“Durante o Tour, para os raros momentos livres, o importante é levar preservativos. Nunca se sabe onde vão pernoitar as meninas do pódio.”
Jan Bakelants, ciclista profissional da AG2R-La Mondiale
Pois é queridos leitores, amigos, fãs e coiso que buscam a iluminação velocipédica neste alucinado recanto internético, a barraca está novamente armada, com recurso a martelo e escopro, no seio do mundo velocipédico com mais uma escandaleira de se lhe tirar o cycling cap.
Novas drogas estão a ser administradas aos ciclistas?
Doping?
Corrupção e favorecimento de equipas, especialmente se forem de proveniência avec, durante o Tour?
Motores escondidos no interior dos quadros das bicicletas?
Não.
Quer dizer, mais ou menos.
No fim de semana passado, ao que o Velopata conseguiu apurar, no decurso de um granfondue qualquer lá na Itália, um mafarrico de 53 primaveras foi apanhado com um motor escondido no interior da sua Colnago, após ter feito 5º lugar na classificação geral dessas corridas amadoras que, dizem as organizações, não possuem cariz competitivo. Aquela lógica.
Por si só, esconder um primitivo motor no interior de uma bicicleta já deveria ser razão mais que suficiente para a severa punição do “atleta” em questão mas… Esconder um motor no interior de uma linda e magnífica Colnago, para além de blasfémia e sacrilégio, devia por si só ser motivo para os restantes participantes do granfondue obterem a permissão de aplicar imediatamente um castigo ao “atleta”, sob a forma de paulada com recurso a espigões de carbono de alto módulo HMF Factcoiso monocasco. Onde é que já se viu conspurcar uma santa obra de arte italiana como uma Colnago deste modo… Ao que o mundo chegou.
Mas não é esse escândalo que traz hoje o Velopata até vós.
O verdadeiro problema, o terror cuja sombra assola o mundo do ciclismo profissional, é o facto de os organizadores da Vuelta, a Amaury Sport Organisation, ter decidido abolir a presença das meninas, mulheres, senhoras e fêmeas, das cerimónias do pódio durante a referida prova. Tudo porque se diz por aí que tal presença no pódio é foleira para as fêmeas, estando a ser objectificadas e vistas como meros adornos.
E isto, mais-que-tudo leitor, tem mesmo muito que se lhe diga.
Em antes de começar a sua dissertação sobre este fracturante tema, o querido leitor deve sempre lembrar que o Velopata tem perdido, algures nos recantos do conforto do seu lar, uns papéis que dizem ser ele licenciado em Biologia. Como tal, é sua forte convição que o fofinho ser humano é só mais um animal que habita neste terceiro calhau a contar do Sol.
Homens e mulheres, machos e fêmeas são diferentes.
Para além das óbvias diferenças morfológicas; velocipédicamente comparando, as fêmeas assemelham-se a lindíssimas Colnago, recheadas de bonitas e voluptuosas curvas, enquanto os machos se apresentam a andaimes chineses com rodas, vulgarmente conhecidos como bicicletas Team ou EMT, disponíveis em qualquer grande superfície e que o Velopata nem vai perder tempo a descrever (o leitor deverá notar que se o Velopata fosse fêmea, seria muito provavelmente lesbiana), também encontramos entre os dois sexos humanos muitas outras características que os diferençiam; perguntem a um macho o que é um salmão e ele responderá “um peixe”. Questionem uma fêmea e a resposta será “uma côr”.
Em antes que venham já daí as feminazis mandar vir com o Velopata, lembrem-se que existem factores de origem evolutiva que se encontram por detrás destas características.
Há cerca de duzentos mil anos atrás, quando os nossos antepassados foram exterminados (o tal homem de Neandertal, se bem que a avaliar pelo nível de condução dos enlatados actuais, o Velopata duvida que se tenham realmente extinguido), por essa simpática espécie oriunda da África do Sul que era o Homo sapiens sapiens (e não venham também já mandar vir porque razão se escreve “Homo” e não “Mulier“, qual gente mal-amada do Bloco de Esquerda e sua teoria do Cartão de Cidadão), o macho estava encarregue da caça e a fêmea tomava conta dos herdeiros do planeta, juntamente com outras tarefas menos violentamente exigentes como colher bagas e frutos, reconhecendo-os pela côr e cheiro. Daí que, após várias gerações labutando deste modo, as fêmeas tenham ganho uma apetência especial para identificar cores. Já os machos pouco evoluíram, mantendo-se brutamontes e em antes que as fêmeas tomassem conta do planeta inventaram sistemas que lhes permitissem mantê-las afastadas do poder. Típico.
Vai na volta e provavelmente até nem era mal pensado. Se o poder estivesse nas mãos femininas teríamos menos guerras e sim apenas um conjunto de países que não se falavam – o grande problema é que as fêmeas humanas nunca se conseguiram unir pois, actualmente, ainda discutem o que vestir e calçar e que mala faz o melhor pandã para tomar conta do planeta.
Outra abismal diferença entre os dois sexos amplamente difundidos por este sétimo calhau a contar de Uranus é o que os motiva. Freud explicaria que se trata de um só objecto motivacional (tapem os olhos às criancinhas a ler, se faz favor), que é o acto de praticar o amor. Coito. Pinocar. Sexo.
A verdade é simples; os machos da nossa espécie são motivados por uma e apenas uma só coisa que é… The Punany. Podem também ser orientados para outros objectivos, como amealhar recursos (dinheiro, uma boa casa, uma grande e potente lata), mas lá está, só o fazem porque sabem que isso lhes trará… Mais punany. É mesmo uma forte convicção velopática que o primeiro símio a abandonar as árvores, de modo a poder caminhar erecto (termo utilizado sem segundas intenções), só o fez porque queria impressionar uma macaca que assistia sentada no galho para depois… O leitor sabe.
Já o que move as mulheres – essa é a pergunta do milhão de eirios, aquela que foi abolida do Trivial Pursuit e do Quem Quer Ser Bilionário, pois viva-alma no Universo sabe a resposta. E é só a questão mais pertinente da espécie humana, mais importante que se beber leite na idade adulta faz bem ou mal, como reverter as alterações climáticas ou até mesmo, se estamos sozinhos no Universo.
Em remotos tempos civilizacionais, homens eram colocados a lutar entre eles e até contra animais selvagens. Ou seriam homens selvagens que lutavam contra animais? É abrir um livro de história e pesquisar o divertimento de gregos, romanos e os seus gladiadores. Os sobreviventes desses combates, como prémio, tinham direito a fêmeas. Segundo consta, até eram as senhoras ricas desse tempo que os procuravam.
Posteriormente evoluímos e esses mesmos gladiadores muniram-se de bicicletas e iniciaram violentas lutas velocipédicas de três semanas ao longo dessas estradas na Itália, na França e na Espanha. Ora se um destes gladiadores dos tempos modernos já vive com o ordenado que lhe é providenciado pela equipa, que outra motivação resta que não a de saber que, vencendo a etapa ou mesmo a volta, vai poder sacar umas gaijas no pódio? Ainda por cima conhecendo os valores dos prémios do ciclismo que, quando comparados com outros desportos como a bola, são só uma mixuruquice.
Abolindo esta herança patrimonial de outrora e depois não se queixem que os atletas estão menos agressivos. Que pedalam passivamente. Que Giros, Tours e Vueltas são um tédio. Se não há gaijas qual a motivação para um gaijo dar ao litro? É a mesma lógica aplicada no desporto que é andar à porrada legalmente, conhecido pelos leitores como Boxe ou mesmo Vale-Tudo. Nos intervalos desses saraus de pancadaria, que o Velopata lembra, só provam o quanto já evoluímos desde os tempo dos referidos gregos e romanos, também uma bela fêmea se vangloreia em trajes menores indicando qual o round que se segue. Claro está que o objectivo da exibição da fêmea perante os “atletas” é provocá-los à pancada, na esperança que o vencedor consiga levar a febra para casa. Em tudo é semelhante a atirar um osso para o meio de dois canídeos. Evoluída esta espécie, pois claro.
Mas as queixas não terminam por aqui.
Outra questão alevantada por toda essa gente que parece ter tempo livre a mais em mãos, tem por base o argumento de que as fêmeas encontradas por esses pódios velocipédicos são bonitas demais, levando assim a uma imagem errada do que deverá ser a beleza feminina e, consequentemente, lá sucumbem mais umas quantas adolescentes vítimas de bulimia e anorexia.
Sempre disposto a contribuir o Velopata pensa já enviar uma carta registada à Amaury Sport Organisation, com o conhecimento da UCI, pedindo que sigam os conselhos velopáticos e resolvam de uma vez por todas esta quezília;
- Mesmo sendo machos e fêmeas diferentes, ambos terão os mesmos direitos. Assim, nas provas femininas, quem entrega os prémios serão gaijos. É justo e ponto final parágrafo. Elas até podem protestar mas quando virem o Brad Pitt entrar no pódio, vestindo apenas uma sunga e um ramo de flores na mão, vão-se calar. É o poder das flores.
- De modo a salvaguardar os direitos existenciais da malta que é feia, deverá substituír-se um dos modelos na entrega dos prémios. Manter-se-á um deles que se quer bonito e escultural, tipo Brad Pitt e Monica Bellucci, substituíndo-se o outro por alguém mais feinho, tipo Odete Santos e Tony Ramos. E se acham que o Tony Ramos não é feio… Imaginem-no vestindo apenas sunga. Pois.

Se as feminazis se vão calar com estas medidas?
O Velopata acredita que sim, até porque não deixa de ser curioso que esta gente acredite que ter fêmeas no pódio degride a imagem da mulher contemporânea, mas ter uma publicidade televisiva onde um macho todo giraço, depilado e musculado, faz trocadilhos badalhocos com uma cadelinha (os bestiófilos adoram esta publicidade), enquanto coloca a roupa na máquina de lavar com o novo detergente dotado de uma embalagem aero e agentes de branqueamento em carbono monocasco de alto módulo, não seja uma ridícula mensagem às mulheres, indicando que são elas as responsáveis pela roupa do lar. E disto ninguém se queixa.
Que por acaso no lar velopatóide até nem é. O Velopata não confia à Srª Velopata a lavagem das suas aero-licras que muitos eirios custaram a adquirir.
Mas lá está, é “aquela” lógica humana.
Afinal de contas isto parece, como dizem os políticos contemporâneos, uma não-questão.
Ou, como o Velopata já referiu, malta com muito tempo livre.
O Velopata acredita que só uma instituição terá autoridade para acabar com todo este património que é a cerimónia de entrega dos prémios pelas meninas ou meninos do pódio.
A ASAE.
É que afinal de contas, parece ao Velopata muito pouco higiénico beijar um gaijo/a que completou 200 quilómetros a deslargar sangue, súor e lágrimas do corpo.
E claro, há ainda o cheiro, aquela fragância a cavalo com laivos de bedum.
É que nem a Srª Velopata se aproxima dele enquanto não tomar a bela da banhoca.
Abraços velocipédicos,
Velopata