Após uma primeira semana recheada de emoção e máfia, para além das já habituais saídas de competição para visitas ao estaleiro, chegou-se à segunda semana de competição naquele que é o mais grande evento desportivo, pelo menos entre os que são praticados por homens de barba rija e perninha depilada, que é o Tour de France 2017.
Dia 10 – I love this boxing revolution.
Não satisfeitos com as secas espetadas aos milhões de espectadores, a ASO, decidiu que para o arranque da segunda semana do Tour, seriam novamente necessárias duas etapas planas, neste primeiro caso, uma etapa a rondar os 178 quilómetros de… Puro tédio.
E para não surpreender, pois como muitos saberão, o coração da troupe velocipédica é fraquinho, a vitória lá coube ao Marcelo Kittado que novamente não deixou margem nenhuma à concorrência.
O Velopata não sabe mas cada vez mais sente vontade de adquirir champô cafeínado para o cabelo. Talvez, se durante o banho o Velopata der uma valente esfregadela no cabelo com tal produto, os resultados velocipédicos melhorem.
Mas o que aparentou ser um dia de puro marasmo no alcatrão francês rapidamente deixou de o ser poucas horas finda a etapa. Vídeos começaram a circular nas redes sociais onde o querido Nacer Boxerhanni voltou a dar um ar de sua graça, fazendo novamente aquilo que ele faz tão bem que é… Praticar o pugilato com outros ciclistas.
Que malta vestida em licras à porrada já é por si só uma imagem estranha e simultâneamente cómica todos sabemos. Mas o que se descobriu agora é que cada vez mais o consórcio UCI/ASO se aparenta à sua prima rica afastada FIFA uma vez que, para o mesmo mal existem medidas diferentes.
The Saganator, numa tentativa de equilibrar a sua bina à deliberada provocação do MMM (Maria Madalena Marquinha), acabou expulso pois o seu cotovelo pareceu atirar a referida menina inglesa ao alcatrão. Já Nacer Boxerhanni atacou deliberamente ao sopapo o amaricano da Quick-Step Jack Bauer e isto, querido leitor, tem muito que se lhe escreva.
Sendo Nacer Boxerhanni de ascendência argelina, como tal, muçulmana, é normal que o moço tenha algum tipo de arrufo com alguém que já tanta maldade, tortura e miséria tenha provocado sobre os seus conterrâneos como o herói Jack Bauer, esse agente amaricano da UCT (Unidade de Contra-Terrorismo), da série “24”. Ao que tudo indica até o realizador Michael Bay já declarou o seu interesse em produzir um filmaço sobre esta sessão de pugilato velocipédico, mas conhecendo o trabalho deste realizador, preparem-se para bicicletas a explodir, perseguições velocipédicas nas auto-estradas avecs e principalmente, pancadaria de meia-noite.

E o que fez a UCI/ASO a Nacer Boxerhanni? Castigou o pobre moço com 1 minuto de penalização e uma multa de uns quantos trocos em francos suíços (a moeda de troca oficial do ciclismo). Quanto a isto o Velopata só tem uma coisa a dizer; enquanto The Saganator é expulso, castiga-se o raivoso boxeur muçulmano com 1 minuto quando ele já se encontra a mais de 1 hora da maillot jaune. Faz sentido e o Velopata até aposta que o pobre coitado nem dormiu.
Pelo sim, pelo não, o Velopata equaciona inscrever o Velopatazinho numas aulas de judo, karaté ou aiquidôr, ou uma qualquer arte marcial que o valha. Não vá em 2042, aquando da sua tentativa de vencer o Tour, pedale para lá algum outro muçulmano ressabiado a quem seja necessário o Velopatazinho mostrar onde pode muito bem enfiar os punhos.
Dia 11 – Dar pau.
Para a décima primeira etapa a organização tinha preparada mais uma brilhante e entusiasmante etapa de 203,5 quilómetros, no entanto, nesta esperava-se alguma emoção principalmente porque a chegada seria na vila/cidade/aldeia/coiso com o belíssimo nome de… Pau. O problema é que as queridas UCI e ASO ainda não inventaram uma regra qualquer onde sejam permitidas um número limitado de vitórias aos ze germans e quem voltou a distribuír pau pela concorrência foi novamente o Marcelo Kittado.
Com a sua quinta vitória, Marcelo Kittado igualou o recorde anteriormente detido pela Marquinha, que nos seus tempos de glória e quando ainda não necessitava pedalar à cabeçada para vencer, também havia conseguido 5 vitórias numa só edição.
Pelo andar da carruagem, ou neste caso, pelo voar da bicicleta, Marcelo Kittado prepara-se para sair deste Tour como o ciclista que mais etapas venceu numa só edição. Veremos como serão as etapas sprintantes que ainda temos pela frente, findos os Alpes e os Pirinéus.

Lição para o Velopatazinho; “A sério, cuidado com ze germans.”
Dia 12 – Os comissários e a fruta avec.
À partida a décima segunda etapa apresentava um perfil que permitia novamente separar os meninos dos homens e esta afirmação velopática perde todo o sentido à luz do vencedor da etapa, o moço Romain Bardet que, à semelhança do seu conterrâneo bardo gaulês, espetou um daqueles banhos sobre a restante concorrência. Também o Fabinho aproveitou e pela primeira vez na história recente do Tour, vimos Froomster perder a maillot jaune, situação ainda piorada por ter sido deixado para trás, arrastando-se pelo asfalto, pelo próprio colega de equipa e fiel escudeiro Landa (que curiosamente é o mesmo nome da marca da ventoinha que acompanha o Velopata nas suas sessões de auto-mutilação caniçal da Tacx).
Verdade seja escrita, este Bardet já provou ser a próxima next big velocipedic thing lá na França e não é para menos, o problema é que o moço devia estar a competir nos júniores ou juvenis e não nas elites – a criança nem barba ainda desenvolveu! Mas o que choca o Velopata é mesmo a espessura dos membros do moço; quando se olha para ele montado na sua máquina Factor, é impossível não reparar que os tubos de carbono, 100% carbono, totalmente em carbono, full aero carbono conseguem ter uma espessura superior aos seus braços e perninhas estrelicadinhas. E o Velopata ainda é acusado pelos seus amigos civis de se assemelhar a um somali…

Mas se a etapa aparentava ser apenas mais um embate entre atletas velocipédicos de alta competição, os próprios ciclistas e os comissários da UCI voltaram a dar que falar e novamente, não pelos melhores motivos.
A bina torceu a corrente pouco antes do final. Os homens da frente seguiam para a última subida do dia quando, sem razão aparente, o Robocop Quiatcówesqui juntamente com Froomster e o Fabinho seguiam com tanta atenção que decidiram ir pedalar uns metros fora do alcatrão até ao matagal.
E o que fizeram os homens que seguiam na frente?
Nada.
Ficaram à espera.
Que meninos.
Se para assistir a este mui nobre desporto o Velopata tivesse pago bilhete, que ainda assim ele tem de pagar ao seu prestador de serviço de cabo para poder assistir às transmissões logo, até certa medida, o Velopata paga bilhete, ele sentir-se-ia, no mínimo, defraudado.
A bom ver muita tinta tem corrido; entre os atletas que disputam a geral, no caso da ocorrência de um problema mecânico, queda ou até mesmo um fulminante ataque gástrico, os seus mais diretos competidores deverão esperar?
Ao Velopata parece óbvio; sendo este desporto um embate entre psicofisiologiacoiso dos vários atletas, apenas factores externos como a palhaçada que algumas motas têm feito ou até mesmo a interferência do público são razões válidas para que se espere por um atleta. Neste caso tratou-se de uma falta de atenção, uma curva feita à jerico – não deveria ser razão para ninguém esperar pois em alta competição, os erros devem pagar-se caro!
Mas se o querido leitor pensa que a polémica se ficou por aqui… Então não é que os comissários da UCI decidiram punir Rigoberto Uranus e Jorge Bénete com penalizações em 20 segundos, apenas por terem aceite garrafinhas de água de membros do público numa fase final da etapa onde os abastecimentos já não eram permitidos? A piada está no facto de que o próprio vencedor da etapa, Bardet, também foi filmado aceitando água mas a esse, sendo avec, nenhuma penalização foi imposta.
A piada permite-se mais gargalhadas quando lemos a explicação da UCI; os dois atletas penalizados bebericaram das garrafas oferecidas enquanto o ciclista avec apenas molhou a face. Em abono dos comissários, esta o Velopata e a maioria do público masculino até entende – todos sabemos que existe uma clara diferença entre uma actriz de filmes de acção que engole ou que uma que gosta de chafurdar na cara logo, o Velopata dá a manete à palmatória ao Comissariado.
Choveram reclamações sobre os comissários tendo-se tornado inevitável – decidiram voltar atrás na decisão e manter os tempos de etapa de ambos os envolvidos. Haja bom senso!
Após muita deliberação velopática, o Velopata percebeu que o problema não se trata dos comissários favorecerem os atletas avec. O problema está sim no próprio comissariado que, na realidade, é um denominado “Colégio de Comissários”. Nestes termos, o Velopata propõe que em vez de terem para lá um colégio a avaliar a coisa… E que tal… Terem realmente malta com o curso de comissário já concluído (com boas notas de preferência, não se querem lá Relvas), pois vai na volta e o que temos lá são estagiários a recibos verdes. Velopata sempre a contribuir.
E como está sempre a contribuir, o Velopata pode ensinar mais uma lição ao seu rebento mais-que-tudo;
“Se puderes faz-te amigo de um comissário. E dá-lhe fruta.”
Dia 13 – Um céu menos azul.
A décima terceira etapa deste Tour prometia fazer estragos num pelotão já fatigado. Uma curta tirada de 100 quilómetros com 3 contagens de primeira categoria e uma chegada a Foix (quem diria que os nossos amigos avecs também tinham lá uma Fóia?), no entanto, apesar da vitória para a velopata-friendly Sunweb, parceira de negociata lá onde o Velopata afincadamente trabalha, e o seu corredor Úarren Braguilha, moço que parece já ter no bolso traseiro pronta a levar para casa a bonita jersey das bolinhas correspondente à classificação da montanha, entre os atletas da geral não se surtiram mudanças significativas. El Dopalero deu espectáculo lembrando a sua antigá glória quando ainda comia bifes e Kingtana tentou aproximar-se do pódio com o que lhe resta das pernas mas a atenção caíu novamente sobre a UK Postal… Desculpem, a Team Sky.
Finda a etapa do dia anterior, o fiel escudeiro de Froomster, substituto do cara-de-hamster G. que já abandonou para visitar o estaleiro, foi filmado a discutir com o Director Desportivo da equipa devido ao ataque sobre o próprio chefe de fila. Que o Velopata até entende a atitude do atleta em questão; se o seu boss estava a ficar para trás o seu dever poderia muito bem ser impedir que a concorrência direta conseguisse as bonificações.
E o ambiente ficou ainda mais pesado quando durante a etapa, seguia Landa na frente da corrida e Froomster atacava lá atrás, quando os seus diretos rivais é que deveriam ter-se preocupado com o facto de Landa assim se aproximar rapidamente do pódio. Fica a questão; estará Landa borrifando-se para o seu chefe de fila, procurando uma boa classificação à geral, ou estará a Team Sky, qual tenebroso exército de Robocops do darkside com uma estranha agenda secreta, aplicando uma táctica que ninguém entende? E há ainda quem não acredite no karma… Froomster parece estar a provar um pouco do remédio que ele próprio serviu sobre Bradley Wiggins, o que parece ser recorrente no timão britânico.
Sobre tudo isto só existe uma lição possível para o Velopatazinho; “Arranja uns gregários de jeito e exclui todos os que tiverem Judas no nome.”
Dia 14 – O Rei vai nú.
Ainda as garrafas de champanhe da noitada anterior não se haviam esvaziado e já a Sunweb tinha novamente razões para encomendar outra remessa alcoólica. Pela segunda etapa consecutiva o caneco seguia para a Holanda, desta vez às pernas de Michael Matthews.
E se dois dias antes o Fabinho se tinha mostrado um ciclista muita forte e cheio de vontade de querer, tendo pela primeira vez na história recente, roubado a maillot jaune a Froomster, nesta etapa Fabinho devolvia o primeiro lugar da geral ao magrela-louva-a-deus-pedalada-esquizo. No que se previa uma chegada ao sprint, Fabinho teve o azar de se colocar extremamente mal no pelotão lançado à entrada de uma mini-rampa final. Falta de pernas? Falta de gregários? Posicionamento de asno? Ou também ele possui uma estratégia escondida e sabendo que grande parte da sua Astana está no estaleiro e totalmente desfalcada, não conseguindo mais controlar uma única etapa que seja, preferiu abdicar da maillot jaune para atacar novamente mais tarde?

Lição para o Velopatazinho; “A sério, vais precisar de uns gregários de jeito.”
Dia 15 – Habemus corridum.
Finalmente a malta dos trecos, a Treco-Segueoalfredo lá venceu uma etapa e nada mais, nada menos, que pelas pernas do sofredor Baita Molleza, um ciclista que já muito prometeu mas por poucas vezes cumpriu. Quem não cumpriu rien de rien foi Kingtana que ficou novamente para trás, pernas ainda bem escalfadas do Giro, perdendo assim o seu lugar no Top 10 da presente edição.
O grande destaque da etapa surgiu novamente pela UK Postal… Desculpem, lá está o Velopata com a nostalgia…
Começava a última contagem de primeira categoria do dia e Froomster, pela segunda vez no decurso do dia, furava. É no que dá utilizarem pneus aero em vez dos espectaculares Vittoria Rubino Pro que o Velopata usa, abusa e recomenda. Chamando a si o exército de Robocops do demo, Froomster lutou muito para chegar novamente ao grupo dos seus principais rivais, fruto do espectacular trabalho da equipa com a pior opção cromática indumentária do World Tour, a AG2R-La Mondiale, que colocou todo o seitan na grelha para tentar distanciar o azarado.
E se até então tínhamos assistido a uma espécie de complô onde ninguém atacava a enxaropada armada britânica quando sob algum azar, os moços de azul bebé, branco e castanho bem tentaram, levando o entusiasmo dos atletas ao rubro pois finalmente… Tínhamos uma corrida de bicicletas a sério! O problema é que as marias fizeram as pazes; tendo desmantelado toda a sua troupe robótica, o já sozinho Froomster viu o até então Judas Landa descaír do grupo de favoritos para lhe dar aquela roda amiga.
Um promenor interessante que o Velopata assistiu nas redes sociais; dada a espectacular recuperação de Froomster ao regressar ao grupo da frente, logo surgiram as vozes de haters acusando-o de EPOísmo. Curiosamente estas mesmas vozes aplaudiram El Dopalero Contador aquando da sua milagrosa recuperação durante a subida do Martinlongo (ou lá como se chama essa dura subida transalpina), na edição do Giro em 2015. O Velopata deixa assim um pedido, vamos lá utilizar bom senso e não seguir uma lógica batatóide pois com certeza, xarope para a tosse é coisa que esta prozada não anda a tomar… Por estas e por outras é que o Velopata já iniciou uma dieta terapêutica de beterraba aplicada à Srª Velopata, de modo a que os benefícios deste EPO natural passem pelo leite materno chegando ao Velopatazinho. Porque de pequenino se prepara o Velopatazinho.

Chegamos assim ao final da segunda semana de La Grand Boucle com uma margem quase mínima entre os principais intervenientes, algo que já não víamos há uma série de anos.
Venham de lá os Alpes e essa terceira semana!
Abraços velocipédicos,
Velopata
AQUI ESTAO O VELOPATA E O VELOPATAZINHO. EU SOU O VELOPATACOTA OU SEJA O PAI DO VELOPATA E O AVÔ DO VELOPATAZINHO BJS PARA O MEU FILHO E O MEU NETO
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Lindo! Velopatacota é muito bom!
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