Divisão Velopata – Julho e uma carocha do tamanho de “Biseu”

Nação velopatóide, cá estamos neste alucinado espaço velocibernético para mais uma ronda de prémios resultantes das prestações dos já cerca de 91 membros da nossa amada Divisão Velopata que, durante o mês de Julho, viu surgir algumas diferenças na sua essência.

A primeira e difícil decisão que o Velopata tomou, foi o o nome pelo qual esta alucinada troupe responde. Sendo um clube composto por atletas maioritariamente portugas, não faria grande sentido ter um nome em bifês. Divisão Velopata pareceu bem.

Outra já não tão difícil decisão prendeu-se com a crescente estrangeirada lá de fora a roubar lugares de destaque à malta tuga, particularmente nos pódios. A grande verdade é que esses atletas pouca ou nenhuma afinidade velopática terão – não conseguem ler os magníficos textos velopáticos (podem sempre recorrer ao tradutor do Gúguele e disso o Velopata não tem dúvidas, os textos ficarão melhores), e muito menos aparecerão para o jantar no final do ano e consequente gala de atribuição dos suados e merecidos prémios, logo, simpaticamente, o Velopata tomou a liberdade de expulsar essa maralha do clube.

Como o clube continua crescendo a largas pedaladas, o Velopata matutou, voltou a matutar e depois matutou ainda mais, como quem matuta mesmo, decidindo estabelecer um conjunto de regras que não só permitem a salutar competição mas também, premear a regularidade dos atletas envolvidos.

Para não se sentirem ofendidos, afirmando que o Velopata não explicou, aqui ficam novamente os mandamentos da Divisão Velopata, com o objectivo de abrir portas a todo um mundo de competição velocipédica a níveis jamais vistos de ressabianço e quiça, candidatarem-se a um prémio todo bonito que possam expôr nas parteleiras de vossas casas, mostrando-o cheio de orgulho aos  convidados do vosso lar.

Os 10 Mandamentos da Divisão Velopata

1 – o atleta deverá pertencer à Divisão Velopata (duh!).

2 – o atleta deverá ser portador de uma bicicleta sem motor.

3 – o atleta deverá ser uma pessoa real, viva ou morta, mas dá-se preferência a viva.

4 – o atleta deverá ter a sua semana de pedalada uplodada no Strava o mais tardar até à madrugada de terça-feira da semana seguinte, caso contrário arrisca-se a ver os seus quilómetros não contabilizados. Esta regra também é válida para atletas que adiram ao clube a meio de uma semana – o Velopata só iniciará o registo das vossas performances a partir da semana seguinte. O que foi feito para trás ficará perdido nas malhas internéticas do Strava pois, na realidade, o Velopata tem mais o que fazer.

5 – o atleta deverá ser português ou, sendo estrangeiro lá de fora, residir em Portugal. Emigrantes e casos excepcionais de estrangeiros lá de fora podem competir desde que apresentem elevada afinidade velopática. Notem que nem o Velopata sabe explicar bem o que significa “ter elevada afinidade velopática”, mas é tipo um feeling. Coiso.

6 – o atleta não deverá usar EPO Digital ou mesmo qualquer outro tipo de substância dopante a menos que consiga comprovar que esta lhe foi administrada única e exclusivamente sob a forma de supositório.

7 – de modo a premear a regularidade o Velopata inventou uma regra – duas semanas seguidas a fazer 0 (zero), quilómetros de pedalada e automaticamente os vossos registos serão eliminados tendo de começar de novo se almejam vençer qualquer coisa. Ao Velopata esta regra parece bom senso, até porque isto é tudo muito bonito mas quem tem uma trabalheira do camandro é o Velopata. Que até está a ser benevolente –  duas semanas seguidas sem pedalar e já é uma sorte que o Velopata não vos expulse do clube.

8 – actividades extra-ciclismo não serão contabilizadas. Esta é óbvia logo, Batráquios e adeptos de outras modalidades passíveis de registo no Strava, não venham mandar vir com o Velopata. Ele não lhe interessa se gostam de correr, nadar, jogar xadrez e por aí fora. Este é um clube de ciclismo e só o mais nobre desporto à face do Universo conta.

9 – os KOM´s contam. Particularmente em caso de empate numa determinada categoria, a existência ou não de KOM´s pode levar ao desempate entre atletas. O Velopata também confirma que foi submetido ao Tribunal Arbitral da Associação da Junta do Consórcio da Comarca da Assembleia Velopática, uma petição que permita criar um prémio, no final do ano, para o gaijo gaija que mais KOM´s conseguiram.

10 – o Velopata ainda pensou enjeitar uma regra proibindo os atletas de Biseu de participar pois, como o querido leitor verá, aquilo é malta de um nível de ressabianço tal que pouca margem de pedalada sobra. Mas como os biseuenses até aparentam ser malta porreira, o Velopata deu a manete à palmatória mantendo os referidos atletas no clube.

Postos os mandamentos velopatóides, em antes que venham criticar o Velopata por estar para aqui desaustinado a escrever em monte, siga para a entrega de prémios do que foi um escaldante mês de Julho.

CAMISOLA PAPA-QUILÓMETROS

1º José Pais – 3365,8 km

2º Velopata – 2047,3 km

3º Placas – 1717,2 km

Segundo teorias de alguns historiadores portugueses, consta que tanto Viriato como D. Afonso Henriques terão nascido nesta bela localidade do centro de Portugal que é Biseu. Tendo em conta a origem destas duas personalidades e o seu nível de ressabianço face ao poder instalado, do que estaria o Velopata à espera quando, no mês passado, lançou uma clara provocação aos atletas biseuenses?

Pela escrita encarocha o Velopata.

Se o ditado popular não é assim… Devia ser.

Foram necessárias intermináveis horas de súor, lágrimas, baba e ranho sob o tórrido sol algarvio, para que alguns membros do clube, como o Velopata e o Placas, dessem luta nesta categoria à enérgica troupe ressabiada de Biseu, que por pouca diferença de quilometragem, não ocupou todo o pódio.

Mas o Velopata sente-se na obrigação de tirar o cycling cap perante o poder dos apêndices locomotores que o Real Distribuidor de Carochas de Biseu, o Sôr José Pais, mostrou durante todo o mês. Duas semanas houve em que conseguiu perfazer um total de 1000 quilómetros e mais uns trocos. O Velopata perdeu a conta ao número de vezes que o homem subiu à Torre, na Serra da Estrela. Uma travessia dirigida ao Sul, através da Nacional 2, em apenas 3 dias. O homem não parava. Seria apenas a herança genética desses guerreiros de outrora ou algum vírus tropical que se estabeleceu por Biseu, com isto das alterações climáticas nunca se sabe, que terá levado a esta alucinante quilometragem levada a cabo pelo moço?

Veremos como evolui esta contenda entre biseuenses algarvies, mas para já, quem engoliu uma carocha do tamanho de Biseu foi mesmo… O Velopata.

CAMISOLA CARAPAU DE CORRIDA

1º Rui Miguel Rosa – média de 31,3 km/h

2º Tiko Filipe – média de 31,1 km/h

3º Mini Pro Ressabiado – média de 30,3 km/h

O Velopata não joga nos Euromilhões, Totobolas ou Totolotos da vida mas ainda assim é sua esperança que um dia os vença, afortunado por encontrar um vencedor boletim, perdido e esquecido por alguma desgraçada alma, no alcatrão. E em antes que gozem com esta sua teoria atentem – a probabilidade de tal acontecer deverá ser semelhante a acertar na milagrosa chave.

Até porque se o Velopata se der ao trabalho de preencher uma cautela, provavelmente vencerá – o Velopata já não disse que parece ter dons de adivinho? Pena é que é só para o que não interessa a ninguém, como diria a Srª Velopata e, neste caso, o Velopata bem referiu que após a sua pausa para compromissos com faca e bisturi, Rui Miguel Rosa iria regressar à carga com vontade de querer.

E assim foi. Média de 31,3 km/h registada ao longo de 1 mês de pedaladas é obra.

Quem também carregou no pedal com uma fé sem párea foi Tiko Filipe, conseguindo destronar o Mini Pro Ressabiado e a sua renovada Canyoncoiso do trono dos Carapaus de Corrida.

Postos os factos, alevanta-se uma questão. Será que este malta aprecia a paisagem envolvente quando vai pedalar? Apreciam o ar puro da nossa querida Serra Algarvia? Aquele magnífico som dos pneus a rolar sobre o asfalto, quando mais nada se faz ouvir?

Claro que não.

A vida é uma corrida e a verdade é que é deveras importante ser o primeiro a atingir o tasco lá na Serra – salvaguarda-se assim o melhor lugar à sombra onde colocar a bina a descansar.

CAMISOLA CABRA DA MONTANHA

1º José Pais – 47010 m

2º Velopata – 27515 m

3º Luís Abrantes – 22052 m

Sem surpresas o Real Distribuidor de Carochas de Biseu dominou o ranking dos escaladores do clube e não fossem os hercúleos esforços do Velopata nas suas sessões de auto-flagelação tibial e teríamos única e exclusivamente biseuenses a dominar o pódio desta jersey. Portantos, o Velopata deixa aqui um apelo à malta algarvia  temos de mostrar a estes estrangeiros do norte como também sabemos sofrer e que o Algarve não é só praia, bifasmins. É serra, subidas curtas mas inclinadas e capazes de sugar a força vital das pernas. Dureza.

A sorte destes gajos é que têm a Serra da Estrela e a sua mítica Torre ali ao lado. Por cá temos a amalgadora-de-pernas Fóia que, fazendo as contas, teria de ser atacada duas vezes para se obter o mesmo valor de acumulado da Torre. Ora aí está mais uma daquelas maravilhosas ideias do Velopata e algo que ele nunca tentou – subir a Fóia duas vezes de estalo.

Juntando todos estes factores, ou o Velopata muito se engana ou no final do ano teremos um biseuense a brilhar no pódio como Cabra da Montanha. O que até nem é assim tão estranho, afinal de contas, Biseu sempre foi uma cidade com maior tradição pastorícia que Monchique onde… Enfim, abunda a água em fontes e porcos. Especialmente na descida para Marmelete onde a fragância é nauseabunda. Mas vocês é que sabem o que comem.

CAMISOLA ALUCINADO DIÁRIO

1º Placas – 51 pedaladas

2º Carlos Aboim – 47 pedaladas

3º Pata Negra – 32 pedaladas

Mais uma grande novidade surge no que diz respeito ao gajo que mais pedaladas pratica durante um mês. Se desde o seu início Carlos Aboim, um imigrante portugua a viver nas terras do Brexit, dominava a jersey do Alucinado Diário com as suas constantes idas e regressos para o local onde labuta, foi a vez do Placas, inspirado pelo seu segundo lugar do mês transacto, a fazer das pernas, pistons e carregar que nem um louco contabilizando 51 pedaladas em apenas 31 dias.

Destaque ainda para o regresso de Pata Negra a um honroso terceiro lugar no pódio, no entanto, a diferença que o separa dos restantes competidores é elevada e não serão fáceis de alcançar – parece ao Velopata que o ressabianço por esta jersey se vai estender até ao final do ano entre estes dois alucinados; Placas e Carlos Aboim.

Resta ao Velopata tirar o seu cycling cap vosotros pois representam aquilo que a bicicleta é e sempre será; o meio de transporte mais evoluído que a nossa espécie criou.

CAMISOLA MELHOR BATRÁQUIO

1º O Grande Batráquio – 1641,8 km

2º Malévola Máquina Anfíbia – 853,9 km

3º João Pedro Oliveira – 825,6 km

O Grande Batráquio continua a sua senda vitoriosa pois ao contrário dos restantes membros ressabiantes do clube, este batraquiame parece não ligar pêvas às provocações que o Velopata aqui lança.

O Velopata aguardava com expectativa sérios desenvolvimentos nesta jersey, especialmente depois de saber que a grande maioria do batraquiame ia participar no Extreme Triathlon Estrela, ou Estrela Extreme Triathlon, ou Triathlon Estrela Extreme ou até mesmo Extreme Estrela Triathlon.

Que é uma coisa estranha.

Saber que batráquios desejam subir ao ponto mais em alto de Portugal Continental é por si só estranho. Regra geral o batraquiame é malta que pedala a abrir no máximo uns 20 a 30 quilómetros e com, quando se esticam, aí uns 500 metros de acumulado. Saber que iam todos contentes subir à Serra da Estrela deixou o Velopata confuso pois… Onde raios há lá mar para esta gente ir nadar?

Infelizmente a prova foi cancelada por risco de incêncio.

O que seria uma chatice para os bombeiros lá da zona pois se há coisa que um batráquio não pode ver é água – se um incêncio ocorresse, era ver os batráquios deslargarem as bicicletas e saír a correr (belo trocadilho velopático este), para chapinhar nas poças que o combate ao incêndio provocaria. Uma chatice para os bombeiros que teriam o seu trabalho atrapalhado pelos anfíbios.

Mas uma questão mais importante se alevanta nisto tudo. Se o Velopata bem se lembra, aquando da sua participação no Skyroad Granfondue Serra da Estrela em 2016, a vegetação é inferior a parca lá por aqueles lados logo… O que raios poderia arder mesmo? Meia dúzia de arbustos?

Ao que o Velopata conseguiu apurar, pois no Strava a categoria de atleta “Batráquio” não foi ainda criada, mais uns quantos atletas anfíbios juntaram-se ao clube já perto do final do mês. Assim, aguardam-se desenvolvimentos nesta jersey enquanto o Velopata esfrega as manetes com ansiedade, na perspectiva de ver algum batráquio ressabiar à grande e fazer frente ao que parece ser um lugar já cativo no nenúfar por parte de O Grande Batráquio.

CAMISOLA LANTERNA VERMELHA

David Belo Bike Sul – 34,2 km

O Velopata tem apenas uma questão em relação a este atleta… Ele chama-se “Bike Sul” da parte do pai ou da mãe?

CAMISOLA MELHOR MACHO RESSABIADO

1º José Pais

2º Rui Miguel Rosa

3º Placas

Não será surpresa nenhuma o pódio desta tão desejada jersey.

E sim, pelo menos neste mês de Julho, o Sôr José Pais pode finalmente gabar-se que “venceu essa coisa toda”, de acordo com as suas próprias palavras.

Que isto sirva de exemplo a todos os membros do clube. Não podemos ficar assim de braços cruzados e assistir ao esmagador jugo da malta de Biseu. Há que unir pernas e carbono, seguindo à luta.

CAMISOLA MELHOR FÊMEA RESSABIADA

1º Lioness of Porches

2º Malévola Máquina Anfíbia

3º Verónica Fernandes

O Velopata está tão contente que, como diz o velocipédico ditado popular, não lhe cabe um espigão aero no rêgo do ass.

É que finalmente as fêmeas perderam a vergonha e começaram a engrossar (termo utilizado sem segundas intenções), as fileiras do clube.

Neste mês destaca-se a paixão que a Lioness of Porches, anteriormente conhecida pelo pelotão amador algarvio como Peaceful Cycling, descobriu ter pela Fóia e um jerico que por lá habita, o regresso da Malévola Máquina Anfíbia ao pódio juntamente com os seus OVNI avistados durante as longas descidas da Serra da Estrela e claro, a sempre presente campeã Verónica Fernandes.

Conhecendo as restantes fêmeas que agora se juntaram ao clube, de uma coisa o Velopata tem a certeza –  vem aí ressabio armado de unhas de gel e sapato de encaixe de salto alto.

E vai ser bonito.

Pelo menos mais bonito será que ver gaijos enrolados em licras a ressabiar.

Tendo em conta que algumas destas fêmeas praticam essencialmente o Bêtêtê, vamos ter gaijas à bulha com lama pelo meio.

O que é ainda mais bonito de se ver.

 

Abraços velocipédicos,

Velopata

Um comentário sobre “Divisão Velopata – Julho e uma carocha do tamanho de “Biseu”

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