1 – Descascar as batatas-doces, lavando-as com água corrente.
2- Cortar as batata-doces em pequenos cubinhos.
3- Colocar os cubinhos de batata-doce num recipiente e temperar com sal, pimenta e azeite q.b.. Podem adicionar umas folhas de Lúcia-Lima que providencia um toque refrescante.
4 – Despejar canela em barda para o interior do recipiente, mexendo e remexendo, como quem remexe mesmo, até que os cubinhos de batata-doce fiquem bem envoltos na canela.
5- Aquecer o forno. Notem que o estado físico “pré-aquecido” não existe; uma coisa está aquecida ou está fria, não está pré-aquecida – nunca ninguém terá ouvisto perguntar “Olha Maria, já pré-aqueceste o jantar?”.
6 – Forrar um tabuleiro com papel de alumínio (podem usar papel de carbono ou titânio, fica é mais caro). Despejar os cubinhos de batata-doce já temperados para o interior, espalhando-os homogeneamente pelo tabuleiro.
7 – Colocar o tabuleiro no forno.
8- Deixar cozinhar e ir picando as batatas-doces com o auxílio de um garfo. Quando estiverem crocantes por fora e molinhas no interior, desligar o forno e retirar o tabuleiro.
9 – Empratar à vontade, servindo como acompanhamento de seitan grelhado com ananás, por exemplo.
Neste momento o leitor equaciona se o Velopata estará a sofrer uma travadinha cerebral ou se, por alguma razão, o facto de a sua Estrela Vermelha se encontrar doentinha com o que aparentam ser rachas no avanço, terá surtido algum efeito sobre a saúde mental deste vosso companheiro do pedal.
Afetou sim e muito. Ele mal dorme.
Mas não é essa a razão para a partilha de tão suculenta receita.
“Porque raios está este gajo a escrever sobre uma espectacular, saborosa e calórica receita de batata-doce com canela no forno, quando a publicação é sobre a Volta a Portugal?”
A resposta é simples.
A espectacular, saborosa e calórica receita de batata-doce com canela no forno deixa o Velopata mais entusiasmado que esta septuagésima nona edição da nossa grandíssima Volta a Portugal deixou.
É que esta edição da Volta a Portugal pode ser resumida a duas simples palavras;
Discovery Porto.
Não, esperem. É aquele sentimento nostálgico que faz o Velopata escrever assim.
W52 Postal.
Que raios, isto não está fácil.
Os gajos de azul e branco, prontos.
Em antes do tiro de partida para a primeira etapa, já todos sabíamos; a W52-FC Porto – Mestre da Cor trazia os canhões da sua armada apontados à camisola amarela e com um plantel composto por alguns dos melhores ciclistas contemporâneos do pelotão nacional, as outras equipas teriam de fazer das tripas, pernas, deixando no alcatrão muito sangue, súor, baba e ranho se almejavam vencer qualquer coisa.
O que se esperava ser uma árdua batalha no alcatrão transmorfou-se no que a volta tem presenteado o público nos últimos anos – um massacre velocipédico.
Mais uma vez, o Velopata ficou com a estranha sensação que os gajos de azul e branco podiam ter vencido todas as etapas, todas as classificações e o que mais houvesse para vencer – parecem só não o querer fazer pois isso seria só… Ridículo. Além de “dar muita cana”.
Do estrangeiro lá de fora visitam-nos equipas pequenas, muitas vezes dotadas de ciclistas imberbes ou o oposto, como são exemplo os militares franceses, assemelhando-se a armários montados em bicicletinhas, facto é que nas primeiras etapas planas ainda tentaram algumas escaramuças mas, ao se atingirem as poucas chegadas em alto da prova, parecem ligar a marcha-atrás, desaparecendo na classificação geral.
Por tudo isto não resta muito mais por dizer. O Velopata até estava bastante entusiasmado nos dias que antecediam a Volta, preparando várias lições teóricas a providenciar ao Velopatazinho, mas as suas intenções acabaram como uma câmara de ar acabadinha de instalar num pineu que ainda tem um pionés dissimulado e espetado no interior. Esta deve ter sido a mesma sensação que Joni Brandão sentiu, ao saber que não poderia participar na prova rainha, princesa, imperatriz e coiso de Portugal. Este é daqueles homens de perna rija e depilada que dá sempre luta, a par de Rui Sousa que infelizmente, após 20 anos a viver na miséria e a lutar por uma honrosa vitória na geral que nunca atingiu, vê assim chegar o término de uma carreira de ciclista combativo e mui querido do povo.

Será apenas o Velopata ou mais ninguém reparou nesta curiosidade; ninguém comenta o facto de o Director Desportivo da W52-FC Porto – Mestre da Cor ser uma espécie de Aquele-cujo-nome-são-se-diz em versão portuguesa e não texana, aliado ao facto de a equipa se apetrechar de bicicletas KTM. Que é uma marca de primitivos veículos de duas rodas com motor de combustão. Fica a dica velopática para futura consideração.
Esperemos que para o ano a Volta seja melhor ou pelo menos, mais competitiva. Até porque o Velopatazinho já terá uma primavera de idade e a sua estreia em competição, em corridas de bicicletas de equilíbrio, deverá estar prestes a acontecer quando a próxima Volta a Portugal seguir para a estrada.
O Velopata só espera é que não apareçam lá uns bebés equipados de azul e branco, caso contrário, todos sabemos como vai acabar.

Abraços velocipédicos,
Velopata