Abatido.
Cabisbaixo.
Murcho.
Engripado.
Adjectivos que descrevem o estado atual do Velopata.
Nem tempo tem para os rolos tem e o Cangalho já deu sinal; assim como numa relação conjugal as fêmeas arruínam o tantra queixando-se de falta de atenção, o mesmo ocorre com as bicicletas. Ao mínimo sinal de menor atração pela dureza do selim e o áspero das fitas de guiador que já tanto súor, baba e ranho mancham e elas guerreiam-se com seus donos feito éguas indomáveis. Um clic a mais ali, um clac a menos acolá e eis o problema mecânicofisiológico que foi o selim do Cangalho sair do sítio no raro dia em que conseguiu reunir forças para un treino daqueles do demo nos rolos. Mas este é um problema que o Velopata ainda consegue resolver recorrendo a apenas uma ou duas blasfémias e um ataque de pânico.
A gripe é que é pior. Daquela em que comer uma barra de energia se transforma num dilema entre respirar e mastigar levando a engasgo e consequente tosse convulsiva.
“É melhor é descansares e estares quieto!” – a sempre sábia Srª Velopata.
De alguma maneira parece quase kármico, que o Velopata entre em 2017 do mesmo modo que 2016. Com o pedal esquerdo ou seja, doente.
Pelo menos nem sinal da fucking psoríase. Um conhecido que conhecia uma prima da parte do cunhado de alguém disse ao Velopata “estas cenas têm tendência a aparecer sempre na mesma época do ano.”. Que merda, esse é que é o verdadeiro tipo de prognóstico que mais vale mesmo ouvir só no fim do jogo.
“E não te esqueças que essa vidinha está-se a acabar!” – a Srª Velopata, sempre sábia mas em mais chata.
Dezoito mil, trezentos e vinte e dois quilómetros percorridos em 2016. Muitos mais seriam se as bicicletas urbanas do Velopata, Cappuccino e Brownie, conta-quilómetros tivessem. Suficiente para viajar de bicicleta de Lisboa até Sydney na Austrália. Podia ser Sydney no Ribatejo mas não. Diz que o Velopata subiu o equivalente a vinte e duas vezes o Monte Evereste. Com certeza viverá lá um tibetano de alcunha Kingtana dos Chakras que todos os fins de semana atinge em primeiro lugar o tasco algures no monte, numa corrida de bicicletas com os amigos. Só o Strava é que ainda não chegou ao Evereste, quando o uaifai lá chegar será guerra aberta à velochakra. Dúvidas? Quantos ciclistas monhés conhece o leitor no World Tour? Ainda assim, pergunta maior fica; o que é que o Evereste tem a ver com chakras? E com monhés?
O Velopata divaga.
Nos últimos dias é um Velopata estremunhado que tem acordado em plena madrugada com o soninho bom interrompido pelo chamamento da Estrela Vermelha que no seu pedestal sussurra por aventuras.
Foi este o espírito que o Velopata abraçou de braços abertos. A aventura na bicicleta, percorrer vastos quilómetros mantendo sempre em mente a motivação – Porque não?
Ou como diria a Srª Velopata; “Porque és parvo.”.
Deve ser isto que os especialistas chamam de post-adventure blues. Estar sentado ao Pc a observar o passado. O Tróiapocalipse ainda ferve no sangue e culminou com 530 quilómetros, chegar aos 600 quilómetros feitos de uma assentada é um tiro.
Uma entrada no Verão de 2016 em com o pedal direito, tendo conquistado a Torre no Skyroad Granfondue Serra da Estrela, prometia. Mas o Velopata regressava às mesmas estradas tantas vezes percorridas… Faltava um je ne sais quois.
Transcontinental Race.
Race Across America.
Neste preciso momento, enquanto o Velopata escreve o nome das duas provas acima, os seus pêlos, se os tivesse, estariam eriçados com se de um porco espinho se tratasse.
Ávido o Velopata saqueou todos os profundos recantos da internet; fóruns, blogues, vídeos. Tudo o que existisse e mais sobre as acimas provas. Nem seria preciso um elevado grau de lógica aristotélica para entender;
1 – o Velopata gosta de bicicletar;
2- o Velopata gosta mesmo muito de bicicletar;
3- porque não passar o tempo todo a pedalar?
Ultraciclismo. É o termo técnico para doidos que percorrem de uma assentada distâncias de 200 ou mais quilómetros. Tempo houve em que profissionais como carteiros e amoladores percorriam estas e maiores distâncias em bicicletas que pesavam o que pesa toda a coleção do Velopata. Mas lá está, não havia uaifai ou Strava à época e os seus feitos desfilaram pelas ampulhetas do tempo, esquecidos.
Cansado das mesmas estradas e tendo em conta que se correr o bicho pega, se ficar o bicho come, em Agosto de 2016 o Velopata começou as suas primeiras aventuras. Uma sexta-feira, aproveitando a folga enquanto a Srª Velopata trabalhava onde ela afincadamente trabalha, o Velopata fez as contas. Beja. Seriam de uma única assentada e sozinho. Seguiram-se mais algumas aventuras mas já nada parava o Velopata – excepção clara a um cabo de mudanças!
Os quilómetros acumularam-se, a Estrela Vermelha acusou mas o Velopata já não queria saber. Foi um excelente final de 2016 que culminou no Tróiapocalipse e no lançamento deste blog meio alucinado. O Velopata garante que na passagem de ano, em segredo dos restantes convivas para evitar gozação pública, brindou a vós, queridos leitores e leitoras deste blog.
Resta pois terminar o assunto 2016 e seguir para 2017.
Só uma questão.
Já não será a primeira (e o Velopata acredita que a última), vez que alguém encontra o Velopata a pedalar e jocosamente pergunta;
“Vens de Évora?”.
“Então? Hoje é até Évora?”.
“Já foste a Évora e estás de volta”.
Ou a mais recente ouvida aquando do cruzamento com um grupo de ciclistas na esplanada do Ameixial que gritaram;
“Lá vai ele até Évora!”.
Pois é, parece que o épico feito do Velopata de uma viagem de 434,4 quilómetros de ida e volta até Évora deixaram as suas marcas na psique velocipédica de Faro e arredores.
É então justo que o Velopata partilhe com os leitores o que foi um dos primeiros textos, publicado quando o blog ainda não se encontrava no estado de larva ou ovo. Encontra-se no seu estado imaculado exceptuando pequenas alterações de natureza velopatóide.
05 da manhã.
O despertador toca e rebolas na cama a pensar “Porra que ´tá frio. Ficava era aqui mais umas horinhas”. Depois pensas no que vais ouvir “Falas, falas mas nunca vais.” ou “Só te ouço falar mas não te vejo fazer.”
Levantas-te.
Pequeno almoço reforçado, café cheio e bem forte, aquele da Nespresso que se beberes sem sono arriscas-te a ter uma taquicardia e um cigarrinho na varanda.
“Porra que ´tá frio.”
O hábito estúpido de preparar a bicicleta no próprio dia e não de véspera – lá acabou o Velopata por sair quase 1 hora depois do planeado. Luzes, bolsas, multibanco, dinheiro, identificação, 1 bidon de água, 1 bidon de bebida isotónica e barrinhas energéticas. Mas é quando o Velopata retira a Estrela Vermelha do pedestal e lhe sente o feeling que pensa;
“Eh lá, que peso bruto!”.
Isto do ultraciclismo é muito bonito mas é preciso ter cabedal para puxar tantos quilos serra acima.
06:30 da manhã. Hall do prédio e primeira selfie do dia – só sorrisos… Ainda.

Ainda é noite e tenho de ligar as luzes.
Já sei o que pensam os que não pedalam. Pedalar à noite? Isso não é perigoso?
Á noite todos os gatos são pardos.
O comportamento dos enlatados muda do dia para a noite. Mais de 90% não cumpre a distância mínima de segurança de 1,5 metros durante o dia. Á noite têm todo o cuidado do mundo e quando o fazem é totalmente na outra faixa. Uns queridos.
Nem 1 quilómetro feito e o primeiro cagaço do dia – por sorte também se revelou o único.
O Velopata aproximava-se do semáforo fechado do Chelote, desengata o pé do pedal pois já percebeu que terá de parar quando um BMW preto passa a uma velocidade tal e tão rasante que as fibras do meteorito que compõem o quadro da Estrela Vermelha e as sinapses do Velopata abanaram 8,5 na escala de Richter.
Pensam que ele abrandou e parou no sinal vermelho? Estamos a falar de semáforos com sensores que quando estão vermelhos de um lado significa que estão latas do outro à espera de avançar. Por milagre não houve ali um choque pois uma carrinha de distribuição de pão apercebeu-se do selvagem que ali vinha e travou a tempo.
“Começa bem isto” – um estupefacto Velopata pensou para com o fecho éclair do colete refletor.
A chegar a São Brás dá-se um encontro com outro ciclista, este já com uma certa idade, que me diz ir ao encontro de um grupo de senhoras ciclistas para irem até Almodôvar. “Nice, tenho companhia” – pensa, mas rapidamente o companheiro me diz que elas vão num ritmo mais calmo e que é melhor seguir viagem para não me atrasar. Assim faço.
1 hora e meia depois de sair de casa o Velopata atinge o Barranco do Velho. Pausa obrigatória para um café duplo e um cigarrinho. “Porra que isto está mesmo frio”.
Prestes a sair chega o grupo de ciclistas fêmeas que o companheiro em São Brás referia. Rapidamente são alcançadas, e como o Velopata não é parvo aproveita e segue viagem com elas. Umas porreiras apesar de ficarem para trás em todas as subidas mas depois fez-se luz na mente do Velopata – aquilo era malta do triatlo. Têm a mania que sabem andar de bicicleta.
No Ameixial, 50 quilómetros do percurso feitos elas páram para agrupar e sai a segunda selfie do dia. Como não me querem atrasar dizem que é melhor seguir viagem – o Velopata acredita é que ninguém queria vir a sofrer na sua roda!

O Velopata sente-se motivado pelas vozes femininas que desejam tudo de bom e o próprio São Pedro parece concordar; o vento mudou e está de sul o que ajuda à média de 29,75 quilómetros por hora que o gps indica até Ferreira do Alentejo. Sendo o sogro do Velopata nativo de Ferreira do Alentejo só ficava bem parar e sai mais uma selfie!

Sigo viagem e vejo uma indicação na estrada que diz Odivelas.
Odivelas? Será que o Velopata se enganou lá atrás?
Os níveis líquidos nos cantis começaram a escassear e estava no hora de parar. Avistando um café à beira da estrada nesta Odivelas que não é em Lisboa o Velopata aproveita para comer qualquer coisa que não barrinhas energéticas e mais um café. Estando o palato já farto do sabor doce estava na hora de ingerir algo salgado. O problema era o salame de chocolate super apetitoso na montra.
Pedido feito, servido e pago o Velopata sai para a esplanada quando se depara com uma senhora de idade e um puto a “micar” a Estrela Vermelha.
“Olhe que eu e o meu filho estávamos aqui a namorar a sua bicicleta.”.
“Grande máquina que você tem aí.” – diz o jovem. Realmente o rapaz tinha olho, o leitor terá de admitir.
Se existissem guardanapos na mesa o Velopata teria de limpar a barba de dono babado.
O salame era realmente uma obra de artesão alentejanos, o balde de café fez o seu efeito e os bidons foram carregados não sem antes pedir ao jovem uma foto daquelas à perfil de Facebook – o Velopata e sua grande máquina.

Quando peço à senhora e ao filho se lhes posso tirar uma foto ela foge a sete pés;
“Deus me livre se agora você vai me tirar fotos!”.
Segue-se viagem até ao Torrão. Mal o Velopata sabia ao que ia. Já lá tinha passado aquando do Faro-Fátima com a Evo Team mas exatamente por isso havia sido guardado e esquecido nos confins da mente do Velopata.
A experiência traumatizante. O pavê. O chão em paralelipípedo.
Um horror.
Não chega a 1,5 quilómetros mas é suficiente para deixar as pernas a latejar. Os bidons, gps e luzes quase saltam dos suportes e o Velopata é forçado a parar para se certificar que não deixou nada para trás. Ainda solta um desabafo com um Bombeiro que espera encostado a um jipe a olhar para ele;
“Já mudávam o chão desta porra!”.
O bombeiro ri-se.
186 quilómetros percorridos e atinge-se Alcáçovas onde finalmente se sai da famosa N2 para entrar numa espécie de estrada de cimento rugoso. O vento continua de sul logo está agora de lado. Os últimos 30 quilómetros até Évora revelam-se um suplício – um misto de larica, cimento rugoso a servir de piso, vento lateral e as constantes rampas de sobe/desce.
Pelo canto do olho o Velopata avista umas pernas desnudadas e um rabo quase à mostra?
O alarme no cérebro dispara e reparo numa imagem sui generis – a 15 quilómetros de lado nenhum, no que parece um edifício abandonado estão umas quantas senhoras de profissão duvidosa a olhar para o Velopata enquanto este segue a sua pedalada.
Bem, verdade seja dita, o Velopata não ficou com muitas dúvidas quanto à profissão delas mas é como se diz para não ferir susceptibilidades.
Uma placa na estrada que refere o campus universitário de Évora e o pólo dos mitras.
Pólo dos mitras?
Há uma universidade própria para mitras?
Em Évora?
Com isto tudo já estão os 216,5 quilómetros feitos até Évora. 29,03 quilómetros por hora de média.

“Nada mau. ´Tás uma máquina! Vamos lá ver agora no regresso” – pensa um Velopata confiante.
Uma pastelaria com uma esplanada porreira e carrega-se nas sandes de queijo e um gigantesco pão de leite com queijo. Vai mais uma queijada. Café duplo. Bidons cheios e o Velopata despede-se da simpática dona da pastelaria que achou que era maluco ao ter vindo de Faro até ali.
“Faro no Alentejo?” – perguntou ela.
“Não, não. Faro no Algarve mesmo. Nem sabia que existia um Faro no Alentejo.” – o cérebro dela fez click-clack qual Windows 97.
“Existe sim e é aqui perto. Mas você vai mesmo voltar para Faro ainda hoje? Mas já vai chegar de noite!”
“Eu tenho luzes.”
“Ah mas eu tinha medo mesmo”.
Temos todos minha senhora, temos todos.
Ainda antes de sair o Velopata consigue perceber que a senhora espalha pelos restantes clientes da esplanada a aventura em que o Velopata se meteu. Incrédulos os clientes olham para o Velopata que se sente um burro a olhar para um palácio – só que ao contrário.
O regresso fez-se pelo mesmo caminho. Vento lateral e cimento rugoso até Alcáçovas. Pelo meio nem sinal das senhoras da profissão duvidosa – ou o dia acabou ou estavam a trabalhar.
Torrão. Que de açúcar não tem nada. O terror do pavê novamente. Gps, luzes e cantis quase saltam da Estrela Vermelha. Pausa para verificar a “integridade” e siga que se faz tarde.
Mais uns quantos quilómetros e de novo o café em Odivelas.
O salame!
Toca de fazer mais uma pausa e carregar no salame. E mais café. E um cigarrito.
Antes de passar novamente por Ferreira do Alentejo o Velopata repara na placa que tem o nome da que dizem ser das bebés mais lindas já nascidas no universo. E que até é parecida com o Velopata em pequeno. Tal qual tio babado pausa para a foto.

Chuva de mosquitos.
Alguém já sentiu na pele?
Por momentos pareceu que ia começar a chover e estava a barraca armada pois para isso o Velopata não estava preparado.
Aquilo ainda levou uns segundos até o Velopata perceber… Chuva de mosquitos proveniente de uma barragem e adjacentes lagoas ali perto. Teve de se fechar a boca, respirar pelo nariz com muito cuidado e baixar a cabeça.
Paragem na bomba de Aljustrel para mais um café. Quando o Velopata se revê ao espelho da casa de banho até se assusta – mosquitos mortos em monte na barba – para o leitor perceber que não é exagero dramatúrgico. Uma simpática palavra de apreço à funcionária desta bomba de gasolina. Uma simpatia onde o Velopata pode dar vários dedos de conversa enquanto carregava novamente no café e fumava um dos 5 cigarros que ela tão gentilmente ofereceu para o resto da viagem.
Regresso e mais uma paragem desta vez em Castro Verde onde o Velopata é brindado pelo funcionário da bomba de gasolina com;
“Você outra vez? Mas anda perdido?”.

Mais uma cafézada, aproveita-se para carregar as luzes com a bateria portátil e novamente mais uns dedos de conversa com o simpático moço da bomba.
Sem stress até Almodôvar onde se pára para fazer ponto de situação à Srª Velopata e ao Rei do Barranco – o Velopata sabe que se algo correr mal dúvidas há que a Srª Velopata consiga chegar antes deste amigo.

Duas notas rápidas sobre pedalar à noite no campo. Os ocasionais chocalhos das vacas assustam no meio do escuro. O poeta claramente não pedalava senão teria escrito “…é cão que ladra sem se ver”. Isso sim acagaça.
Ao chegar ao Ameixial, a quase 50 quilómetros de casa a larica e o frio apertam.
Pausa para comer mas o dinheiro contado já é pouco. No café perguntam o que anda ali um ciclista maluco a fazer às 11 da noite. O Velopata apresenta o seu caso.
E aqui o Velopata tem de deixar um agradecimento especial à dona do café. Ofereceu pacotes de batatas fritas e 2 bolos de amêndoa que souberam a seitan com cogumelos e natas. Por momentos a fé na humanidade foi restaurada. Só até à próxima razia de um enlatado que não haveria de demorar a acontecer já perto de Faro.
Deixou-se o Ameixial para trás com energias renovadas para os últimos quilómetros quando o Velopata se apercebe que na última descida para o Barranco do Velho, John Carpenter tinha tomado conta das operações.
Um nevoeiro (pelo menos aqui não havia piratas assassinos), que forçou a fazer esta descida a 10 quilómetros por hora. Para perceber a diferença, normalmente dá para fazer a 50 quilómetros por hora.
A juntar ao frio a humidade deixou o Velopata encharcado.
Só já bem perto do Alportel é que o nevoeiro dissipou e se carregou no acelerador até casa.
01:20 da manhã. O Velopata chegava a casa.
Um total de 434 quilómetros percorridos em 15 horas e 3 minutos. 4362 metros de acumulado em subidas. Média final de 28,9 quilómetros por hora.
Se hoje me doem as pernas. Sim, mas não muito. O que dói mais mesmo é o céu da boca. Com o frio, ao chegar a casa o Velopata fechou-se na cozinha com a deliciosa sopa de feijão da sogra que aqueceu demais. Comeu com tanta sofreguidão que queimou o céu da boca.
Mas valeu a pena.
Que belo dia (e noite).
Abraços velocipédicos,
Velopata
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