O Primeiro Tour do Velopatazinho – semana 1

Ei-nos chegados a Julho e aquela que é a maior prova velocipédica mundial, também conhecida pela Srª Velopata como “aquela altura do ano em que a televisão só pode transmitir um único canal e tinha de ser as coisas das bicicletas”.

A Volta à França é a créme de la créme dos acontecimentos desportivos mundiais, só suplantada pelos Jogos Olímpicos e o seu Curling. Mas agora a sério, quem é que quer ver Curling? Aquilo chega a ser catalogado como desporto mesmo? O Velopata também é um exímio esfregador de chão, especialmente agora que a Cadela Descontrolada já entrou na fase da vida posterior à sénior e não é por tal facto que o Velopata já se foi inscrever na rede social que os atletas de Curling utilizam para registar as esfregadelas como nosotros ciclistas utilizam o Strava. Enfim…

À partida o elenco deste Tour promete festa brava.

E que festa tem sido nesta primeira semana.

Aliás, a festa começou bem rija logo dias antes da Grand Départ com a notícia de que mais um ciclista havia sido apanhado nas malhas do doping. E esta, a nós portugas, doeu. André Cardoso, ciclista português da Treco-Segueoalfredo acusou EPO (Eritropoietina, ou como o Velopata gosta de lhe chamar, Estupidez que deviam enfiar na Ponta do Olho do…), o célebre fármaco que tantas vitórias no Tour deu a um certo ciclista-cujo-nome-não-se-diz.

Se o moço andou a dar nessa vil droga ou não; o Velopata não sabe, nem nunca saberá, o problema é que não deixa de ser engraçado ler a publicação que o atleta colocou na sua página de internet, explicando que sempre foi adepto do “ciclismo limpo” e que queria uma contra-análise para provar a sua inocência.

Vamos por partes; a favor do “ciclismo limpo” o Velopata também é. Aliás, é impensável para o Velopata sair para um treino com a Estrela Vermelha suja ou pior, os calções sujos. É uma nojice e faz mal às partes baixas que podem assar que nem pobres chicken piri-piri da Guia. Mais, o querido leitor sabe quantas contra-análises após uma primeira análise ter detetado EPO permitiram absolver o atleta em questão? À data de publicação deste texto… Zero. Todos os atletas apanhados com EPO na primeira análise lixarem-se pois a segunda análise deu mais do mesmo.

Por último resta apenas uma única comixão cerebral que o Velopata sente ao ler aquele pedido de desculpas do Dudu. Imagine o querido leitor que, por alguma sombria razão, alguém o acusava de um grave crime mas, felizmente, o leitor tinha a certeza absoluta que não o tinha cometido. Qual seria a sua reação? Pedir desculpa? Ou ficar lixado com um F bem maiúsculo, movendo estradas, montanhas, veredas e single traques para provar a sua inocência? Pois…

Além de que aquele texto não parece mesmo escrito por um atleta – a ausência de erros de português é claro indicador que o post em questão não deverá ter sido escrito pelo próprio Dudu mas, lá está, ciclistas não são atletas e sim deuses na terra logo o moço leva o benefício da dúvida, ao contrário de um artigo escrito por… Digamos… Um jogador da bola, esses sim, sempre tão fluentes na língua de Camões.

Também não deixa de ser estranho que a querida UCI (União Ciclísta Internacional), decida sempre complicar a vida a alguns atletas antes das grandes voltas. Passam-se meses sem um único caso de doping detetado e nas vésperas das grandes voltas; Giro, Tour ou Vuelta, aparecem sempre umas ovelhas negras apanhadas nas malhas dopantes.

Começa a parecer ao Velopata é que a UCI tem já uma longa lista de prevaricadores químicos e nas vésperas da competição alguém lá no escritório aponta uma caneta ao papel onde está uma longa lista de nomes e aleatoriamente seleciona um ou dois nomes que serão os sortudos dopados pré-volta. Que melhor maneira de passar a imagem de “ciclismo limpo”?

Mas se o querido leitor pensa que todas estas parvoíces retiram alguma espectacularidade ao Tour… Estai redondamente enganados. O Tour é sempre o Tour e este ano terá um sabor ainda mais especial para o Velopata – é o primeiro Tour do Velopatazinho!

Aproveitando o dia de descanso dos guerreiros lá na França, o Velopata deixa aqui o rescaldo do que foram estes primeiros 9 dias de competição; não vá o querido leitor ter passado os últimos dias em coma profundo, única razão válida para perder o mais grande espectáculo desportivo à face da Terra.

Etapa 1 – Esbardalhanços, jerseys com bolhinhas e a fucking psoríase.

Chegado o dia da Grand Départ que melhor escolha para o arranque da Volta à França que um ziguezagueante percurso de 14 quilómetros debaixo de chuva fresquinha na cidade berço do Panzerwagen e dos velopata-friendly Kraftwerk?

 

Quem adorou esta brilhante ideia foram El Bala Alejandro Valverde (Movistar), e Ion Izaguirre (Team Bahrain-Merida), que decidiram provar o alcatrão germânico de tal modo que para ambos os dois… O Tour terminou em antes de ter começado.

O que aconteceu a Ion Izaguirre ninguém sabe muito bem… É um ciclista “menos importante” na grande teia velocipédica que é a vida touriana, sabendo-se apenas que se escaqueirou todo a tal ponto que a desistência era inevitável, mas quanto a Valverde… Ui.

Parece que o cota arrebentou o joelho todo tendo sido submetido a uma rápida cirurgia, só ao alcance dos deuses do Olimpo como El Bala é. Aos restantes comuns mortais como o Velopata e o querido leitor, resta a lenta agonia de quem tem de aguardar nas intermináveis listas de espera do SNS. Rapidamente os sururus surgiram no espaço internético de que El Bala arriscava terminar a sua carreira mas o Velopata, por portas travessas vermelhas da Shimano com zero folga sabe – Valverde vai regressar, como sempre, mais forte que nunca e em 2018 será novamente um sério candidato a vencer Giro, Tour e Vuelta. Tudo no mesmo ano. “Ciclismo limpo” my ass… Ainda assim acendeu-se a luz da esperança no olhar do Velopatazinho que viu assim o mais forte rival à sua vitória no Tour de 2042 provavelmente arredado. Ou não. El Bala já está de regresso a terras de nuestros hermanos e encontra-se a recuperar a largas pedaladas.

Verdade seja escrita, esperava-se um domínio avassalador da Team Sky Pro Cycling mas, na humilde opinião velopática, aquilo não foi um simples domínio.

Foi um massacre.

A verdade é que os moços estão habituados a pedalar à chuva lá pelas ingratas terras do Brexit, no entanto, após colocar 4 ciclistas no Top 10 do contra-relógio, não tardou para que as acusações das Marias Madalenas Ressabiadas se fizessem ouvir – de acordo com o Director Desportivo da Fêdêjê, a equipa inglesa fez uso de ganhos marginais ilegais que se traduziam numa… Jersey com bolhinhas nos ombros.

A sério. Jerseys com bolhinhas.

Ao que o Velopata conseguiu apurar, tudo indica que após testes no túnel de vento, a Castelli, marca de indumentária velocipédica que o Velopata até aprecia, desenvolveu novos skinsuits que potenciam a wattagem aeroláctica do mesociclo da cadência do VO2max do ciclista através da produção de um vórtice aerocoiso, tudo porque afinal licra lisinha não é aero e sim… Licra com bolhinhas nos braços e ombros.

bolhinhas
Adquirir um equipamento destes é simples e até económico – basta pegar numa botija de gás cheia e dirigir-se ao multibanco mais próximo.

Certo é que o Velopata não pode deixar de pensar no lastimável início do ano transacto, quando foi acometido por um ataque de fucking psoríase que lhe deixou o corpo repleto de pequenas bolhinhas que posteriormente arrebentavam para descascar toda a pele como um réptil em mudança sebácea.

Se o Velopata soubesse à época o que sabe hoje, não teria tratado a coisa e ter-se-ia logo inscrito nos Campeonatos Nacionais de Contra-Relógio onde, fruto de uma pele carregada de bolhinhas, iria dar baile com ganhos marginais psoríacofílicos.

Feitas as contas no final do dia, para uma coisa este contre-la-monde serviu;

“Estás a ver Velopatazinho? Se em 2042 quando fores ao Tour isto também começar assim, com um contra-relógio à chuva, mais vale defenderes-te e não correr riscos. Nas montanhas logo lhes mostras como é que é!” – o Velopata falou para o seu rebento, ambos sentados em frente à televisão que ainda não é smart, assistindo à transmissão televisiva.

“Achas mesmo que o miúdo percebe alguma coisa dessas parvoíces que estás para aí a dizer?!” – ataque em cadência da Srª Velopata.

“Claro que percebe, não é meu Velopatazinho mais lindo?” – contra-atacou o pai babado com o seu rebento ao colo.

“Ué, Uó.” – respondeu o Velopatazinho.

Este puto é esperto.

Etapa 2 – O dia do cabelo cafeínado.

A 2ª etapa deste Tour ligava Dusseldorf a Liège trazendo consigo um bocadinho mais de pluviosidade mas, estando em território belga, ficou um sabor na boca a homenagem às clássicas.

Claro está que o alcatrão molhado levou às habituais quedas, no entanto, estas permitiram ao Velopata ensinar nova lição ao Velopatazinho – pedalar sempre na frente do pelotão.

Previa-se um final ao sprint e os ciclistas não desiludiram – o alemão Marcelo Kittado levou o caneco para casa, chorando baba e ranho após passagem da meta. O querido leitor pode não saber mas o Velopata explica; o moço chorou porque alguém lhe disse que foi fotografado com o cabelo despenteado.

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O único ciclista que não usa o cycling cap publicitário aquando das entrevistas. O Velopata sabe que se o capacete não fosse obrigatório, Marcelo Kittado era gajo para não o usar e mostrar ao mundo todo o seu poder capilar.

Por falar em cabelo, será só o Velopata ou mais algum leitor sente um estranho ímpeto para pedalar lançado até ao hipermercado mais próximo e comprar shampô com cafeína?

Etapa 3 – I love this cooking revolution.

Um perfil de etapa que lembrava uma clássica deixou todos os aficionados na expectativa que este seria dia para o Gregório ou mesmo um Filipe Gillete. O problema para estes classicómanos é que estava no pelotão um homem que adora revoluções culinárias e exaustores montados no lugar errado da cozinha, The Saganator, que mais uma vez mostrou porque razão é ele quem tem levado a mailot vert dos pontos para casa… Ou para a Alemanha.

Mas que raios… Isto começa a parecer esse desporto menor que é o futebol. Tudo corre bem até que vem a Alemanha e vence.

Nota para o Velopatazinho; “Cuidado com ze germans.”

O problema da Bora e a sua revolução culinária é simples; se o objectivo ao patrocinar uma equipa de ciclismo é aumentar as vendas então o ideal será uma publicidade onde afirmem que cozinhar com aqueles exaustores diminui a produção de lactato ou aumenta o VO2 max de um atleta. Conhecendo a comunidade velocipédica como o Velopata tão bem conhece, uma publicidade com tal categoria e as vendas dos exaustores disparariam em flecha.

sagancooking
The Saganator queixou-se que com os seus 80 kg de peso seria difícil apontar à classificação geral de uma grande volta. Das duas, uma; ou junta-se à Team Sky, onde com a política dos ganhos marginais no espaço de um ano vira trepador vencendo todas as grandes voltas onde participar ou junta-se a uma equipa menos preocupada com a culinária.

Etapa 4 – Vídeo-árbitro, alguém?

E ao quarto dia, a porca torceu o rabo.

Toda a etapa foi uma bela seca, como é típico da primeira semana de qualquer grande volta – quando é que estas organizações vão entender que 200 quilómetros planos não são espectaculares em nada? Ainda assim estas etapas têm os seus pontos a favor – foi possível ao Velopata colocar o sono em dia, roncando à grande no seu sofá com o rebento ao colo.

Mas se toda a etapa foi um valente tédio, ninguém podia prever o que aguardava os espectadores no final.

Foi a primeira vitória avec nesta edição do Tour, o Arnaldo Do Mar mostrou-se mais forte que a concorrência mas o que perdurará nos anais da história será o facto de a legião de fãs velocipédicos ter descoberto que afinal o vídeo-árbitro ainda não chegou ao ciclismo.

Parece que esse desporto menor que é o futebol, onde as novas tecnologias já se estabeleceram e até já se troca fruta em emails e o vídeo-árbitro já é oficialmente reconhecido, a máfia ainda consegue ser menos descarada que no ciclismo.

O que a UCI e a ASO (entidade organizadora do Tour), viram;

  • The Saganator espetou uma valente cotovelada nos queixos da Marquinha.

O que o Velopata e TODO o resto do mundo viu na televisão (seja ela smart ou não);

  • A Marquinha ficou para trás e tentou ultrapassar The Saganator por onde não havia espaço. Para evitar a iminente queda, The Saganator foi forçado a mover o seu ombro para fora, levando assim à queda da Marquinha que escaqueirou a clavícula, abandonando o Tour.

E o que fez o consórcio UCI/ASO?

Expulsou The Saganator.

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O momento em que a Marquinha (na imagem à esquerda), começou com mais uma das suas famosas atitudes de fair-play, dar cabeçadas para abrir caminho ao seu já-te-devias-ter-reformado sprint.

Mas estão a gozar com a malta ou quê?

Nesta fotografia a UCI/ASO ficaram tão mal que por momentos até pareceu uma máfia pior que a do futebol. Porra, até esses têm mais vergonha e não fazem a coisa tão descaradamente. E se o leitor tem dúvidas, atente a um facto – a Team Dimension-Data, à qual a Marquinha pertence, é um dos principais patrocinadores do Tour… Curiosamente já o sprint do vencedor da etapa, Arnaldo do Mar, ninguém contestou. O moço percorreu toda a estrada da esquerda para a direita, cortando o alcatrão à restante concorrência onde, veja só querido leitor, estava incluído o sempre simpático Nacer Boxerhanni, mas como tal facto ocorreu entre cidadãos avec tal não apresentou problemas aos comissários.

E mais uma vez The Saganator mostrou porque razão é um dos preferidos heróis do pelotão World Tour; mesmo sem culpa nenhuma veio a público pedir desculpa à Marquinha ofendida que ainda teve a lata de pedir que gozassem menos com ele nas redes sociais, após admitir que era e é um dos maiores sprinters de sempre. Porque há gente sem noção e xoninhas com uma lata…

Uma coisa o Velopata sabe; até pode ser daqui a 20 anos, até pode ser quando o Velopata participar num granfondue solidário; se vier de lá esta menina chorona que é a Marquinha, em antes que ele tenha ideias o Velopata também lhe vai espetar uma valente cotovelada nos queixos.

“Viste Velopatazinho? Entrando naqueles três quilómetros finais é deixar os sprinters ir à porra e à massa lá entre eles que aquilo é tudo uma data de manhosos. Tu vais lá estar mas é para a geral, não te esqueças disso.” – lição velopatóide do dia.

“Ué. Uó.” – retorquiu o Velopatazinho em concordância.

Mesmo esperto este puto.

Etapa 5 – Larga o tabaco.

Quinta etapa e a primeira chegada em alto do Tour ou, como o Velopata gosta de lhes chamar, o dia em que se começam a separar os meninos dos homens.

Os fãs velocipédicos aguardavam já salivantes por uma jornada de sangue, poder-se-ia finalmente verificar se este Tour seria diferente dos anos transactos onde a Team Sky e o seu exército de Robocops dominavam sem luta.

A surpresa surgiu pelas pedaladas de um miúdo de 27 anos, o Fabinho, que mostrou great balls of carbon. Ou great balls of EPO uma vez que o moço corre pela equipa Astana onde o Director Desportivo é Alexandr Veiaskurov, uma muito honesta face do “ciclismo limpo”, sabendo-se também que esta era uma das equipas “treinada” pelo querido Doutor Ferrari…

O importante é que o moço atacou forte e feio deixando toda a concorrência para trás, levando o primeiro caneco das poucas chegadas em alto que este Tour terá.

Ainda em antes da conferência de imprensa onde Fabinho explicou o seu audacioso momento e já o Velopata observava desconfiado a transmissão televisiva… Se há característica identificadora do Fabinho é aquele seu esgar de boca, meio trombose, meio AVC, quando o alcatrão aperta. A bem escrever da verdade, onde estava esse seu esgar no momento em que desintegrou a Team Robocop?

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Perder estes esgares do Fabinho é por si só uma perda para a espectacularidade das grandes voltas.

Só na conferência de imprensa se fez luz; parece que Fabinho sofria de um problema nasal que o Velopata tão bem conhece – quando a frequência cardíaca atinge os limites máximos, as cavidades nasais entopem. No caso do Fabinho, o moço afirma que uma cirurgia realizada dias antes da sua vitória nos campeonatos nacionais italianos o transmorfou. O problema para o Fabinho é que o Velopata já conhece esta história de gingeira pois também ele sofre da mesma maleita nasal tendo descoberto recentemente que o problema advinha do seu estúpido vício adquirido durante os anos de rebeldia grunge adolescente – o tabaco.

E assim o Velopata pode ensinar mais uma importante lição ao Velopatazinho;

“Não sejas como o Fabinho. Não fumes.”

Etapa 6 – Yá, os alemães.

Mais tédio numa longa jornada plana que terminou como de costume – vitória do ze german Marcelo Kittado.

Ponto positivo – mais uma bela jornada de roncanço do dueto Velopata e Velopatazinho no belo e confortável sofá.

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Emoção estampada no olhar do Velopatazinho durante os 215 do total de 216 quilómetros da etapa.

Etapa 7 – A vingança do vídeo-árbitro.

Se na quarta etapa se descobriu que o vídeo-árbitro ainda não chegou ao ciclismo, o que dizer de uma etapa que foi novamente vencida por  Marcelo Kittado, com uma escassa distância de 3 milionésimas de centésimas de nanoésimas de infinitésimas de segundo sobre um esforçado Edvaldo Bossa Häagen-Dasz, colega de equipa da Marquinha,a Dimension-Data, que volta assim a não vencer uma etapa. Será chuva, será gente? Castigo é certamente.

E todos sabemos que a surgir uma vitória da Dimension-Data, será com certeza protagonizada pelo grande Esteves Quesevem, detentor de ambas as duas jerseys campeão brexitiano de contra-relógio e prova em linha. Mais uma contundente prova de que estamos na época do “ciclismo limpo”, particularmente depois de há alguns meses atrás surgirem denúncias respeitantes à própria federação de ciclismo brexitiana que parece ter distribuído supositórios de propriedades duvidosas pelos seus atletas.

“Vais ter de me ajudar caso seja preciso aplicar um supositório ao teu filho.” – este já não era um ataque em cadência da Srª Velopata, era um sprint à Marquinha, varrendo tudo e todos à sua frente.

“Nem pensar que ele vai atacar assim a masculinidade do Velopatazinho.” – o Velopata a tentar manter-se na roda.

Lição do dia – Cuidado com supositórios… Mesmo quando oferecidos pelos treinadores.

Dia 8 – BH! BH! BH!

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BH… What else? – já dizia o Jorge Clúnei.

Liliana Calejada.

Se até então o leitor desconhecia este nome da equipa mais bem apetrechada de todo o pelotão deste Tour, o Timão Energia Directa, então é porque tem estado a dormir. A par do Marcelo Kittado, o Gorilão, El Bala, entre outros, esta pérola velocipédica já o ano transacto deu que falar e escrever aquando da sua primeira participação numa grande volta, La Vuelta, onde justamente venceu uma chegada em alto sendo que, este ano, é um dos ciclistas do pelotão internacional que mais vitórias tem nas pernas.

E qual o seu segredo?

A resposta é simples. O moço vai armado de uma linda BH Gcoiso toda full carbonaero carbon, 100% carbono, totalmente carbono, mesmo tudo em carbono. Até a pintura escolhida é linda.

E o que dizer daqueles metros finais onde este jovem mostrou todo o respeito por alguém que já muito espectáculo deu ao mundo velocipédico? A bela língua de fora, um gesto de reconhecimento voeckleriano, um agradecimento a quem tanto espectáculo deu ao longo de vários anos nas grandes voltas.

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Até o Velopatazinho soltou um rasgado sorriso quando percebeu a lição do dia – BH rules!

Dia 9 – Xoninhas gonna xonate.

Na véspera da primeira e merecida folga da vida touriana, uma estopada daquelas aguardava os ansiosos espectadores e pelotão; contagens de montanha de todas as categorias possíveis e imaginárias, descidas sinuosas e para ajudar ao espectáculo… Chuva!

Se a luta pela maillot jaune aparentava ser acesa como não o foi nestes últimos anos, o espectáculo que esta etapa proporcionou acabou por mostrar o contrário. No final do dia, feitas as contas, não se pode deixar de ficar com a sensação que metade do pelotão; ou abandonou por chegar fora do controlo (caso do Arnaldo do Mar e outros), ou foram todos fazer uma visita ao estaleiro. A lista de quedas foi interminável, com destaque para a horrível queda de Porte, deu-se mais uma miserável prestação de El Dopalero, que parece ser o único a não perceber que a idade da reforma chegou, a indiferença do nanico colombiano Kingtana (o que terá lá ido fazer mesmo?!), e claro, o insidioso ataque do Fabinho quando percebeu que Froomster sofria um problema mecânico. Coitado do Fabinho, diz não ter reparado no problema do rival. O que é estranho uma vez que o Fabinho seguia na roda do Froomster quando tal se sucedeu mas, em abono da verdade, a tal cirurgia plástica ao nariz do moço pode ter afetado a sua visão.

Mas não é só o Fabinho que sai mal na foto. Minutos antes foi o próprio Froomster que lhe aplicou uma carga de ombro que, julgava o Velopata, só ser legal no futebol e… No Hóquei no Gelo. Froomster veio a público desculpar-se que foi obrigado a desviar-se de mais um membro do público carregado de respeito pelos ciclistas, no entanto, não deixa de ser estranho que só o Froomster tenha visto este adepto no meio da estrada. Nem o vídeo-árbitro o viu mas esse, lá está, no desporto do ciclismo ainda é de tenra idade e, muitas vezes, dúbio.

Com tanta desgraça quem acabou por heróicamente se safar foi Rigoberto Youranus que, mesmo com o desviador traseiro escaqueirado por um irlandês de dentição xerengada, levou o caneco para a Colômbia com a sua belíssima Cannondale SuperSix Evo em modo single speed. Quanto a este facto só há uma palavra que ocorre ao Velopata – Respect!

No final da etapa, ao recolher as várias opiniões dos ciclistas, o Velopata não pode deixar de reparar que a vasta maioria se queixava da organização do Tour – seriam eles a quem apontar o dedo por uma valente dose de sangue, súor e lágrimas.

É impressão do Velopata ou à medida que os anos passam os ciclistas profissionais começam a assemelhar-se cada vez mais a Xoninhas Velocipédicos? Vejam as lendas de outrora; em tempos idos onde as etapas eram duras tiradas de 400 ou mais quilómetros, muitas estradas nem alcatrão tinham e podia até cair uma tempestade… O Tour era o Tour e era para cumprir, faziam-se das tripas, pernas; só assim se consegue entrada no Grande Salão das Altas Iminências Velocipédias que fica no topo do Monte Velo, onde se encontram sentados à mesa em amena cavaqueira grandes lendas como Anquetil, Bartali ou Coppi.

E não, aquele-cujo-nome-não-se-diz, mesmo com as suas 7 vitórias, foi e será sempre barrado à entrada.

Como tal o Velopata deixa aqui a sua recomendação, também aplicável ao Velopatazinho quando as pernas começarem a doer;

“Deixem de ser xoninhas e pedalem!”

Veremos o que nos reserva a segunda semana de competição porque ou muito o Velopata se engana ou o inglês da pedalada esquizo Froomster já tem o caneco no papo. Novamente.

 

Abraços velocipédicos,

Velopata

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