Sumaríssimo – adjectivo, superlativo absoluto sintético de Sumário. Sinónimo de muito simples ou reduzido. Diz-se do processo judicial muito breve e despido de formalidades.
in Infopédia, Dicionário da Porto Editora, versão para machos, fêmeas, transexuais, hermafroditas, indecisos e celíacos.
O dia começou mal.
O Velopata acordou à hora certa, preparando-se ele e a sua Estrela Vermelha para o que se previa uma dura jornada de quase 300 quilómetros, com passagens por Monchique e pela desconhecida das suas pernas até então, Pomba.
O problema é que o Velopatazinho, ou melhor, as tripas do Velopatazinho, não queriam que o Velopata, por uma vez que fosse, chegassse à hora combinada ao ponto de encontro com o restante trio para mais uma aventura. Do alto dos seus 62 cm de altura, o Velopatazinho conseguiu libertar tamanha quantidade de fofura gástrica que, transbordando pela fralda de corte aero-anatómico e apesar de o casal Velopata fazer um fralda-fit sempre que as compra, a verdade é que o casal Velopata se viu na obrigação de dar banho ao seu querido rebento, ainda nem os primeiros raios de sol entravam pelos estores do quarto velopático.
Com o Velopatazinho novamente fresco, fofo e lavadinho, lá foi um Velopata esbaforido pela malograda N125 fora, até ao previamente combinado ponto de encontro no café das Ferreiras, Albufeira, para se juntar à troupe do dia; Falso Lento, Pata Negra e Adskaya Mashina – alcunha velocipédica atribuída pelo Pata Negra e que o Velopata prefere desde já esclarecer aqui que nada tem a ver com tal; não vá o Velopata estar a chamar nomes feios à mãe do senhor e depois quem acaba com uma dentição nova é aqui o vosso amigo, com a cortesia do Red Army.
Razias à parte, tentativa de atropelo à entrada de uma apertada rotunda por parte de um taxista que, com o espelho a escassos centímetros do escanzelado braço do Velopata ainda teve a lata de gritar;
“Não dá para dar um jeitinho, não?”
“Um jeitinho para quê? Para o matar?” – berrou de volta um Velopata já pior-que-estragado.
E com tudo isto o Velopata lá sobreviveu a mais uma passagem pela famigerada N125, conseguindo chegar ao trio impaciente, aguardando há mais de 30 minutos a chegada velopática.
Seguiram-se momentos de tensão e quem não conhecesse os intervenientes nos arrufos e impropérios que foram proferidos, poderia facilmente acreditar que a bicha tricha do José Castelo Branco se tinha lançado na vida velocipédica. Irritações, provocações e ressabios foram lançados na atmosfera, principalmente entre Pata Negra e o vosso amigo Velopata, devido ao seu atraso. Mas como a pedalar é que a malta se entende, desculpas foram pedidas, ressabios foram digeridos e o agora quarteto lançou-se ao alcatrão cheio de vontade de querer.
E o que faltava para melhorar a coisa em Agosto, no reino dos Algarves?
Uma chuvinha.
Não foi um daqueles dilúvios de encharcar corpo e alma mas foi suficiente para deixar o corpo desconfortavelmente húmido e a estrada perigosamente húmida, forçando o quarteto, que entretanto viu as suas fileiras engrossar com as fugazes presenças do Moço do Treco, acompanhado de um amigo dotado de uma Specialicoiso (a falta de gosto desta gente…), e um daqueles capacetes fechados todos aerochronocarboncoiso (deve ser uma maravilha pedalar com tal no fresco verão algarvio), a tomar redobrada atenção de modo a evitar um Encontro Imediato de Terceiro Grau com o alcatrão de Silves.
Que o Velopata desconfia ser rijo como os restantes alcatrões por essas estradas de Portugal fora.
Menos na Holanda.
Lá, segundo consta, parece que o alcatrão é mais fofinho.
Terminada a subida até Monchique, na qual o Velopata assistiu enquanto Pata Negra e Falso Lento ressabiavam para descobrir qual deles tinha o maior carbono, chegou a hora do quarteto fazer a sua primeira pit-stop do dia.
Bidons carregados, cafeína embutida no sistema e algum chop-chop no estômago para dar aquela ponta final e a troupe lançou-se novamente ao alcatrão rumo à Pomba, uma subida desconhecida para o Velopata mas que muitas vezes já ouviu comentários como sendo “A subida do Nestum”; pois é ao que as pernas de quem por lá se aventura se assemelham findos aqueles 3,4 quilómetros a 8% de inclinação média que enganam – em certos troços o GPS velopático chegou mesmo a indicar 15 e 18% de inclinação.
Finda a subida, o Velopata aguardou a chegada do trio que havia ficado para trás. A conta-gotas lá iam aparecendo; primeiro o Falso Lento que se queixava da horrível inclinação de alguns troços, depois Pata Negra, queixando-se das dores de costas que a sua pedaleira de dentição para crianças de colo lhe estava a provocar e por último Adskaya Mashina, queixando-se porque razão haviam escolhido aquela rota quando existiam opções mais diretas e menos duras.
Quanto ao Velopata, só tinha ficado uma dúvida;
“Então e quando é que se passa nessa tal subida da Pomba que dizem ser bué dura?”
Ninguém respondeu.
Também não precisavam. Os olhares fulminantes, trucidantes e coiso na direção do Velopata foram suficientes.
Seguiam-se uns quilómetros a rolar e a técnica descida para a Nave Redonda, não que seja técnica devido às curvas e contra-curvas habituais nas estradas que rodeiam Monchique, mas porque o alcatrão lembra as principais ruas da Síria, Iraque e afins. Obviamente que lá se fez ouvir o já clássico chavão velopático;
“Com quilómetros e quilómetros de estradas boas e tinham que vir pedalar para aqui!”
Nem de propósito, durante a parte mais inclinada da descida eis que Adskaya Mashina solta um urro de terror e toca a colocar o sapato de encaixe no chão.
Furo.
Só depois o Velopata entendeu a razão para tal; já não bastava o moço munir-se de uma Specialicoiso como também os seus pineus eram Specialicoiso. Só faltava mesmo também as câmaras de ar serem Specialicoiso. E depois querem milagres… Porque realmente, neste terceiro calhau a contar do Sol, há gente sem noção.
Com muitas bocas foleiras lançadas e a câmara de ar trocada, o quarteto fez-se novamente à estrada, deixando para trás Monchique e penetrando nas longas e intermináveis rectas do Alentejo.

Foi então que um problema de cariz gástrico-psicológico se apoderou de Pata Negra, que decidiu marcar um ritmo tal na frente do quarteto que, de imediato, se começaram a expelir bofes pelo alcatrão. Como o Velopata já pedala nisto há uns anitos e sabendo que ainda teria pela frente cerca de 150 quilómetros quando Pata Negra abandonasse o grupo em Santa-Clara, para se reunir com a sua família Negro Patóide, este vosso amigo não foi em cantilenas e deixou-se ficar para trás, optando por manter um ritmo confortável em vez de seguir rodas de ritmos ferozes.
Lentamente, o trio liderado por Pata Negra desapareceu no horizonte e, como por instinto, o Velopata não pode evitar deslargar um sorriso enquanto pensou;
“Estes gajos parecem uns maçaricos. Daqui a mais uns quantos quilómetros logo conversamos…”
O Velopata devia jogar nos Euromilhões, Totolotos e Totobolas desta vida.
Quando finalmente se atingiu um pequeno troço de subida, o Velopata aproximou-se do desvairado trio e constatou o óbvio – as pilhas velocipédicas que alimentavam aquele ritmo jericóide estavam em final de vida. Nem para reciclar serviriam.
Adskaya Mashina já tinha adquirido o seu monumental bilhete de ida; nem a rolar a 10 quilómetros por hora a pulsação do moço baixava dos 170 b.p.m.. O Falso Lento aparentava já sinais de desgaste misturados com aquela estranha euforia de quem tem poucas horas de sono no pêlo e Pata Negra, terminada a subida, continuava a insistir num ritmo típico de quem sofre de questões de virilidade velocipédica.
Conclusão; o quarteto terminou disperso pelas longas planícies alentejanas e o Velopata não pode deixar de pensar que muito provavelmente poderia ter realizado esta volta sozinho pois foi exatamente isso que aconteceu durante os quilómetros seguintes.
Novamente uma pit-stop em São Martinho das Amoreiras de modo a recarregar bidons, hidratar o bucho com colas frescas mas principalmente, permitir que o grupo se unisse.
Seria ainda no tasco onde o quarteto descansava que o Velopata teria um nostálgico encontro com o passado.
Um amigo de tempos perdidos? Uma bicicleta idêntica aquela onde aprendeu a pedalar?
Não.
Uma casa de banho que se diria saída de um filme de terror de série B, daquelas cujo local de descarga é apenas um buraco no chão, qual wc vintage. Paredes recheadas de buracos, uma tendência de moda de decoração síria, e imundície q.b.. Findas as suas obrigatórias necessidades fisiológicas o Velopata fugiu dali para fora pois a sensação de estar a ser observado, através daqueles buracos na parede, por baratas, aranhas e sabe-se lá mais o quê, não era de todo agradável.
Regressados ao alcatrão e novamente o Velopata deu por si a pedalar apenas com a companhia dos seus bucólicos pensamentos; Falso Lento seguia lançado na frente pois com a deprivação de sono que havia sofrido na noite anterior, na sua opinião, o único modo de combater o esmorecimento velocipédico seria carregar na frente que nem um marafado, Pata Negra e Adskaya Mashina muito para trás, ambos a pagar a factura do anterior ritmo esquizofrénico. Retroactivos incluídos.
Não há dúvida que a Barragem de Santa-Clara nos presenteia com belíssimas paisagens, o único senão mesmo é que se torna impossível apreciá-las dado o lastimável estado do alcatrão nas estradas que a rodeiam. Todas as fibras de carbono da Estrela Vermelha chocalhavam, os bidons saltavam dos seus suportes e o cérebro velopático nem focar corretamente a estrada, para se desviar da cratera seguinte, conseguiam. Um mimo.
Com tanto alcatrão sírio, foi uma sorte que nenhum dos membros do quarteto furasse ou se escaqueira-se a longínquos quilómetros da próxima civilização.
Findo o segmento de alcatrão iraquiano, o quarteto reuniu-se novamente na ponte que transpõe a barragem. Pausa para fotos, selfies e coiso e Pata Negra voltou a ter ideias de jerico – desta vez queria dar um mergulho na barragem e só não o fez pois o Velopata prontamente o avisou para a possível presença nas águas de crocodilos e piranhas.

Rapidamente se fizeram os quilómetros que faltavam até Santa-Clara, local onde a família Negro Patóide já aguardava a chegada do seu querido Pata Negra com o que, o Velopata reconhece agora, um manjar digno de deuses velocipédicos.
Águas frescas, colas, cerveja, pão caseiro, queijo amanteigado do bom, pedaços de tripa de cadáver de porco fumado para os mais bárbaros do quarteto e a cereja no topo do bolo – carapau com bigodes. Ou tremoço africano, como diria o Rei Eusébio.
Camarões.
Velopata e companhia foram brindados com uma bela travessa de camarão cozido.
Com tudo isto só dois pensamentos assolavam o Velopata;
“Será que depois de encherem o pandulho deste modo, esta malta ainda se vai aguentar à bomboca com 150 quilómetros até casa?”
“Quando é que é essa tal subida da Pomba?”
Uma nota curiosa e que o Velopata terá de dissertar sobre, é o facto de sempre que há chop-chop envolvido e ocorre a presença de um vegetariano, automaticamente todos os presentes se transmorfam em especialistas doutorados em nutrição.
De pratos vazios e barriga cheia, sabendo que Pata Negra já não seguiria com a restante troupe para Faro, o Velopata ficou inquieto pois Falso Lento e Adskaya Mashina pareciam tudo menos aptos para uma nova pedalada de 150 quilómetros com o intuito de regressar ao conforto do lar.
E foi então que Adskaya Mashina teve também ele uma ideia de jerico – telefonar a alguém seu amigo que pegando na sua lata os viesse buscar, salvando assim o super-mega-hiper-monumental empeno. Só com muito esforço, dedicação e inglória é que o Velopata conseguiu convencer aqueles dois mafarricos desistentes a acompanhá-lo, pelo menos, nos restantes 30 quilómetros que faltavam até Almodôvar. Que a estrada era realmente muito bonita e na sua vasta maioria, em descida.


A custo lá o trio se despediu de Pata Negra e sua família, tendo Falso Lento e Adskaya Mashina arrastado os seus já moribundos presuntos até Almodôvar. Quanto ao Velopata, manteve um ritmo confortável e controlado na frente do trio, evitando assim a paragem cardio-tibial-respiratória dos seus comparsas que se mantiveram na roda. Velopata, sempre fresco e fofo como uma alface ao orvalho matinal e disposto a contribuir.
Com 200 quilómetros feitos o trio atingiu Almodôvar e minutos depois da chegada do trio chegava o familiar, amigo ou coiso de Adskaya Mashina, munido de uma lata para os salvar. O Velopata ainda foi questionado sobre o regresso a casa enlatado mas se há coisa que o Velopata não é… É desistente. Ainda para mais para ser salvo por uma lata… Ele nunca mais conseguiria dormir, quanto mais viver com a sua consciência se tal tivesse ocorrido.
Despedidas feitas e o Velopata lançou-se novamente ao alcatrão, sozinho com os seus pensamentos de asno e com os duros 70 quilómetros que separam Almodôvar de Faro pela frente.
Mas nada o podia preparar para surpresa que o dia ainda reservava.
Durante a pit-stop no Ameixial para recarregar o corpo com um irresistível chop-chop sob a forma de salame de chocolate, o Velopata viu passar um moço munido de uma Canyoncoiso que, pela sua expressão e pelo facto de nem sequer ter respondido ao simpático aceno velopático, já devia seguir moribundo.
Salame ingerido e sentindo aquela moca do pico glicémico, o Velopata lançou-se novamente à estrada, contando apanhar o empenado moço da Canyoncoiso algures no caminho.
Só após as rampas que atravessam a Serra do Caldeirão é que finalmente o Velopata avistou, escassos metros à sua frente, o marafado moço da Canyoncoiso. Que, afinal de contas, não devia estar a passar assim tão mal pois seguia a um ritmo vivo. Kúsnalama era o nome que se destacava no seu equipamento e de uma coisa o Velopata tinha a certeza; aquilo não era o nome de nenhuma equipa do Universo Conhecido do Velopata – este era de certeza um estrangeiro do norte do país.
“Vais para onde?” – questionou um Velopata esbaforido para chegar à roda do moço.
“Faro.” – retorquiu.
“Fixe, ele também! Siga!”
“Ele quem?” – questionou o moço da Canyoncoiso.
“Nada… Nada…”
“Estás a fazer a Nacional 2?” – questionou o moço, notoriamente intrigado com a quantidade de malas, malinhas, pochetes e outros adereços que cobriam a Estrela Vermelha.
“Ele não. Mas tu sim, certo?” – o espectacular sentido de observação velopático em acção, pois também a Canyoncoiso do moço estava equipada com malas, malinhas e pochetes.
“Sim, estou. Mas… Ele quem?”
A conversa fluíu como sempre flui quando ciclistas à beira do empeno se encontram na estrada. O Velopata ficou a saber que o moço seguia no seu quarto dia de pedalada consecutivo desde a saída de Chaves, tendo pernoitado em Ferreira do Alentejo. O moço ficou a saber que o Velopata é meio alucinado e pedalava carregado de tralha na Estrela Vermelha com o intuito de testar algum material. E claro, como não podia deixar de ser, o Velopata aproveitou para publicitar este seu espaço internético que é o blogue.

Mas se este moço oriundo de Penafiel, munido de uma Canyoncoiso e que gostava de pedalar de kúnalama se tinha revelado um porreiraço até então, durante a descida que dá acesso a Cortelha, algo se passou naquela mente e o Velopata foi forçado a ouvir o seguinte;
“Isso é uma Prisma não é?”
“Isso?” – ofensa gratuita à Estrela Vermelha.
“Sim, a tua bicicleta. É uma BH Prisma não é?”
“É.”
“Pois eu tive uma BH Quartz, nada de especial, aquilo era entrada de gama mas essa Prisma desconheço. É em carbono?”
“Não. Foi uma edição especial única da BH e o quadro foi produzido com material recolhido no meteorito 67P/C-G pela sonda Rosetta da Nasa.”
Neste momento, pelo olhar do Penafielense Kúnalama, o Velopata percebeu que ele hesitou quanto à sanidade mental do Velopata antes de continuar;
“Eu nem sou muito de estrada. A minha onda é mesmo o Enduro, só comprei a BH para treinar a endurance. Mas como não me estava a dar bem com ela e terminava as voltas sempre cheio de dores no corpo, desfiz-me dela e comprei esta.”
“Tinhas feito um bike-fit?”
“Sim.”
“Então é normal. Sabes, BH significa Bicicleta de Homem, não é para todos.”
Incha! Estava arrumado o assunto e ofensas à Estrela Vermelha não podiam passar impunes.
Durante a descida do Barranco do Velho para São Brás de Alportel o Velopata deu por si a seguir a roda do mafarrico. Aquela Canyoncoiso era realmente uma máquina estranha; pineus 28cc, travões de disco e um quadro todo aerocoiso davam-lhe um aspecto quase extraterrestre. Mas verdade seja escrita, esta malta do Endurocoiso desce bem e o Velopata viu-se aflito para não perder o contacto com o moço.
Novamente juntos nas secções planas que antecedem São Brás e a tanto a conversa como a pedalada seguiram a bom ritmo. Mas enquanto maquiavelicamente o Velopata matutava nas mil-e-uma maneiras de achincalhar gratuitamente no seu blogue este penafielense que tinha denegrido a pobre Estrela Vermelha, eis que o moço se sai com esta;
“Pois, entendo a tua paixão pelas longas distâncias e pela escrita e partilha das tuas aventuras no blogue. Eu também gostava de fazer algo semelhante mas devido ao meu trabalho e à exposição pública, não posso.”
“Então, que fazes?”
“Sou advogado.”
As pernas velopáticas tremeram, a bexiga deu umas pontadas e o esfíncter retesou. Por esta o Velopata não esperava. Sendo o gajo advogado, profissão que o Velopata considera um asco, como poderia o Velopata achincalhar o kúnalama sem arriscar um processo judicial?
Todo o cuidado seria pouco, não fosse o mafarrico sentir-se insultado e instaurar um processo judicial daqueles que terminaria com o Velopata a ter de vender toda a sua coleção de bicicletas para indemnizar o penafielense ofendido.
É que com esta malta que defende pedófilos, violadores, assassinos e pior ainda… Enlatados assassinos, o seguro morreu de velho. Estejas onde estiveres, caro amigo penafielense kúnalama, o Velopata só espera é que não sejas destes advogados. Caso sejas, então o que o Velopata te disse é verdade; só por teres pensamentos menos correctos com a Estrela Vermelha e dado o teu ofício, ele devia ter-te lançado um espigão de selim por entre os raios da roda da frente, durante a descida.
Com tudo isto chegava-se ao troço final da Nacional 2, a famigerada Estrada Da Nossa Senhora da Saúde, que une São Brás de Alportel a Faro.
Aqui o Velopata avisou o advogado que deviam ter extrema cautela pois o que não faltam por ali são razias e tremendas faltas de respeito por parte dos enlatados.
Curiosamente foi a primeira vez que o Velopata passou neste troço de estrada e nem uma única razia sofreu! Havia ali algo incorreto. Será que os enlatados sabiam algo sobre o penafielense kúnalama que o Velopata desconhecia?
E foi sem um único abalo ou susto que o dueto atingiu o marco rodoviário que assinala o final da Nacional 2. De sorriso estampado no rosto o advogado penafielense posou para várias fotos que o Velopata, recorrendo a todos os seus dotes de mão tremida, teve o prazer de capturar.
Se o dia começou mal, o que dizer deste final que, feitas as contas, terminou com o dueto velocipédico a carregar nas bujecas num tasco perto do lar velopatóide em amena cavaqueira, enquanto o advogado penafielense kúnalama aguardava pela chegada da sua respectiva que o vinha buscar na sua lata familiar.
Afinal de contas, este advogado até era um moço porreiro, o Velopata acabou por desculpar aquele momentâneo lapso psicológico aquando das ofensas à Estrela Vermelha. Isto claro, se não se tratar de um advogado daqueles que defende escumalha.
E com isto tudo o que o Velopata arrisca mesmo é um sumaríssimo.
Daí que não seja aqui partilhada uma única foto das que o Velopata tirou com o moço.
Não vá o advogado tecê-las.
Abraços velocipédicos,
Velopata
Boas Velopata!
Muitos parabéns. Excelente resumo. Tenho lido alguns post’s e gosto imenso da tua fluidez de escrita.
Quando comecei a ler este não fazia ideia que respeitava ao do dia em que nos conhecemos, pois já tinha lido o teu resumo do mês de Agosto e não tinhas feito referencia a tal.
Por isso, foi com, especial, agrado que li este teu post, considerando que o mesmo descreve tal, inesquecível, momento.
Em todo o caso, permite-me umas pequenas notas/rectificações:
– O nome do grupo é Kunalama (não kúsnalama, sendo que não sei se terá sido propositado a tua alteração);
– No dia em que nos conhecemos, eu estava no m/ 3º dia da travessia Chaves-Faro e não no 4º, pese embora o facto de ter planeado fazê-la em 4 dias, arrisquei e antecipei um dia, fazendo os 300km dos 2 ultimos dias em, apenas, um, fazendo com que não pernoitasse, conforme previsto, em F.Alentejo para seguir viagem até Faro);
– Com efeito sou advogado, mas não daqueles que defende “dessa marroxa” (apesar de aparecerem alguns cromos difíceis de entender e defender);
– A tua companhia naqueles 50km finais foi fundamental para a minha chegada tranquila, o que, desde já, te agradeço imenso;
– Quanto às fotos, tenho todo o gosto que publicasses as que foram tiradas (se me disseres como enviar-jomanofe@gmail.com);
– “At last, but not least”, a tua “Estrela Vermelha” é um maquinão, apesar da cor não ser, compreensivelmente, a m/ preferida;
– Conforme te disse, percebo mais, mas pouco, de bicicletas de montanha do que de estrada, pelo que acredito que me perdoes todos os impropérios que, ignorantemente, proferi relativamente à marca da tua insigne montada;
Na m/ próxima ida ao Reino dos Algarves, se assim o entenderes e for conveniente, tentarei entrar em contacto para um empeno a tua maneira.
Abraços velocipédicos,
Kunalama
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Obrigado amigo! Sem dúvida que combinaremos uma volta quando regressar ao reino dos algarves! Quanto às rectificações sugeridas o problema surge de um único facto sobre o qual conversámos no tasco… PDI e os seus efeitos na memória! Grande abraço e boas pedaladas!
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