A notícia caíu como uma bomba no meio velocipédico. A ícone marca de bicicletas Pinarello, desejada tanto por profissionais como amadores, a créme de la créme velocipédica, acabou de ser comprada pela… Louis Vuitton.
Sim caro leitor, leu bem, a Louis Vuitton. Aquela marca que produz malas, pochettes e afins.
Como vem sendo habitual a união das duas marcas foi oficializada com uma festa de apresentação aos jornalistas em geral e ao público em particular. Claro está, como alta entidade que é, o Velopata foi um dos convidados de destaque, sendo um dos poucos afortunados que se pode sentar e conversar com estes dois marcos dos seus respetivos ofícios; o Senhor Fausto Pinarello e o coiso Louis Vuitton.
Velopata: Antes de mais deixem-me dizer que é um prazer estar perante duas lendas nas vossas áreas como vocês.
Fausto Pinarello: Obrigado, o prazer é nosso ó iminência velopatóide.
Louis Vuitton: Desculpe mas eu não sou o Louis Vuitton. Sou só um gajo que representa o grupo económico multinacional sem escrúpulos que adquiriu a totalidade da empresa que produz bicicletas. Nem sei bem quem é esse tal de Louis Vuitton de que tanto se fala.
VP: Ah….ok. Bem, a primeira pergunta claro está é o porquê desta união.
FP: Sabe, a nossa marca tem um historial de mais de 50 anos de experiência em produção de quadros de bicicleta. Começámos no tempo em que as rodas ainda eram quadradas e desde então temo-nos tornado sinónimo de excelência e qualidade. Claro está que esses padrões comportam determinados custos que fizemos sempre questão de respeitar, salvaguardando assim o brilhante desempenho dos nossos produtos.
Gajo que representa o grupo económico multinacional: O que ele disse.
VP: Quer então dizer que estavam à rasca de guito.
FP: O cliente tem de perceber que quando se senta numa Pinarello está montado numa peça tecnológicamente mais desenvolvida que as ofertas da concorrência. E carregada de história. Claro que isso tem um preço.
GRGEM: O que ele disse, mas aplicado a malas, pochettes e afins.
VP: É por essa razão que as vossas bicicletas são um balúrdio.
FP: O ciclista que procura uma Pinarello tem necessidades específicas, procura uma vantagem competitiva perante os restantes atletas.
GRGEM: Assim como as nossas malas, pochettes e afins. Quem as procura tem necessidades específicas. Principalmente de ego.
VP: Isso é realmente muito bonito mas a minoria que o Velopata conhece que possui máquinas vossas não pedala um cú. É mesmo só para o status.
FP: Evidentemente que o status fornecido por uma Pinarello não pode ser comparado ao de uma Specialized, por exemplo. Não é à toa que a bordo de uma Pinarello aquele gajo da pedalada esquizofrénica, o Froomster, já venceu 3 Tours.
VP: Quando fala da Specialized em relação ao status, considera a Specialized inferior, correto?
FP: Mas você tem dúvidas?
VP: Não, não… E a BH?
FP: Nem me fale disso, o meu sonho de criança é ter uma BH.
VP: Bem me parecia.
GRGEM: Specialized? BH? O que é isso que vocês estão a falar?
VP: Mas voltando à vaca fria que é o motivo desta união. Aqui entre nós; o negócio não ia bem Sôr Fausto?
FP: O negócio ia de vento em popa. Só em 2016 apresentámos registos de vendas e lucros históricos, para ter uma ideia, só no continente europeu vendemos mais de 5 bicicletas. Daí termos chamado a atenção de grupos investidores face ao estonteante lucro obtido.
VP: 5 bicicletas? Parece-me…vá, pouco.
FP: Sabe, a nossa marca é um pouco como as lojas de roupa da elite que estão sempre vazias nos centros comerciais. Basta-lhes vender uma só luva, seja a direita ou a esquerda, e o lucro dessa venda já cobre as despesas da loja durante 2 anos. Na Pinarello o esquema é semelhante; basta vendermos 3 ou 4 parafusos em carbono, 100% carbono, daquele que é mesmo carbono e aero carbono que já fica pago 1 ano do aluguer da fábrica na Birmânia.
VP: Birmânia? Tinha ideia que as vossas bicicletas eram produzidas por artesões italianos.
GRGEM: Diz bem… Eram. Com o novo rumo que a empresa vai seguir, as nossas fábricas já se deslocaram para a Birmânia.
VP: Não têm receio que a qualidade dos vossos produtos diminua? Ainda por cima com toda a polémica que existe com as réplicas de quadros oriundos da China?
GRGEM: Acha que as malas, pochettes e afins da Louis Vuitton são feitas onde? Nas mesmas fábricas onde se costuram as malas, pochettes e afins da Zara, Primarck e as que são vendidas por aquele cigano que ocupa a tenda situada perto da roulotte dos churros na Feria de Santa Iria em Faro.
FP: A qualidade e segurança dos nossos produtos foi e sempre será uma das prioridades da Pinarello. Por isso insisti com o grupo económico multinacional sem escrúpulos que as nossas fábricas deveriam manter-se em Itália. No entanto, com este negócio perdi o controlo total da empresa e quem manda agora são “eles”.
GRGEM: “Eles” fizeram a matemática e não faria sentido que as fábricas se mantivessem na Itália. Ainda equacionámos a China mas a verdade é que os birmaneses são muito melhores em maneiras de cozinhar arroz, são maioritariamente budistas para além de bons no kickboxing. Contra estes factos não há argumentos.
VP: Em Itália.
GRGEM: Desculpe?
VP: Você disse “na Itália”, mas é “em Itália” que se diz.
GRGEM: Ah sim. Sabe, é que eu não sou dessa área, sou formado em economia.
VP: Uhm… Ainda assim parece-me é que se mudaram para a Birmânia devido ao custo da mão de obra que é abaixo da tuta e meia.
GRGEM: Isso é o que você pensa. A verdade é que os birmaneses só querem é fazer yogas, pilates e comer tofu. Por isso gastámos muito dinheiro em capatazes, para os motivar a trabalhar à base da bordoada.
VP: E já agora, quando dizem “eles”, de quem estão a falar?
GRGEM: Os verdadeiros donos do grande grupo económico multinacional que o público nunca chega a saber quem são. “Eles” preferem assim; torna-se mais fácil fazer como os jogadores de futebol em Espanha e fugir aos impostos utilizando offshores. Eu, afinal de contas, sou só mais um mísero fantoche.
FP: O que ele disse.
VP: Bem, resta uma questão. Que futuro está reservado à renovada Pinarello?
FP: Isso agora é com “eles”. Eu, como já referi, não mando nada. Posso amandar uns bitaites nas reuniões anuais mas eles dizem que a minha época já passou, que já estou velho e não percebo nada de negócios. Até me propuseram um lugar na fábrica na Birmânia a colocar parafusos daqueles de carbono, 100% carbono, daquele que é mesmo só carbono e aero carbono nos avanços das bicicletas, que me sinto tentado a aceitar.
GRGEM: Primáriamente vamos inaugurar lojas em todos os centros comerciais do planeta onde, para além das nossas malas, pochettes e afins, vamos vender bicicletas. Numa segunda fase vamos criar packs onde os tios e tias podem comprar uma pochette super glamourosa e de oferta recebem uma Pinarello F8. Vamos também criar uma linha mais acessível ao público, com bicicletas mais apetecíveis; estamos a falar de valores próximos dos 12000 euros, para além de linhas com design mais arrojado. Temos já estabelecidos acordos com variados designers de moda, que para além de desenharem novos quadros, pinturas, equipamentos e outro vestuário velocipédico, vão também lançar a Pinarello em todas as passerelles. Posso desde já adiantar que o tema do próximo ano do Moda Lisboa será o ciclismo.
VP: Moda Lisboa?
GRGEM: Sim, é o modo mais barato de publicitar os nossos equipamentos pois podemos poupar nos manequins e usar os ciclistas das equipas com as quais temos contrato.
VP: Não acha que os designers de moda vão perder alguma reputação com desfiles com ciclistas?
GRGEM: Claro que não. Ninguém vai notar a diferença uma vez que ciclistas e manequins parecem todos somalis mal nutridos.
Claro está que uma reportagem deste calibre não ficaria completa sem a respetiva reportagem fotográfica. Abaixo e em primeira mão o Velopata apresenta os novos modelos da Pinarello para 2017.






O Velopata aguarda ansioso pelo dia em que estas máquinas fiquem disponíveis ao grande público.
Um facto importante; à hora da publicação deste artigo, o Sôr Fausto Pinarello foi visto a entrar no Bike Lounge Café, em Faro, para finalmente comprar a sua bicicleta de sonho com o dinheiro que recebeu “deles”. Uma BH Prisma.
Abraços velocipédicos,
Velopata
“… e o coiso Louis Vitton” ahahahahhahahahaha Lolada nuclear atomica
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