Talvez não seja só por se tratar do mais nobre desporto praticado à face deste terceiro calhau a contar do sol e sim o facto de ser o mais física e psícologicamente exigente, mas a verdade é que atletas de todos os desportos inferiores e até mesmo os que se assemelham a deuses, vulgarmente reconhecidos pelo cidadão civil como ciclistas, vão sempre procurar algo que lhes permita obter uma vantagem sobre o gajo com quem estão a competir. É tipo lei da vida desportivo-atlético-coiso.
Seja o novo modelo de rodas em carbono, 100% carbono, daquelas que são mesmo só carbono, full aero carbono, com tudo em carbono, passando pela toma de substâncias químicas dopantes até… Pausa para o Velopata engolir em seco… Até à utilização de motores escondidos, a lista de truques, manhas e aldrabices utilizadas por atletas profissionais e de fim-de-semana não tem fim.
Consegue o querido leitor imaginar a face do Velopata quando descobriu, no mundo que é a internet, a existência de um novo tipo de doping, já apelidado por muitos como o doping do futuro, e que consiste em nada mais, nada menos que a Transferência de Microbiota Fecal (TMF)?
Ou seja, transplantes de merda.
A sério, transplantes de merda.
É pegar na merda de alguém, retirá-la com cuidado enquanto ainda quentinha e alojada no cólon para depois inserir e aconchegar com cautela nos intestinos de outro alguém.
Era mesmo só o que faltava.
Transplantes de merda.
Tentando não penetrar na análise de todo o procedimento técnico, e aqui o leitor tem de admitir que está muito bem esgalhado o trocadilho velopático com as palavras “penetrar” e “análise” tendo em conta o tema, mas a verdade é que esta metodologia dopante está a ser investigada por um cientista amaricano, aliás onde mais poderia ter sido inventada que não nos USofA!?!?, que sofria da borreliose de Lyme.
E o que é a borreliose de Lyme?
Ao contrário do que o nome indica não consiste num esfíncter descontrolado que origina assim borrelioses semelhantes às que o Velopatazinho solta nas fraldas. A borreliose deste amaricano apresenta-se como uma incapacidade em produzir flora estomacal e intestinal que auxilie a degradação de comida e consequente absorção dos nutrientes pelos intestinos. O que deve ser lixado no caso de o gajo só ingerir alimentos de pequenas dimensões. Agora se o gajo come abóboras, pepinos e courgettes e não os consegue digerir completamente até à hora de obrar… Dizer “lixado” é um eufemismo. Não que o Velopata saiba o que é isso; ele veste licras apertadas, depila-se e é muito macho mas foi o que ouviu dizer.
Ainda assim, grandes questões se libertam na atmosfera internética; será que não existe Actimel à venda lá na terra do gajo e como raios teve este amaricano a ideia de recolher merda de pessoas saudáveis para substituír pela sua própria merda que, pelos vistos, não é assim tão saudável?
O Velopata nem quer imaginar o histórico do browser de internet no pc deste menino.
Independentemente dos sites que o moço visitou, a verdade é que desde que o gajo iniciou a terapia de transplantes merdosos a sua vida nunca mais foi a mesma. Pode comer à vontade e começou a obrar fininho como os restantes humanos. Pode finalmente regressar à escola. Tirou um curso universitário. Começou a sair à noite, praticou copofonia e fez amigos. Conheceu meninas e até desposou uma. Foi à ópera, ao teatro, cinema e até a festivais de Verão.
Até que um belo dia deu por si com uma incompreensível vontade de participar numa prova velocipédica.
Uma vez que o moço nem era assim tão virado para o desporto, sendo amaricano devia mesmo ter uma compleição física a puxar para o badocha, decidiu investigar; estaria a merda que recebia no seu cólon a influenciar o seu modo de viver e até mesmo, de pensar? Será que a expressão “pensamentos de merda” faz finalmente verdadeiro e literal sentido?
Foi então que o moço partiu à procura do seu dador de merda para, sem grandes surpresas, descobrir aquilo que no âmago do seu ser já sabia; o seu dador de merda pertencia a essa categoria de deuses na terra, os ciclistas.
Lançou-se assim uma investigação à escala mundial para descobrir os benefícios dos transplantes de merda bem como quais as características que fazem de um ser humano um óptimo dador de merda. Após anos de estudos chegou-se à conclusão que os ciclistas, sendo os mais próximos de super-heróis modernos, são quem se encontra na categoria de humanos que aparenta ter das melhores merdas para transplante.
E isto cheirou logo a negócio para o Velopata (mais um trocadilho daqueles, o Velopata hoje está imparável!), isto poderia muito bem tornar-se a galinha dos ovos de ouro do Velopata, a sua Alcachofra de Leon ou até mesmo, quiça, o seu Calcitrin privado.
Sendo ele ciclista a coisa está safa. A merda velopática seria da melhor que há. Depois há ainda a questão do vegetarianismo do Velopata, tal apela a um nicho específico de consumidores, permitindo assim ao Velopata cobrar alguns eirios extra pela sua merda vegetariana. E claro, isto se o Velopata não contar com um patrocínio da empresa de produção de hortícolas biológicos da sua cunhada, a Pé de Salsa, resultando assim numa merda vegetariana de origem controlada, denominada e demarcada 100% biológica com os mais elevados padrões de qualidade e requinte.
Estando a criteriosa qualidade da merda assegurada, resta ao Velopata pedir apoios e subsídios à União Europeia para abrir uma clínica de merda e pagar a uma qualquer estrela de novela ou cinema (o Velopata sugeria a Monica Bellucci ou a Dânia Neto, duas meninas que aparentam ter uma merda muito saudável e o Velopata gostaria muito de trabalhar com elas, esperando desde já que a Srª Velopata não esteja a ler estas linhas), para participar num anúncio televisivo onde afirme que a sua qualidade de vida foi melhorada em 200% após um transplante da merda do Velopata.
Parece incrível não é?
Um Velopata pode e deve sonhar.
Com as suas clínicas de transplantes merdosos a crescerem como cogumelos por Portugal e pelo mundo tudo corria bem até que uma nuvem lançou a tempestade sobre o sonho merdoso do Velopata; transplantes mal feitos em clínicas velopáticas não franchisadas e, descobriu-se depois, com merda contra-feita proveniente do Bangladesh, tinham resultado na morte de vários pacientes.
Pior ainda, enquanto a ASAE procedia à recolha e análises da merda que o Velopata transplantava nos seus estabelecimentos, em pleno Tour de 2025, um tal de Alejandro Valverde, também conhecido como El Bala, do topo dos seus 70 anos acabava de vencer a camisola amarela para dias depois a ver retirada sob acusação de ter merda geneticamente alterada no seu esfíncter.
À luz de todos estes acontecimentos, os governos do mundo decidem proibir os transplantes de merda.
E lá se vai um sonho por água abaixo.
Ou cólon abaixo, o que será mais correto.
A sério, transplantes de merda.
Onde é que isto vai parar…
Abraços velocipédicos,
Velopata
Isto dá um novo significado à expressão “aquele gajo é um merdas”…
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