de Mikado e ainda na leitura de ossos, que por motivos deontológicos o Velopata ainda questionou se não seria possível recorrer a uma alternativa vegetariana, como por exemplo, ler o futuro em Chop Suey de vegetais, no entanto, de acordo com indicações do próprio Grande Mestre Tlintaetlês, essa é uma excelente oportunidade de negócio uma vez que tal arte divinatória ainda não existe no mercado e isto foi algo que o Velopata apenas conseguiu deduzir, uma vez que as respostas deste grande nome da comunidade científico-astrológica são sempre Sim ou Sim Senhor, seja lá qual for a questão que lhe é colocada.

E nem perguntem de que cadáver eram os ossos aos quais o Grande Mestre Tlintaetlês recorreu para adivinhar o futuro… Afirmando serem provenientes de aves, nomeadamente Pato, mas em abono da verdade, isto foi algo que deixou o Velopata um je ne sais quois desaustinado pois nas imediações do restaurante onde esta publicação foi escrutinada e trabalhada até à exaustão (seria difícil reunir estas três celebridades em outro local, devendo ainda notar-se que o Grande Mestre Tlintaetlês orientou um desconto porreiro à malta visto ser sócio maioritário do referido tasco), não se viam sinais de gatos vadios. Ou pombos.

Este ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove corresponde ao ano chinês do Porco, esse suíno por muitos apreciado pelas suas febras, costeletas e toucinhos, mas deixemos de parte gastronomia bárbara para nos debruçarmos sobre o tema que traz hoje o Velopata até vós – o Horóscopo Chinês que ele (o Velopata), aliado ao Grande Professor Matumbino Mukanga e o Grande Mestre Tlintaetlês, prepararam para vosso gáudio.

E não sejam preconceituosos.

Não neguem à partida uma ciência que desconhecem.

Rato

Anos de nascimento dos Ratos: 1948, 1960, 1972, 1984, 1996, 2008

Apesar de muitos considerarem a rataria um bicho nojento, degradante, pestilento e portador de inúmera maleitas como a peste negra (cuja literatura técnico-táctica da coisa também apelida de peste bubónica, termo que o Velopata sempre achou um piadão por acreditar que essa era uma maleita que fazia as ruas de um Portugal do século XIV parecerem o Bairro Alto ou Albufeira numa noite de uma veraneante sexta-feira – andava tudo com uma grande buba!), muitos se esquecem que os ratos são sinónimo de destreza, sagacidade, flexibilidade e uma inteligência capaz de os auxiliar a ultrapassar as maiores das dificuldades.

São tipo Políticos, portantos.

Partilhando um elevado número de características com esta classe social estão os Ciclistas nativos de Rato, capazes de se dissimular e esconder por entre um pelotão, aguentando toda uma volta de cento-e-tal quilómetros sem passar uma única vez pela frente, dando seu peito ao vento.

Quando a chinela canta, acabam-se as rodas onde mamar e a estrada inclina a sério, separando-se os meninos dos Homens, o nativo de Rato não é moçe para admitir o encarochamento, livrando-se sempre com uma série de desculpas relaccionadas com a sua saúde. Desde unhas do pé encravadas a furúnculos na virilha, não existe desculpa ou vergonha que o demovam para justificar o ser deixado para trás, chegando em último lugar ao tasco serrano.

Este ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove trará muito mais rodas onde o Ciclista nativo de Rato poderá mamar à grande e à avec, no entanto, devido à presença de Plutão na casa de Saturno, todo o cuidado será pouco para evitar aborrecer em demasia os seus párias do Tour de fim de semana. É que tanto chupanço de rodas pode eventualmente aborrecê-los e depois não se admire se por algum motivo terminar expulso do grupo facebookiano onde as pedaladas são combinadas ou mesmo ninguém lhe responder às sms onde questiona a que horas e onde é a saída para a volta.

Boi

Anos de nascimento dos Bois: 1949, 1961, 1973, 1985, 1997, 2009

 Todos nós conhecemos um Ciclista nativo de Boi.

É aquele moçe que quando veste à civil jamais alguém diria que é praticante da mais nobre das modalidades que é a velocipédica, sendo facilmente reconhecido quando pedala pelo simples facto de a sua proeminente pança roçar o tubo superior do quadro de sua Bicicleta.

É um Ciclista conhecido pelos seus enormes gastos ao nível do creme anti-fricção (besuntar virilhas que parecem o Grand Canyon e mesmo a ponta da sua proeminente pança, evitando assim um eczema ao passar muitas horas em contacto com o quadro, não sai barato), mas também pelas suas boas capacidades roladoras e descedoras.

Durante este ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove, uma vez que finalmente Marte ingressa no ascendente de Mercúrio, todas as resoluções de fim de ano dos Bois sairão furadas que nem câmaras de ar adquiridas numa loja chinesa, uma vez que continuam a medir as médias de suas voltas não em quilómetros por hora e sim em barrinhas energéticas emborcadas por hora.

No entanto, atente-se que devido à presença de Saturno retrógado na casa de Gémeos, o Boi finalmente perderá vergonha do seu peso, lançando-se à aventura de se inscrever e participar num granfondue, nem sendo necessário ao Grande Mestre Tlintaetlês ler nos ossos no que tal resultará – o maior empeno de sua vida.

Não satisfeito com o bucho entupido de tanta carocha e lá irá o Boi dar asas ao que melhor faz – ruminar e comer para esquecer.

Tigre

Anos de nascimento dos Tigres: 1950, 1962, 1974, 1986, 1998, 2010

Os nativos de Tigre são aventureiros, resolutos, ambiciosos e cheios de confiança, dominando suas Bicicletas pelo alcatrão e trilhos, distribuíndo carochas a todos os que se aventurem a uma pedalada na sua companhia.

Mas este ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove revelar-se-á um ano complicado para o Tigre, não esquecendo que este é o ano do Porco e que, segundo afirma o Grande Professor Matumbino Mukanga, é o melhor amigo do Tigre e se algum dos mui atentos leitores desconhece estes factos, então é porque teve uma infância miserável, desconhecendo essa pérola da Madeira Sagrada (Hollywood, em cámone), que é a película O Rei Leão.

Esta amizade de um predador de grandiosa natureza com um libertino suíno não passou despercebida aos Astros e assim, não será estranho que em dois mil e dezanove, o Tigre vá perdendo muita da sua virilidade e pujança, sendo inclusivé acometido de alguns ataques de pânico na linha de partida ou mesmo quando tentar a sua participação numa fuga durante um granfondue.

A partir de Maio, dado o eclipse parcial de Neptuno em Krion, toda esta senescência culminará com um constantemente encarochado Tigre a trocar sua nobre montada por uma e-bikecoisa, ainda assim tentando sempre integrar-se por entre a elite ressabiada do pelotão amador nacional que não mais o olhará com respeito e sim com desdém, esquecendo-se que mais cedo ou mais tarde, todos lá baterão com os costados.

Empeno atrás de empeno, carocha atrás de carocha, o Tigre acabará a pedalar sozinho mas nunca deixando de partilhar as suas conquistas de KOM´s e PR´s pelo reino strávico, só recebendo Kudos daqueles que não fazem a mínima ideia do que é uma média a sério ou mesmo dos que foram parar à mais nobre das redes sociais por engano, acarditando que o Strava era uma espécie de Tinder só que para atletas, até que os Administradores lhe chamem a atenção que deve registar as suas voltas como sendo praticadas numa e-bikecoisa… Mas aquela teimosia própria da já avançada senilidade levarão a que não o faça, terminando o ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove com o nativo de Tigre expulso e seu perfil strávico eliminado.

Coelho

Anos de nascimento dos Coelhos: 1951, 1963, 1975, 1987, 1999, 2011

Os nativos de Coelho são os máiores.

Espertos, saudáveis, rodeados de rodas amigos e ainda mais amigas, admirados até por seus inimigos e rivais de outras equipas, excelentes trepadores, fantásticos no sprint, sem paralelo no contra-relógio, dotados de uma destreza e técnica inigualável em descidas, jamais recorrerão a substâncias químicas e suplementos para obtenção de ganhos ilegais e mesmo quando removem o capacete finda uma volta de cento-e-tal quilómetros pelas duras serras dos seus quintais, continuam com o penteado imaculado e aquele aspecto fresco e fofo de quem só agora saiu de casa, ao contrário dos restantes comparsas de pedalada que parecem mais mortos que vivos.

Este ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove, uma vez que Marte entra na conjugação da casa do eclipse total da Cintura de Kepler, mais não será que uma continuação desta lide vitoriosa dos nativos de Coelho, podendo mesmo almejar uma ou outra vitória no granfondue onde decidam presentear os restantes comuns mortais com a sua presença.

Dragão

Anos de nascimento dos Dragões: 1952, 1964, 1976. 1988, 2000, 2012

Os nativos de Dragão são misteriosos, emocionais, energéticos, majestosos, inteligentes e transmitem aos restantes uma sensação de poder qual Pinto da Costa da velocipedia.

Uma vez que neste ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove, o solstício do eclipse de Marte com a explosão solar de Saturno a entrar na casa de O Teu Rabo (Uranus, em cámone) dominam a planície etérea de Dragão, entrarão numa espiral de más decisões; adquirirão pneus errados e passarão a vida a furar, atrasando toda a troupe na corrida até ao tasco, montarão mal os cleats novos, daqueles totalmente em carbono, 100% carbono, mesmo só carbono, full aero carbono, deixando-os com os joelhos numa lástima findos meia dúzia de quilómetros da volta mas sendo teimosos, insistem em continuar e fazem a média da volta baixar para níveis onde até os Garmin cessam a gravação de dados, convencidos que as Bicicletas estão paradas, comprarão novas cassetes e pratos pedaleiros com as relações erradas que os farão sofrer mais e e pedalar ainda mais devagar nas subidas (lá estarão os Garmin a parar), encomendarão licra contrafeita na internet que lhes deixará as partes baixas mais trucidadas que as de uma actriz daqueles filmes de acção onde uma só moça contracena com uma série de espadaúdos actores africanos, escolherão as rodas erradas a seguir durante granfondues e dificilmente terminarão aquela prova de Bêtêtê onde tanto queriam participar, devido ao emborcanço dos novos géls ou géis e coiso que optaram experimentar e lhes deixaram a tripa em tão almariado estado que a prova terminou nesse ancestral método de descarga de lastro – de cócoras e atrás de uma moita, sem papel higiénico que o valha à vista.

Dois mil e dezanove será portantos um ano de provação para os Dragões, nunca esquecendo que Ciclistas não atiram a toalha ao chão e o importante é não desistir.

Cobra

Anos de nascimentos das Cobras: 1953, 1965, 1977, 1989, 2001, 2013

Ninguém gosta de Cobras exceptuando-se os Herpetologistas, cuja especialidade lembra por demais a palavra Herpes que é algo do qual ninguém se quer aproximar.

Sem pernas, uma língua bifurcada, que apesar de poder fazer as delícias imaginárias de qualquer rebarbado, tem muito de pouco de aero, um serpenteante modo de locomoção que ainda menos aero é, os nativos de Cobra são, per se, o clássico exemplo do que um mau Ciclista é.

Uma vez neste ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove, o ocaso de Mercúrio entra no equinócio de Vénus, os nativos de Cobra finalmente sairão do armário e mostrarão todo o esplendor de seu veneno no que realmente são.

Vilões velocipédicos.

E o que é um Vilão Velocipédico? – questionam os mui assertivos leitores.

Verdade seja escrita, todos conhecem um Vilão Velocipédico.

É aquele moçe que marca uma volta de cento-e-poucos quilómetros com mais de cinco mil metros de acumulado e depois de convencer tudo e todos a acordar na fria madrugada para se lançarem ao que promete ser o empeno de suas vidas… Não aparece ou se digna sequer a responder aos desesperados sms dos membros de sua troupe.

É aquele moçe que ao avistar um comparsa de métier, podendo mesmo ser um conhecido seu, parado no alcatrão ou trilhos, nem o cumprimenta ou questiona se necessita de algum auxílio.

É aquele moçe que a meio da volta impõe alucinados ritmos, forçando todos os que seguem na sua roda a ferrar dentição no guiador enquanto tentam evitar que os bofes saltem pelos cantos da boca para, percebendo que toda a troupe já segue nas pedaladas da amargura, dizer que tem de terminar a volta ali e regressar a casa, abandonando-os à sua empenada sorte no meio da serra.

É aquele moçe que diz que os seus desviadores 105 são melhores que os Dura-Ace do colega, apenas porque os seus estão montados numa Specialicoiso.

É aquele moçe que, finda boa parte da pedalada e seguindo o pelotão já todo escangalhado e empenado, confirma que só existe mais uma pequena subida a ultrapassar… Uma pequena subida de quinze quilómetros de extensão a uma média de inclinação de treze por cento.

É aquele moçe que quando segue em modo enlatado, passa razias nos outros Ciclistas, principalmente se forem commuters vestidos à civil, pois na sua venenosa mente, essa gentalha sabe lá o que é Ciclismo.

É aquele moçe que…

mui querido leitor já entendeu.

Pedalar com Cobras é perigoso e ponto final parágrafo.

Cavalo

Anos de nascimento dos Cavalos: 1954, 1966, 1978, 1990, 2002, 2014

O Cavalo é talentoso, proactivo e apaixonado, detentor de óptimas qualidades enquanto rolador mas infelizmente também ficou conhecido como esse flagelo que tantas vidas ceifou no decurso do final dos anos oitenta e boa parte dos anos noventa.

Talvez por esta mesma ambivalência, o ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove se revele ambíguo para o nativo de Cavalo.

Do seu baralho tarológico de sueca, o Grande Professor Matumbino Mukanga retirou a carta O Enforcado que, como a própria simbologia indica, é aquele Ciclista que faz descidas técnicas pejadas de curvas cegas ocupando boa parte da outra faixa de rodagem, como se todas as estradas do seu Universo Velocipédico Conhecido se encontrassem cortadas para poder realizar o seu Tour de fim de semana.

A partir de Maio, a entrada da Cintura de Orion no ocaso do comprimento de onda do equinócio de Vénus indicam que todo o cuidado será pouco para estas atitudes ressabiadas dos nativos de Cavalo, caso contrário, uma visita prolongada ao estaleiro estará iminente devido ao esbardalhanço monumental contra um enlatado que seguia no sentido contrário.

A ambiguidade do ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove para o Cavalo reside no facto de o Grande Mestre Tlintaetlês ter obtido uma análise bastante diferente. Ao que tudo indica, a disposição dos pauzinhos de Mikado em forma de um grande falo, juntamente com a posição da vértebra número três em losângulo de um ofensivo 4-3-3 sobre os ossos da bacia do pobre pato (que o Velopata reitera; aqueles ossos mais pareciam provenientes do Piduças, um gatito procurado pelos seus donos que o Velopata reconheceu de muitos panfletos colados em postes nas imediações do restaurante), indicam que será um ano de grandes aventuras e travessias que trarão aos nativos de Cavalo a muito ambicionada fama, fortuna e glória velocipédica.

Portantos, contando que os nativos de Cavalo respeitem alcatrão e trilhos, treinem árdua e conscientemente, dois mil e dezanove poderá revelar-se um excelente ano.

Cabra

Anos de nascimento das Cabras: 1955, 1967, 1979, 1991, 2003, 20015

A Cabra terá um ano espectacular! – afirmou o Grande Professor Matumbino Mukanga enquanto mostrava a carta tarológica que marcaria o ano dos nativos de Cabra, O Viajante.

Sério? – indagou um incrédulo Velopata.

Sim senhor. – reiterou o Grande Mestre Tlintaetlês.

Fará uma grande travessia por muitos tentada mas poucos terminada. Estabelecerá um recordes e será capaz de fazer tudinho em autonomia. – reiterou o Grande Professor Matumbino Mukanga.

Sim, sim. – sublinhou o Grande Mestre Tlintaetlês.

Isso são excelentes notícias! E que mais? – questionou um ávido de sabedoria astral Velopata.

O Grande Professor Matumbino Mukanga pegou no seu baralho de sueca, retirando duas cartas em antes de continuar;

Uhm… Saíram-lhe o oito de paus e o ás de copas… Bem, isto parece indicar que as Cabras se lançarão num outro desafio onde as provações serão ainda maiores, mas a sua perserverança e capacidade de sofrimento levarão a que termine com distinção!

Sim senhor. – confirmou o Grande Mestre Tlintaetlês.

Uai, consegue ver aí que desafio é esse? – indagou o Velopata.

O Grande Professor Matumbino Mukanga concentrou-se, mexeu, remexeu, baralhou e embaralhou o baralho de sueca para depois retirar uma carta que mostrou ao Velopata;

Ei-lo, o sete de espadas! Sabeis o que tal indica?

Ó Grande Professor Matumbino, se um Velopata tivesse nem que fosse uma ínfima parte das suas espectaculares capacidades divinatórias… Ele teria sido capaz de produzir este texto a solo, não acha?

Sim. – sublinhou o Grande Mestre Tlintaetlês.

Pois bem meu filho, o Grande Professor explica. O sete de espadas indica que este desafio que se ergue no caminho das Cabras é um tal de… Portugal Di… Portugal Div… Portugal Dividido ou lá o que é.

Uai, estais brincando Grande Professor Matumbino Mukanga?!?! Neste ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove, ele vai finalmente terminar as aventuras a que se propõe e uma delas será justamente o Portugal Divide? – bradou um incrédulo Velopata.

Sim Senhor! Sim Senhor! – exclamou um extâsiado Grande Mestre Tlintaetlês enquanto apontava para os ossos do suposto pato, agora dispostos em 4-4-2, o losângulo central central colocado em posição claramente ofensiva sobre o fémur.

O que dizem os ossos ó Grande Mestre Trinta e três? – questionou o Velopata.

Sim Senhor! – retorquiu.

Mas isso são notícias de outro mundo! Tem a certeza que o blog vai explodir com um aumento de milhares de milhões de seguidores?

Sim!

E que os equipamentos que um Velopata está a preparar… Os ossos dizem que serão dos mais cobiçados por entre a elite velocipédica portuguesa?

Sim senhor! Sim!

Uai, isso é sério? Até exportações de equipamentos velopáticos ele vai ter?

Sim Senhor!

Espectáculo! – o Velopata quase chorava de lágrimas nos bonitos olhos castanho-esverdeados.

(Nota velopatóide: Para os mui queridos leitores mais distraídos, o signo chinês velopático é justamente este. Cabra. Podia ser Dragão, Tigre ou um qualquer outro animal cheio de pujança e virilidade mas não. Cabra. Nem astrológicamente o Velopata é um moçe com sorte… Resta-lhe a comiseração que as cabras até se revelam boas trepadoras, no entanto, nem nesse facto o signo acertou…)

Macaco

Anos de nascimento dos Macacos: 1944, 1956, 1968, 1980, 1992, 2004, 2016

Os Macacos são activos, energéticos, agressivos, impacientes, irritáveis, impulsivos, não admirando que o seu calcanhar de Aquiles seja a mecânica de Bicicletas.

É um evento recorrente por entre as lojas da especialidade velocipédica; a entrada de um Macaco munido de uma Bicicleta cujo único problema era um furo no pneu traseiro, necessitando da consequente mudança de câmara de ar, no entanto, acometidos de um qualquer nobre sentimento de resolver seus problemas pelas suas manápulas, as habilidades e mestria dos Macacos nesta simples tarefa levaram a que terminasse com os desviadores desafinados, corrente partida, calços de travões colados às rodas, raios da roda dianteira partidos, cepo escaqueirado e espigão de selim rachado.

Os dados telemétricos da presença de Saturno na casa da Lua Europa indicam que este ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove será uma continuação da árdua vida velocipédica dos nativos de Macaco; os constantes problemas mecânicos que assolam suas montadas continuarão a bloquear as suas qualidades velocipédicas e o melhor a que o Macaco pode aspirar será um octagésimo nono lugar naquele granfondue onde só noventa mafarricos se inscreveram sendo que, o nonagésimo lugar foi entregue a um moçe que nem apareceu.

Mas nem tudo são más notícias para a macacada neste ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove. A presença do cometa Halley no equinócio de Neptuno indica que finalmente, findos todos estes anos de desespero mecânico, o nativo de Macaco finalmente perceberá o conceito velocipédico do que é uma corrente cruzada.

Galo

Anos de nascimento dos Galos: 1945, 1957, 1969, 1981, 1993, 2005, 2017

Os galináceos são altivos e emproados, muitas vezes tendo a ilusória ideia que são reis e senhores por entre a sua troupe de pedaladas de fim de semana, como tal, não será surpresa nenhuma para os mui queridos leitores quando o Grande Professor Matumbino Mukanga e o Grande Mestre Tlintaetlês afirmam que os nativos de Galo se encontrem convencidos que a sua Bicicleta é a melhor, os seus equipamentos os melhores, os seus métodos de treino os melhores, as suas técnicas de descida as melhores, os seus protocolos de descanso e recuperação os melhores mas… Vitórias em granfondues ou encarochamento generalizado dos seus comparsas de pedalada de fim de semana… Não lhes são conhecidos.

Uma vez que o nativo de Galo é aquele moçe que fala muito mas pedala pouco, notando que neste ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove, a Via Láctea entra na conjuntura do arquétipo de Mércurio com Júpiter encorpado, os Galos serão assolados por vivências do passado que voltarão para os atormentar.

No que se traduz isto, trocando por miudezas?

A troupe que acompanha os galináceos nos seus Tours de fim de semana terá o prazer de conhecer alguém do passado velocipédico do Galo que se desbocará, contando sobre os muitos últimos lugares e desistências aquando da iniciação e participação deste em provas, assim abalando para todo o sempre a reputação galinácea.

Pior ainda, vão descobrir que ainda actualmente, o nativo de Galo usa cuecas por baixo das licras.

Acometido de uma brutal vergonha, na tentativa de repôr os níveis de auto-estima nos píncaros, o nativo de Galo procurará participar num granfondue de dificuldade inferior a baixa onde possa mostrar todos os seus dotes velocipédicos mas o Grande Professor Matumbino Mukanga lembra o que diz a ancestral sabedoria africana; Galo que acompanha Pato morre afogado.

Cão

Anos de nascimento dos Cães: 1946, 1958, 1970, 1982, 1994, 2006, 2018

O melhor amigo do Homem.

E a par do enlatado, o maior hater de Ciclistas, vá lá Nosso Senhor Joaquim Agostinho entender porquê.

Os canídeos são leais e bravos, olhando o perigo de frente e sem temores pois pura e simplesmente não têm a mínima noção. Exactamente por este facto, os nativos de Cão são Ciclistas que, sentindo necessitar de orientação, inúmeras vezes recorrem a Pêtês (Personal Trainer, em cámone), para os auxiliarem no desabrochar de todas as suas qualidades velocipédicas.

Segundo indicações do Grande Professor Matumbino Mukanga, a carta tarológica que rege o ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove dos canídeos é O Julgamento, significando que a par dos seus párias caninos, nunca esquecendo que os nossos fiéis companheiros de quatro patas são grandes mandriões que adoram estar alapados ao sol ou entretidos a passar a língua pelas suas partes reprodutoras (algo que só alguns bichos humanos colaboradores do Cirque du Soleil conseguem fazer), este será um ano onde o Treinador os despedirá devido à ronha excessiva e porque o Cão segue todas as indicações ao contrário, mas principalmente por já não conseguirem pagar os seus serviços, uma vez que todos os seus eirios foram gastos na aquisição do melhor, mais lateralmente rígido e full aero carbono.

Porco

Anos de nascimento dos Porcos: 1947, 1959, 1971, 1983, 1995, 2007

Dois mil e dezanove é o ano chinês do Porco, não admirando que se revele um ano onde nomes como Trump, Bolsonaro ou Mário Machado ocupem totalmente as luzes da ribalta.

De acordo com o Grande Professor Matumbino Mukanga, podemos encontrar dois porcos na variante velocipédica; o Porco Doméstico e o Suíno Selvagem.

O Porco Doméstico é facilmente reconhecível; é aquele Ciclista cujo peso dos restos plastificados acondiccionantes de suas barrinhas e géls (ou géis), energéticos fazem uma tremenda comichão nos bolsos do jersey, optando assim por os deslargar num poluidor rasto por onde quer que passem. Para estes nativos de Porco, o ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho promete muitas dificuldades uma vez que Marte está na casa do seu rabo (Uranus, em cámone), e o Governo finalmente se chegou à frente com uma Lei que prevê multas e coimas para quem seja apanhado a jogar lixo para o chão.

Os nativos de Porco pertencentes à categoria dos Suínos Selvagens, para além de detentores de uma agilidade muito acima da média, sagacidade e um feroz instinto de territorialidade, devem tomar cuidados extra aquando das suas pedaladas, principalmente pelos trilhos.

É que a presença do solstício de Mercúrio na casa do LV-426 aponta para que, no decurso deste ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove, um caçador alcoolizado possa confundir o nativo de Porco com um Javali e terminar espetando-lhe uma valente fugachada.

 

Neste ano de Nosso Senhor Joaquim Agostinho de dois mil e dezanove, o amor, a generosidade e o fascismo estão no ar. A tendência para sacrificar o outro que nos é estranho certamente dominará as atitudes da bicharada humana. Catástrofes ambientais, calamidades públicas e indignações internéticas atingirão o seu esplendor à medida que o Partido Socialista certamente conseguirá maioria absoluta.

O que nem os astros, nem o Grande Professor Matumbino Mukanga ou o Grande Mestre Tlintaetlês conseguiram prever é se o nosso Presidente Marselfie vai telefonar ao Velopata, agradecendo todo este seu trabalho pro bono a bem da Velocipedia Nacional.

Resta apenas a um Velopata frisar que apesar de todos os conteúdos apresentados se parecerem dirigir apenas aos machos da estripe humana velocipédica, estas premonições são também aplicáveis às fêmeas, não obstante a grande diferença que com elas é tudo mais bonito e as licras assentam muito melhor.

No caso do mui querido leitor se encontrar interessado em saber mais sobre o que o futuro lhe reserva, deseje quebrar um mau-olhado que acredite pairar sobre si, amaldiçoar alguém que lhe deva dinheiro ou que constantemente o encarocha pelo alcatrão e trilhos ou pura e simplesmente jogar eirios sarjeta abaixo, o Velopata de bom grado partilha os contactos destas duas entidades de referência divinatória;

kizombapower@covadamoura4evamail.com

reservas@restaurantefamiliafeliz.com

 

Abraços velocipédicos,

Velopata

 

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