Foi na véspera de mais um dia santo velopático, conhecido pelos comuns mortais como o feriado de Primeiro de Maio, que o Velopata, sentindo aquela depressão pré-pedalada que o atinge sempre que observa os mapas strávicos, procurando e desenhando percursos já tantas outras vezes percorridos, uma vã demanda de novas estradas e alcatrão, que a mensagem de Papa-Figos chegou através do messenger;
“Como é? Amanhã pedalas?”
“O Papa faz cocó no mato?”
“Hã?”
“Claro que ele pedala. É feriado, dia santo, ainda por cima festividade comuna, é óbvio que ele vai para a estrada!”
“Ah, óptimo! Já fizeste aquela estrada que vai das Guedelhas para Martim Longo?”
“Ele acha que não. É boa?”
“Quem é que é boa?”
“A estrada.”
“Ah, sim, é. Tem ali só uns três a quatro quilómetros mais irregulares mas de resto é um espectáculo, tem pinta de ter sido recentemente alcatroada.”
“Um bem haja às eleições autárquicas. Deviam ser todos os anos.”
“Nem mais. Então a que horas arrancamos? Sete e meia é boa hora para ti?”
“Epá, isso é muito cedo.”
“Pois mas a minha esposa não tem a paciência da Srª Velopata, tenho de estar de regresso aí o mais tardar às três e meia.”
“Só dependes de ti próprio.”
“Pois mas o eu próprio tem quase cem quilos e a gravidade não perdoa. Sete e meia lá nas bombas?”
“Assim seja, sete e meia lá nas bombas. Agora o melhor é deixar a conversa por aqui.”
“Então?”
“Escreveste a palavra bomba. Agora a NSA, a CIA e o FBI estão a gravar a conversa.”
“Ah, pois é. Então vá, até amanhã, sete e meia no posto de abastecimento de combustível.”
“Até amanhã.”
Confiando nas indicações de Papa-Figos, o Velopata acordou motivado a descobrir um novo segmento de alcatrão que abria novas possibilidades de voltas e treinos conectando Martim Longo e Almodôvar.
Ainda nem os primeiros raios de Sol entravam pelos semi-cerrados estores da cozinha do lar velopático e ele já se preparava para afiambrar uma bela dentada nas restantes fatias da pizza que havia servido de manjar na anterior, pizza essa que certamente serviu de inspiração à invenção da roda tirtináinér dos novos tractores desbravadores de mato da alemã Focus, quando uma Srª Velopata em modo Walking Dead assomou à porta, lembrando o Velopata de mais uma característica que tão bem distingue machos e fêmeas nesta nossa espécie que é o bicho humano; as opções de pequeno almoço.
“Vais mesmo comer pizza logo de manhã?” – balbuciou a Srª Velopata.

“O Papa faz cocó no mato?”
“Hã?”
“Uai, o que tem comer pizza logo pela manhã?”
“As pessoas normais optam por pão, umas torradas, uns cereais…”
O Velopata fitou a fatia de pizza nos olhos, se esta os tivesse, antes de continuar;
“Então mas queres ver que isto não é pão?”
“Todos os médicos recomendam, logo pela manhã as refeições devem começar com pão embebido em molho de tomate e queijo derretido, banhado a cogumelos, cebola, milho e pimentos verdes e vermelhos. Diz que é saudável.” – os muitos anos de convivência com o seu respectivo dotaram a Srª Velopata de uma incrível habilidade no uso de sarcasmo.
“Pois, mas os médicos não se levantam de manhã para ir fazer quase duzentos quilómetros de bicicleta com uma dose de acumulado que ultrapassa a altitude da Serra da Estrela.” – ripostando, o Velopata abocanhou e deliciou-se com aquela que ele considera uma das iguarias gastronómicas italianas, quiçá só suplantada pela Monica Bellucci.
“Vens às tantas?” – questionou a Srª Velopata enquanto procurava no frigorífico os ingredientes com que barrar as torradas que nos entretantos já aqueciam.
“Hoje não, ele deve vir cedo. É treino curto.”
“Uhm… Então… Se são seis e meia da manhã e dizes que vens cedo…” – a Srª Velopata engrenava já o prato 53 e preparava o ataque retirando do frigorífico o creme vegetal com sabor a manteiga (que decerto saberá a muita coisa, menos manteiga), e o queijo light, aquele com 0,00005% calorias e 0,00000% sabor a queijo.
“Depois de almoço ele já deve estar de volta.” – em antes que a Srª Velopata desferisse um poderoso ataque, o Velopata mostrava que se ia manter na roda.
“Ah, então vens lá para as seis ou sete da noite. É o costume.”
“Tecnicamente ele não está a enganar ninguém, seis ou sete horas da noite é efectivamente depois de almoço.”
“Sabes… Um destes próximos fins de semana também me vai apetecer saír porta fora e passar o dia todo fora de casa enquanto ficas tu em casa a tomar conta do teu filho.”
“Hã?” – não tendo resposta na ponta da língua, o Velopata optou pela escapatória típica de macho; fingir que não tinha ouvisto.
“Não finjas que não me ouviste.”
“Ouvir o quê?”
“És muito esperto…”
“Pois claro que ele é muito esperto, que outra razão poderia existir para o teres escolhido para pai do teu filho?”
“E cromo… Olha, vai mas é despachar-te antes que me estragues o pequeno almoço!”
“Sabes como é que esse pequeno almoço melhorava?” – questionou um Velopata, claramente brincando com o fogo.
“Como?” – retorquiu uma Srª Velopata de sobrançelha mais torcida que os raios das rodas da bicicleta do Sep Vanmarcke após a participação em mais uma clássica do pavê.
“Com molho de tomate a cobrir o pão e essa mixórdia toda que lhe estás a meter por cima. Ah, não, espera… Isso seria pizza e diz que logo de manhã faz mal!”
“Eu devo ter feito muito mal numa outra vida…” – suspirou a Srª Velopata.
Pelas sete e quinze da manhã, o Garmin Edge Explore 820 apitava, indicando a sua aptidão a registar mais um treino velopático mas este não era o único som que ecoava pelas imediações e redondezas da ainda adormecida vizinhança. Também o tomate, o queijo derretido, a cebola, o milho, os cogumelos e os pimentos verdes e vermelhos resfolegavam no interior estomacal, forçando o Velopata a uma furiosa e aziada sonora demonstração daqueles que só podem ser reconhecidos como os seus dotes de uma espécie de Pavarotti intestinal.
Em antes que o Velopata e a sua fiel montada Estrela Vermelha se fizessem ao alcatrão, fez-se ouvir o toque de mensagem no smartphone. Era o Papa-Figos;
“Estou atrasado. Com o barulho que fiz o meu puto acordou e agora tenho de lhe preparar o pequeno almoço, torradas com manteiga e fiambre. 15 minutos e estou aí. Desculpa.”
O Velopata, que é como o Gandalf, o Cinzento, nunca chegando atrasado e precisamente à hora a que é necessário que chegue, entendeu perfeitamente aquilo que Papa-Figos estava a passar. Dono de uma KTM Revelator é normal que aquilo faça barulho que nem uma chocolateira galvanizada, afinal de contas, cagaçal em monte é o que costumam fazer as invenções dessa infame marca de primitivos veículos de duas rodas que ainda necessitam de um motor de combustão para a sua propulsão.
Depois, o fiambre.
Nutrir um petiz com pedaços cozidos e depois curados de cadáver suíno parece ao Velopata de uma tremenda barbárie, mas sendo o Papa-Figos um actual farense mas nativo do estrangeiro lá do norte, gente habituada a papas de sarrabulho, arroz de cabidela e copos de três pela matina, o Velopata optou por não comentar.
“Na boa, sem stress. Assim ele aproveita e bebe uma cafézada a sério e claro, fuma aquela cigarrada pré-pedalada.” – foi a sms velopática de retorno.
Pelas sete e trinta da manhã já o duo Velopata e Papa-Figos calcorreavam em modo HT-LT, que para os menos versados nesta terminologia velocipédica significa High Talk – Low Training, os cerca de 68 quilómetros que os separavam da curva onde deixariam a Estrada Nacional 2 para trás, embrenhando-se em território velopatóide inexplorado.
Estimulante como sempre o é, a conversa seguia animada; discutia-se a actualidade política do país, a actualidade não-política do país e séries. Parece que Papa-Figos, para além de óbviamente papar muitos figos, é um exímio devorador de tudo o que é série.
“Sabes, ele também está muito ansioso por uma série que começa esta sexta-feira, dia quatro de Maio.” – notificou o Velopata.
“Qual?”
“Como não sabeis que série começa dia quatro de Maio?”
“Epá, assim de repente não estou a ver… É tipo quê, policial, ficcão científica?”
“É difícil explicar… Aquilo é uma espécie de Velocidade Furiosa mas sem os enlatados. Tem acção, muito mistério porque nunca se sabe como vai terminar e ainda roça a farmacologia. Já vai na centésima segunda temporada e esta são vinte e um episódios de quatro a seis horas cada.”
“Hã? Mas de que raios estás tu a falar?” – através dos Oakley Parte-Mandíbulas não era possível visualizar mas o Velopata pode jurar por Santo Agostinho que os olhos de Papa-Figos brilhavam na antevisão de uma série deste calibre.
“Volta a Itália.” – rematou o Velopata.
A conversa continou a fluír, como quem flui mesmo, tocando sempre importantes tópicos como a Lei do Arrendamento, os subsídios dos chupis… Políticos e outros temas que para este espaço velointernético agora não interessam.
E gaijas.
Claro.
Talvez por castigo divino, pois também Papa-Figos tem uma respectiva Papa-Figos fêmea para a qual regressar findas as pedaladas, Suas Altas Eminências Velocipédicas enviaram um sinal ao dueto, confirmando as suas piores previsões no que ao previsto pulular de enlatados pela serra respeita – à saída de São Brás de Alportel, um enlatado conseguiu esbardalhar-se a solo, ocupando toda a faixa de rodagem. Escaqueirado e com o tejadilho em contacto directo com o alcatrão, aquilo era vidros por todo o lado, agentes da autoridade, bombeiros, enfermeiros e claro, mirones em busca de sangue e vísceras.
“Estás a ver?” – apontou o Velopata.
“O quê? O carro escavacado? Epá, não dá como não ver…”
“Não é isso. Ele estava a questionar se estavas a ver o quão perigosa esta estrada é… Uma recta em ligeira descida, sem curvas…”
“Lá estás tu, não vês como só aquele pneu direito está furado? Se calhar o homem até vinha devagar, o pneu rebentou e…”
“Pois com certeza! Aliás, toda a gente sabe que quando o pneu de um enlatado rebenta a cinquenta quilómetros por hora, é capotamento de certeza! Deixa mas é de ser defensor do Inimigo e desmonta. Passa-se a pé para não furar em algum vidro por aí perdido.”
Enquanto lentamente o dueto pedia aos Agentes da Autoridade que tomavam conta da ocorrência uma passagem em segurança, um destes comentou;
“Podem passar mas vão com cuidado!”
“Eles vão com cuidado, o problema é que eles não!” – retorquiu o Velopata apontando na direção do enlatado trucidado.
O Agente da Autoridade encolheu os ombros em sinal de comiseração e concordância velopática (ou então em dúvida sobre quem seriam eles?), enquanto o dueto já deixava a ocorrência para trás dando início às festividades, penetrando naquele que é conhecido por muitos como o carrossel da mui amada Serra Algarvia.
Há algum tempo que o Velopata não partilhava uma bela pedalada na companhia de Papa-Figos, o que juntando à P.D.I. terá certamente contribuído para que o Velopata se tenha esquecido como é pedalar em tão ilustre companhia; pedalar com o Papa-Figos é como uma longa sessão de auto-flagelação tibial de intervalos nos rolos de treino.
A rolar ou a descer aqueles quase cem quilogramas de peso têm a sua mestria, deixando um Velopata sempre esbaforido para se manter na roda. Atingindo-se as subidas, lá o Velopata tem de fazer das tripas, pernas e elevar a sua frequência cardíaca do mesociclo da cadência do lactato anaeróbio para poder chegar novamente à roda de Papa-Figos. Só aí, quando a estrada inclina positivamente, é permitido ao Velopata descansar.
Se é que alguém descansa com inclinações de 4, 5 e 6%.
Este ciclo repetiu-se até atingida a primeira subida mais séria do dia, segmento conhecido como a Subida dos Almocraves, cerca de 1,5 quilómetros antes de se chegar a essa espécie de Roma velocipédica onde todas as estradas desembocam, o Barranco do Velho.
Velopata e Papa-Figos seguiam lado a lado e a ritmo confortável nos 4% de inclinação, quando lá atrás se fez ouvir o primitivo roncar de um furioso enlatado a alta velocidade. Como o Velopata não gosta de atrapalhar ninguém e já sabe que quando a velocidade é furiosa todo o cuidado com os enlatados é pouco, ele reduziu um pouco o seu ritmo, colocando-se na roda de Papa-Figos.
E o que fez o enlatado?
Lançou uma enorme buzinadela e passou uma razia tal ao dueto que ainda hoje as fibras aero carbónicas da Estrela Vermelha e reveladora KTM tremem só de pensar no que teria acontecido se os seus guiadores se tivessem desviado escassos milímetros para a esquerda.
No seguimento daquela propositada manobra por parte do enlatado filho de uma meretriz, Velopata e Papa-Figos lançaram vários impropérios verbais, reiterando o Velopata que não pode aqui transcrever o que foi berrado uma vez que este espaço de referência velointernética quer-se petiz-friendly.
“Pronto, agora tem de se parar na Tia Bia!” – notificou o Velopata.
“Já? Ainda nem uma hora e meia de pedalada temos.”
“Pois, mas a única coisa que trará paz de alma ao Velopata após esta tentativa de atropelamento é mesmo a Torta de Alfarroba.”
Pit stop efectuada, onde o Velopata matou vários vícios com uma só cajadada; café, Torta de Alfarroba e cigarrada, o dueto lançou-se novamente ao alcatrão.
Para além de ser conhecedora da matinal azia que umas fatias de pizza podem provocar, a Srª Velopata parece, à semelhança de tantas outras fêmeas de bicho humano, ser detentora de um sexto sentido que o Velopata reconhece agora ter de começar a prestar a devida atenção. Já na véspera da pedalada ela havia indicado ao Velopata que este feriado de Primeiro de Maio se traduzia em muitos enlatados pela Serra pois parece ser tradição que as famílias se juntem em bucólicos piqueniques.
Todo o cuidado seria pouco e o seguro morreu de velho, provavelmente atropleado por um enlatado enquanto seguia de bicicleta Yé-Yé.
E não é que a Srª Velopata tinha razão?
Nunca o Velopata ou Papa-Figos haviam ouvisto as serranas estradas algarvias pejadas de tanto enlatado como neste dia.
O que não deixa de ser curioso é que mesmo em modus operandi feriado e passeio com a família, a vasta maioria das latas mantém aquela atitude de a minha pressa é maior que a tua e tudo vale para chegar primeiro ao local de piquenique. Razias, ultrapassagens em cima de curvas cegas, excesso de velocidade, aquilo parecia uma ode ao não cumprimento das básicas regras do Código da Estrada.
Engraçado mesmo é pensar que todas estas famílias de enlatados optam por este dia para apreciar a beleza com que a Mãe Natureza presenteou a nossa espécie. Mesmo que para isso, tenham de a destruír até lá chegar.
Mais uma razia sem qualquer necessidade e o Velopata não pode senão bradar aos céus;
“Mas o que é que esta gentalha vem fazer para aqui?”
“É feriado pá. As famílias juntam-se e parece que é tradição fazerem piqueniques na Serra!” – retorquiu Papa-Figos. “Devemos ter de os aturar, pelo menos até saírmos da Nacional 2.”
“Mas esta gente não sabe?”
“Não sabe o quê?”
“O milenar provérbio… Para lá do Caldeirão, mandam os… Os… Mandam os Ciclistas pá!”
Papa-Figos não respondeu, limitando-se a sorrir e continuando a expressar a sua apreciação por um infindável leque de séries das quais o Velopata jamais ouviu falar e certamente nunca as verá pois todos sabem que só 6 séries lhe interessam; Volta ao Algarve, Giro, Tour, Grandíssima, Vuelta e A Guerra dos Tronos, sendo que é uma pena que esta última não tenha velocípedes ou a presença da Monica Bellucci, caso contrário, roçaria a perfeição.
A procissão enlatada continou e também o Velopata continou a praguejar de cada vez que vários asnos, jericos e jumentos ao volante atentavam contra a sua vida, mas sobrevivendo até ao sexagésimo oitavo quilómetro planeado, Velopata e Papa-Figos finalmente chegavam à curva para Guedelhas, dando início ao segmento inexplorado.
De alcatrão a estrada transmorfava-se numa espécie de mistura de cimento, levando o Velopata a questionar;
“Era este o piso irregular do qual falavas?”
“Não. Estes primeiros quilómetros ainda são bons. Lá mais para a frente é que fica piorzinho mas são só três ou quatro quilómetros. Não te preocupes.”
Irregular.
Piorzinho.
Adjectivos que o Velopata jamais utilizaria para descrever aquela mistura de pedras, cimento, buracos e crateras que aqui e ali eram pontuados com umas notas de alcatrão. Veja-se a coisa assim; se de metro em metro pedalado o Velopata tem de levar as mãos aos bidons para se certificar que estes não vão saltar dos suportes, então a estrada não é má.
É pior.
Ele começava a ficar impaciente, aqueles três a quatro quilómetrozinhos pareciam nunca mais ter fim, quando finda uma ligeira rampa, Papa-Figos exclamou;
“Já está! A partir de agora vais ver o mimo que isto vai ser!”
Verdade seja escrita, ainda hoje o Velopata não encontra na língua de Camões o palavreado correto para descrever aqueles cerca de 30 quilómetros pedalados, restando apenas partilhar com a sua legião de milhares de milhões de mui amados seguidores, um só pensamento;
Vaiam pedalar naquela estrada que não se arrependerão.
A conversa acabou reduzida a um mínimo, optando o dueto por absorver tudo o que aquele pedaço de alcatrão tinha para oferecer.
É engraçado como mesmo muitos anos após descobrir padecer desta maleita boa que é a velopatia, Papa-Figos foi capaz de providenciar ao Velopata mais uma epifania, que só não fez os apêndices pilóricos velopáticos arrepiarem porque ciclista que é ciclista depila-se.
Esta é a razão pela qual todos devíamos pegar nas nossas nobres montadas e pedalar.
Sem olhar a médias, cadências do lactato, mesociclos dos watts, pedalar apenas pelo simples prazer de pedalar, deixando entrar pela alma toda a beleza natural com que este Terceiro Calhau a contar do Sol decidiu presentear a nossa espécie, dificilmente a vida melhora mais que isto. Salvo claro, se ao invés de Papa-Figos, a companhia velopática para esta pedalada fosse a Monica Bellucci.
Chegados a Martim Longo, com todas as fibras musculares, neurais e carbónicas ao rubro, Velopata e Papa-Figos conseguiram ainda a proeza de pedalar perdidos à procura da ligação à Estrada Nacional 124 onde, claro está, a procissão enlatada continava mas, talvez por estes já se encontrarem de regresso aos lares após a sua blasfema comunhão com a Mãe Natureza, vinham mais calmos e o regresso do dueto fez-se sem registo de grandes tentativas de homicídio.
Diziam os antigos babilónios que uma imagem vale mais que mil palavras.
Posto este facto e uma vez que o Velopata está com ganas de ir prostar-se em frente à televisão para se deleitar com o arranque de mais uma edição da Volta a Itália, fiquem com algumas das fotografias (já partilhadas pelo Velopata no seu Instagramcoiso que podem encontrar aqui), devendo apenas notar que apesar de conterem dois bonitos modelos machos, estas fotografias não fazem jus à beleza da estrada com que Papa-Figos presenteou esta magnífica volta ao Velopata.






Se acharam este texto fraquinho para os padrões a que o Velopata vos habitou, é porque não sois vós que têm a mãos um Velopatazinho que decidiu começar a dar uns terríveis inícios de noite, apenas adormecendo para o soninho recuperador bom a altas horas. E já diziam os aztecas; noite perdida nunca é restituída. Isto é algo que já preocupa a Srª Velopata mas, no seu âmago, o Velopata sabe. Aquilo é tudo nervos porque o Velopatazinho sabe que as suas primeiras lições teóricas de como um dia vencer o Giro estão prestes a começar.
E que Giro este promete ser, chegando finalmente o momento de sabermos se o vencedor da transacta edição, o Holandês Cagador, tem equipa e pernas para desmontar e encarochar a troupe de asmáticos britânicos que este ano o desafiam naquela que é uma das mais duras provas de três semanas do calendário velocipédico World Tour.
Abraços velocipédicos,
Velopata